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9 de abril de 2015

Opinião - Cleo - Helen Brown


Título: Cleo
Autora: Helen Brown 
Editora: Caderno 

Sinopse: 
Helen estava na casa de uma amiga quando recebeu a notícia: Sam tinha acabado de morrer. Ainda pensou que Sam fosse um familiar qualquer distante, mas não, era mesmo o seu Sam, o seu filho mais velho: morreu atropelado, à frente do irmão mais novo.
O mundo de Helen começou a ruir. Noites sem dormir, pensamentos suicidas, uma depressão profunda. Enquanto, à sua volta, a família se deixava levar pelo desespero, pelas discussões, pela tristeza infinita de perder um ente querido. Até que um dia bateram à porta. Era uma vizinha, trazia no colo um gato ainda bebé.
Helen já nem se lembrava. Um mês antes tinha ido com os filhos ver uma ninhada, e prometera a Sam que lhe daria um dos gatinhos. E ali estava ele, uma impertinente bola de pêlo preto. O seu primeiro impulso foi rejeitar de imediato aquele pequeno intruso. Mas então viu Rob, o seu outro filho, a acariciar o bichano. E pela primeira vez em muito tempo, viu-o sorrir… Cleo tinha chegado a casa. E aos poucos começaria a devolver àquela família a alegria de viver. 

Opinião Liliana Andreia Carvalho: 
Este é um daqueles livros que li e fiquei dias depois sem conseguir envolver-me noutro livro.
Desisti de uns 4 ou 5 até conseguir. O que faço nestes casos é afastar-me dos livros um pouco e ver filmes que me distraiam muito e me consigam fazer sair deste "torpor".
Que podemos nós escrever de livros que nos deixam assim?
Senti-me muito chegada à autora com quem me identifiquei em personalidade e pensamentos, tanto irónicos como filosóficos.
Senti no meu intimo as suas alegrias, as suas tristezas, os seus medos, as suas frustrações, o seu amor, o seu ódio...
Escreveu coisas ao longo do livro que me puseram a pensar muito. Absorveu-me com tal intensidade, que quando acabei de ler o livro até me senti perdida, como se tivesse sido arrancada de algo. Já estava tão habituada à companhia deste livro. Durante dias na minha rotina, quando apanhava o autocarro ou nos intervalos, no caminho para casa, quando pegava sempre para ler continuei a fazê-lo depois de acabar a história, esquecendo-me completamente que já o tinha lido. E quando procurava o marcador da página para ver onde ia e me lembrava que já o tinha acabado vinha sempre aquela sensação de perda... Apesar de ser uma história verídica e com acontecimentos trágicos, houve partes do livro em que a força e bom humor da autora me arrancaram boas gargalhadas.
Li este livro sofregamente. Sempre que tinha de parar de ler até me custava.
Começou de forma excelente e acabou de forma excelente. Está soberbamente bem escrito e muito bem traduzido, sem dúvida um dos livros da minha vida.

10 de maio de 2014

Opinião - A Gárgula

Título: A Gárgula
Autor: Andrew Davidson
Editora: Caderno

Sinopse:
O belo e atormentado narrador de A Gargula conduz numa estrada sinuosa quando é ofuscado pelo que parecia ser uma saraivada de setas. Despenha-se numa ravina e acorda numa unidade de queimados, sofrendo as torturas dos condenados. É agora um monstro. A sua vida acabou.Mas está apenas a começar: um dia, Marianne Engel, uma encantadora e indomável escultora de gárgulas, entra no seu quarto e revela-lhe que foram amantes na Alemanha medieval: ele, um mercenário que sofrera terríveis queimaduras; ela, uma freira escriba no famoso mosteiro de Engelthal, onde lhe prestara cuidados de enfermagem. À medida que se desenrola a sua história, qual Scherazade, e relata outras histórias igualmente fantásticas de amor imortal no Japão, Islândia, Itália e Inglaterra, o narrador é devolvido à vida e, por fim, ao amor. A Gargula é um romance extraordinário que levará o leitor numa metamórfica e original viagem. Fá-lo-á acreditar no amor, em milagres e na rendição. O mais extraordinário romance de estreia da última década: uma fascinante história de amor sobre o poder libertador do sofrimento, que transcende os limites do nosso tempo e espaço.

Opinião por Maria Costa:
E agora? O que posso dizer de um livro que tanto “mexeu comigo” e com as minhas emoções? Talvez começar pelo início ou melhor pela minha relação inicial com este livro. Confesso que foi uma relação estranha de amor/ódio, atracção/repulsa! Nunca tinha ouvido falar dele nem do seu autor. Posteriormente fiz alguma pesquisa e soube que era o seu primeiro livro, que levou 7 anos a ser escrito e que foi um sucesso de vendas no seu país de origem, o Canadá. Nada disto teve porém interferência ou influência na minha opinião sobre o mesmo.

