Sinopse
Ivan (Theo James), um ladrão de arte bem-sucedido,
herda a vida de crime do pai, mas ao contrário de muitos ladrões, Ivan adora
tanto a arte como a arte de roubar. Anseia por se livrar do mundo do crime, mas
está de tal maneira envolvido nele que pode nunca conseguir sair. Até que
conhece Elyse (Emily Ratajkowski), uma atriz e vigarista que tenta fugir ao seu
próprio passado caótico. Juntos, vão realizar o derradeiro golpe, que não vai
deixá-los ricos, mas sim libertá-los.
Opinião
por Artur Neves
“Ladrões com Arte” é um
filme espirituoso, agradável de ver, com graça subtil em algumas cenas, muito por
causa do carisma do seu personagem principal Ivan (Theo James), que desenvolve
uma boa química com Elyse (Emily Ratajkowski), depois de acidentalmente se
conhecerem numa festa em que qualquer dos dois não engana o outro sobre os seus
verdadeiros objetivos e os leva a brincar entre si duma maneira elegante e
cúmplice.
O filme começa com a citação
de um provérbio curioso que não resisto em reproduzir; “Quando um ladrão te
beijar, conta os dentes” que encerra em si todo o argumento. Isto é, mesmo para
aqueles em quem confias não deixes de estar atento ao próximo movimento, pois
pode não corresponder ao esperado. É assim que se desenrola toda a dinâmica
entre Ivan e Elyse num meio em que ambos tentam sobreviver com os seus próprios
recursos mesmo que não sejam os mais honestos.
O realizador americano Matt
Aselton, que também escreveu o argumento em conjunto com Adam Nagata mostra-nos
uma ficção de um ladrão experiente e inteligente, que usa meios técnicos
sofisticados para subtrair aos ultra ricos obras de arte valiosas, cobiçadas
por outros colecionadores, que encomendam os seus desejos a Dimitri (Fred Melamed)
que por sua vez usa meios de persuasão sobre Ivan para que ele os roube para
ele. O falecido pai de Ivan era um viciado em apostas e jogo e tem uma dívida não
saldada para com Dimitri que este usa para forçar Ivan a trabalhar para ele. Elyse
também tem dívidas para um produtor de cinema que a ameaça com o fim da sua
carreira se não lhe pagar. Assim a aliança entre Ivan e Elyse começa por ser baseada
numa mútua ajuda para a resolução dos problemas de ambos mas depressa passa para
outro nível como é de esperar nestas aventuras ligeiras.
O argumento é escorreito e
está bem contado sendo as cenas dos furtos suficientemente emocionantes, explicadas
com pormenor em flashback e complementadas
por uma banda sonora eletrónica, entrecortada e nervosa que confere uma certa
tensão às cenas de furto. Toda a ação é credível e desenvolve-se em ambiente
calmo sem tiros nem violência, prosseguindo ao jeito de “O Grande Mestre do
Crime” de 1968, sem a aura de Steve McQueen e Faye Dunaway bem entendido, mas
bem entregue ao ponto de constituir um filme digno.
No fundo eles roubam porque
gostam e precisam e nós gostamos de os ver roubar daquela maneira elegante e
airosa a quem não merece ser poupado a esse roubo. É também um filme que ensaia
atitudes desviantes, sem dúvida, mas simultaneamente inofensivo, inteligente,
que combina comédia ligeira com ação, drama e romance que se adivinha, com destreza
fluida em 100 minutos. Gostei e recomendo.
Classificação: 6 numa escala
de 10
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