Sinopse
Quando
Raphaël (François Civil) conheceu Olívia (Joséphine Japy) no secundário, foi
amor à primeira vista. Após 10 anos de casamento feliz e uma carreira próspera
como autor de best-sellers, Raphaël tem tudo – ou pelo menos assim o pensa.
Após
uma enorme discussão entre o casal, Raphael acorda numa vida paralela onde é
solteiro, jogador de pingue-pongue e professor do ensino secundário, com uma
vida pouco interessante e demasiado colada à do seu melhor amigo de infância.
Percebendo que Olívia era
tudo para si, Raphael terá de fazer o impossível para reconquistar o amor de
sua vida – que neste mundo não faz a mínima ideia de quem ele é.
Opinião
por Artur Neves
Este filme combina comédia romântica
com ficção científica na qualidade de realidade paralela que na minha opinião “não
bate a bota com a perdigota”. Comédia romântica é o género normal de filmes com
adolescentes embevecidos com a descoberta do amor e das suas revelações no
contexto que valem por si próprias. Realidade paralela é um tema ainda com
conceção abstrata no âmbito da teoria de Einstein que tem pouco a ver com
romantismo, exceto para Hugo Gélin, o realizador francês nascido em Paris em
1980, que nos apresenta a história resumida na sinopse.
Quem está familiarizado com
comédias românticas, e reconheço com todo o respeito que existe um público
dedicado ao género, é fácil aceitar que os produtos saídos de Hollywood são
mais emocionantes do que os europeus, muito particularmente os de origem
francesa, normalmente com histórias mais rebuscadas do que os primeiros. Todavia
neste caso, Hugo Gélin consegue “tricotar” com assinalável desenvoltura um caso
de amor à primeira vista entre dois personagens; Raphaël e Olívia que nos
transmitem toda a simplicidade, a beleza do primeiro amor vivido intensamente e
para a vida, consumado no casamento perfeito.
Porém, como a vida não é
perfeita contagia o amor da sua imperfeição com os objetivos para atingir, os
compromissos profissionais, as contas para pagar, as diferenças individuais que
inevitavelmente agudizam a relação e o afastamento surge, como aconteceu com os
nossos amantes perfeitos. Isto é normal, humano, real, está a acontecer a
alguém ou já nos aconteceu a nós próprios na nossa realidade pessoal. É reconhecível
a todos os níveis.
No limite as pessoas
separam-se, vão cada uma para seu lado mantendo ou não o contacto entre si, é
opcional. Em muitos casos começa aqui a saga da reconstrução, do reencontro e
nas comédias românticas como já sabemos que os dois acabarão juntos o mais
interessante é saber como foi, como superaram as suas diferenças, como cederam
mutuamente nas suas premissas iniciais, donde normalmente resultam boas
histórias de vida.
Mas Hugo Gélin meteu a “bucha”
da realidade paralela, ele passou a viver noutro mundo (que se existisse alguns
já teriam passado para lá porque este já vai ficando saturado) ela deixou de o
reconhecer mesmo olhando para ele e falando-lhe, ele deixou de fazer o que
fazia e infantilizou-se, esqueceu-se de si e caiu numa vida que já não era a
sua (curiosamente, não esqueceu Olívia nem o amigo do peito Félix - Benjamin
Lavernhe) e procura recuperar a sua amada noutro dia de nevão igual ao dia em
que a perdeu. Lindo!...
Consegue isso reescrevendo todo
o romance em que no final, (teria bastado reescrever somente o final… não?...) mata
a sua companheira, avatar de Olívia, que deu origem a esta trapalhada.
Uma boa comédia romântica deve
contar uma bela história de amor, creio que o leitor concorda comigo, e esta
até tem um grande amor, comédia, alguma surpresa e é bem disposta, mas a “bucha”
da realidade paralela, neste contexto, dá me volta ao estômago. Uma pena!...
Classificação: 5 numa escala
de 10