Como dizia, foi uma relação estranha de início, Vi o livro pela primeira vez na mão do meu irmão e parecia exercer sobre mim uma estranha atracção… mas quando olhava a capa e a sinopse, pensava: Nah! Isto não é para mim… A capa exibe um corpo tatuado e é em tons de fogo. Não gosto de tatuagens e tenho um pavor doentio do fogo! O primeiro parágrafo da sinopse também não me atraía: o fogo, novamente! O título também não me agradava. Não gosto de gárgulas, pronto! E voltava a pousá-lo sem me dar ao trabalho de continuar sequer a ler a sinopse. Mas o maldito do livro parecia atravessar-se sempre no meu caminho e isto aconteceu por diversas vezes.

Finalmente o meu irmão acabou de o ler. Estranhei que o tivesse feito em menos de uma semana, porque, não é um leitor compulsivo como eu e normalmente demora o seu tempo a ler um livro, mas desta vez tinha “devorado” o dito! Quando lhe perguntei o que tinha achado disse-me que tinha gostado bastante e vi que esse “ter gostado” era genuíno. Por muito que lhe perguntasse sobre o que tratava nunca me disse. Disse-me para o ler! Diabo! Que se passará com o livro? Comecei a ficar curiosa e resolvi dar-lhe uma oportunidade senão ficar-me-ia atravessado em qualquer lugar da mente para o resto da vida! Voltei a ler uma vez mais a sinopse e desta vez passei ao segundo parágrafo. Vidas passadas, reencarnação… hum! Isto já me parece interessante!

É uma introdução extensa, mas é importante para se possa perceber melhor a minha opinião sobre este livro.

Comecei a ler, mas sem muita esperança de que conseguisse chegar ao fim. E a verdade é que as primeiras páginas quase me fizeram desistir. Felizmente sou teimosa como uma mula e aguentei o suplício e… valeu a pena, todo e cada segundo que passei a lê-lo. Não é uma leitura fácil, é um livro estranho, mas aquele tipo de estranheza do género: primeiro estranha-se, depois entranha-se! E foi exactamente isso que aconteceu comigo.

As primeiras páginas são difíceis. É escrito na primeira pessoa e o narrador começa por nos descrever o que lhe vai acontecendo, começando pelo acidente no qual sob o efeito do álcool e de drogas que lhe provocam alucinações, se despenha terminando no fundo de uma ravina preso dentro de um carro em chamas. E foi aqui que precisei de muita força para continuar, porque descreve de forma exaustiva e demasiado minuciosa cada momento do acidente, cada detalhe, cada labareda que invade o seu corpo, cada sensação, cada dor sentida… e prossegue com a descrição igualmente exaustiva e pormenorizada de todo o procedimento médico a que foi sujeito na ala de queimados do hospital para onde foi levado. Ao mesmo tempo, vai-nos revelando um pouco da sua vida antes do acidente e começamos a entendê-lo melhor, a entender todo o seu desapego à vida e todos os seus sentimentos (e ressentimentos) em relação ao seu corpo agora completamente destruído. Começa o seu inferno pessoal! Vai fazendo a sua narração de forma irónica e cínica, aliás da forma como sempre viveu, não deixando contudo de por vezes ser quase poética! Como disse estas primeiras páginas são difíceis e é preciso alguma força de vontade para as ultrapassar, mas depois… depois só pensava que não queria que o livro chegasse ao fim! Queria poder saborear mais e mais de algo que começava a parecer-me verdadeiramente arrebatador!

E quando Marianne Engel (apresentada sempre com o nome completo), a escultora de gárgulas, entra na unidade de queimados a leitura torna-se uma autêntica montanha russa: Põe-nos a cabeça a andar à roda, mas não queremos parar! Marianne, do nada diz-lhe que tinham sido amantes na Alemanha medieval e que nessa altura ele tinha também sido severamente queimado e ela tinha sido a sua enfermeira. E aqui começa a verdadeira aventura, com Marianne, qual Scherazade a contar-lhe a história das suas vidas passadas, misturando-as com outras histórias (todas de amor e sacrifício) que nos agarram pela mão e nos levam a lugares como a Alemanha medieval, ao Japão (a história da japonesa Sei), à Islândia (a história do viking Singuror), à Itália (a história de Francesco e de Graziana), a Inglaterra (a história de Vicki) ao mesmo tempo que vamos acompanhando a sua recuperação física. Este livro é também isso: muitas histórias dentro de uma história!

