Sinopse
Sam Mendes,
o realizador vencedor de um Óscar® de 007: Skyfall, 007 Spectre, Revolutionary
Road e Beleza Americana, traz a sua visão singular a este épico sobre a
Primeira Guerra Mundial, 1917.
No auge da
Primeira Guerra Mundial, dois jovens soldados britânicos, Schofield (George
MacKay, Capitão Fantástico) e Blake (Dean-Charles Chapman, A Guerra dos
Tronos), recebem uma missão aparentemente impossível. Numa corrida contra o
tempo, têm de atravessar território inimigo e entregar uma mensagem que
impedirá um ataque letal contra centenas de soldados, entre eles o irmão de
Blake.
1917 é realizado por Sam Mendes, que escreveu o
argumento com Krysty Wilson-Cairns (Penny Dreadful, da Showtime). O filme é
produzido por Mendes e Pippa Harris (Revolutionary Road, Um Lugar para Viver)
para a sua produtora Neal Street Productions, e por Jayne-Ann Tenggren
(produtora associada, 007 Spectre), Callum McDougall (produtor executivo, O
Regresso de Mary Poppins, 007: Skyfall) e Brian Oliver (Rocketman, Cisne
Negro).
Opinião
por Artur Neves
Literalmente e de acordo com
o resumo reportado na sinopse, esta história trata-se de; “Levar a carta a
Garcia”. Esta frase está ligada à guerra entre os Estados Unidos e Espanha por
causa da renhida disputa sobre domínio da ilha de Cuba, em que o presidente
norte-americano Wiliam Mckinley encomendou a um dos seus subordinados a tarefa
de entregar uma carta ao comandante rebelde das forças de guerrilha, Garcia de
seu nome, o que motivou ao militar ter de percorrer, montes, vales, selvas e
praias para cumprir a empresa que o seu presidente lhe incumbiu. E é disto que
trata este filme!...
Não se pense todavia, que
por isso é um filme menor, não, longe disso. É uma história impressionante
baseada num relato do avô do realizador, Alfred Mendes que participou na 1ª
guerra mundial, sobre um aviso de emboscada às tropas inglesas, pelas tropas
alemãs em retirada para a Linha Hindenburg, durante a operação Alberich, em
Abril de 1917, em solo Francês.
Todo o filme reconstrói com
bastante minúcia o ambiente vivido nesse conflito mundial de uma forma crua e
realista através da magnífica fotografia de Roger Deakins que carateriza aquela
paisagem árida, cheia de morte e desolação, com todos os tons possíveis de
marron para nos fazer sentir o generalizado ambiente de abandono e morte, tanto
na visão de uma guerra sombria e macabra, como na parte final, desesperada e
alucinatória.
Inicialmente temos a
caminhada sobre terra de ninguém, pelas trincheiras abandonadas e armadilhadas
que iam custando a vida a Schofield. As casas abandonadas ao longo do caminho
geradoras de medo pelo desconhecido, causando um horror casual e cuidados na
sua progressão. A morte de Blake, quando este tentava socorrer um piloto de um
avião alemão abatido, em que este lhe “paga” a ajuda com uma facada no ventre. É
o horror da guerra e da desumanidade mostrando-nos que sempre que existam dois
seres humanos geram-se diferendos.
Posteriormente o ambiente
muda para uma neblina laranja, depois do encontro com uma aldeia em ruínas, um
ferido alemão entrincheirado nas ruínas duma casa que dispara sobre Schofield e
uma mulher que recolheu uma criança abandonada, embora sem meios para a
alimentar, limpa-lhe as feridas. A fuga da aldeia, sob uma iluminação projetada
de cima para baixo gerando sombras móveis das ruínas das casas destruídas assemelha-se
a uma perseguição demoníaca. Não há qualquer lugar seguro, até as sombras são
fugazes, não conferem qualquer proteção. Sam Mendes apresenta aqui uma realização
técnica impressionante e um ambiente de holocausto muito bem conseguido,
capturando todo o cenário assustador dos filmes de guerra.
Mais uma vez temos um filme
que ilustra a futilidade da guerra, mas a guerra está na mente dos homens, faz
parte da sua natureza e não são os 22 milhões que pereceram neste conflito que
muda alguma coisa, ou sequer altera essa condição e com tal é útil ser
lembrada, revisitada, com a proximidade deste filme que nos apresenta a
banalidade dos seus objetivos.
Só que, Sam Mendes está a
contar uma história do seu avô e conta-a de uma forma escorreita, direta,
linear. Não á cortes da linha ficcional nem narrativas paralelas. É contada
como se fossem criadas imagens ao sabor das palavras do narrador. É o que eu
chamo; um filme para olhar. Quando acaba a história (quando a carta é entregue a
Garcia) tudo se acaba. O próprio Schofield, consciente do dever cumprido
senta-se junto de uma árvore nua a contemplar as fotos de família. Se não se registar
algo na memória nada fica. É pouco para um globo de ouro, embora seja um filme
de guerra de alta qualidade técnica.
Classificação: 8 numa escala
de 10
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