As histórias de Marianne Engel são contadas de tal forma, que se tornam arrebatadoras e que tornam quase impossível pousar o livro. Consegue levar-nos para dentro delas a tal ponto que quando terminam parece que o ar nos foi sugado e sentimos o coração a bater tão desordenadamente que nos parece que acabámos realmente de chegar de uma viagem fantástica! Não encontro palavras para descrever as sensações que se têm durante estas histórias. Só sentindo-as se compreendem!

E com estas histórias Marianne vai devolvendo ao nosso herói (ou anti-herói) aos poucos a vida! Não sem que por vezes ele consiga arrastar-nos até às profundezas do Inferno (não é por acaso que são feitas inúmeras referências ao Inferno de Dante). Mas aos poucos é devolvido à vida e ao amor! É preciso por vezes atravessar o Inferno para que se possa ter um vislumbre do Paraíso!

Para além do narrador e da “nossa” Scherazade conhecemos outras personagens que de uma forma ou outra são importantes para o narrador, e todas elas parecem saltar das páginas para nos arrastarem de seguida para dentro delas e de repente é realmente como se estivéssemos lá, com elas!

O livro envolve-nos emocionalmente embora nem sempre da melhor forma ou a mais suave, mas é acima de tudo uma história de segundas oportunidades, de redenção, de amizade e de amor.

Gostei muito da escrita. É um dos livros mais bem escritos e mais bem conseguidos que li nos últimos tempos. Os sete anos que levaram a sua criação, valeram a pena. É um daqueles livros que permanece em nós mesmo muito tempo depois de terminado e que torna difícil a escolha do próximo a ler.

Depois de tanto escrever continuo a achar que não há palavras suficientes e que todas as que consegui escrever não conseguem descrever a sensação que se tem ao ler o livro, por isso digo apenas mais isto: Só quando lerem vão conseguir entender tudo o que quis dizer. É definitivamente um livro que recomendo

2 de fevereiro de 2011

Opinão - Alex e Eu


Título: Alex e Eu
Autor: Irene M. Pepperberg
Editora: Caderno

Sinopse:
Quando Alex morreu, aos 31 anos, a notícia correu mundo, relatada pelas rádios e televisões, evocada em obituários de publicações tão prestigiadas como a Economist ou o New York Times.
Alex, afinal, era um papagaio muito especial. Falava como gente grande, mais de 150 palavras, conhecia números, cores, formas, pensava pela sua própria cabeça, até fazia contas de somar. Tinha aprendido tudo isso com Irene Pepperberg, uma cientista brilhante que passou trinta anos ao seu lado, a ensiná-lo, a estudar-lhe cada gesto, a registar cada novo progresso.
Em Alex e Eu, Irene conta a história que nunca apareceu nos jornais. Fala da sua relação afectiva com um papagaio extraordinário, recorda um quotidiano feito de saudades, de birras, de momentos de ternura ou de ataques de ciúmes. E do modo como, todas as noites, antes de se deitar, ela perguntava ao seu amigo: "Estarás cá amanhã?" Ao que ele respondia, fielmente: "Sim, amanhã estarei aqui. Porta-te bem. Gosto muito de ti."

Opinião por Bruno Oliveira:
O papagaio cinzento africano chamado Alex causou um forte impacto por todo mundo ao provar que não tinha um “cérebro de passarinho”. Dantes, diziam que os papagaios se limitavam apenas a imitar os sons, sem saberem os seus significados. Face a este facto, Alex veio comprovar o contrário, graças ao trabalho de investigação desenvolvido pela Irene M. Pepperberg. Alex aprendeu: cores, formas, números, igual/diferente, maior/menor, etc.

A primeira parte do livro é sobre a vida da Irene, o seu amor por papagaios desde os quatro anos de idade, a conclusão da sua licenciatura em Química, até à descoberta da vocação pelas Ciências. A segunda parte é sobre o seu projecto de investigação que envolve o papagaio Alex. Está explicado como foram aplicadas as estratégias para o ensinar a identificar as cores e outros conceitos. Também fala das dificuldades financeiras obtidas para a execução do seu projecto.

Gostei muito de conhecer Alex que me tocou de certa forma pela sua personalidade, inteligência e humor. E achei interessante o desenrolar da investigação. Mas o livro faltou-me algo. É mais científico do que caseiro. Alex era o papagaio de investigação e não o animal de estimação da Irene M. Pepperberg.