16 de janeiro de 2020

Opinião – “Instinto Predador” de Nick Powell


Sinopse

Um navio grego transporta perigosos animais exóticos da Amazónia, incluindo um raro jaguar branco. No mesmo navio, um assassino, que estava a ser extraditado em segredo para os EUA, consegue escapar e libertar todos os animais em cativeiro, deixando os tripulantes em perigo de vida.

Opinião por Artur Neves

Nicolas Cage é um ator que teve um bom começo de carreira, lembremo-nos de; “Morrer em Las Vegas” 1995, “A Cidade dos Anjos” 1998, “O Senhor da Guerra” ou “O Homem do Tempo” em 2005, que para mim foi o último filme “decente”, tendo a partir daqui entrado numa rampa acentuadamente descendente, recheada de maior quantidade de interpretações, mas com menos qualidade, continuando neste registo até este ano de 2020 em que já se noticiam cinco trabalhos em fase de filmagens ou em pós produção. Uma tão grande proliferação de trabalho, não pode dar bom resultado e é o que acontece neste filme.
Nesta história começamos por assistir a um caçador, Frank Walsh (Nicolas Cage) sentado numa árvore duma remota selva brasileira a fumar um charuto e a ler uma revista enquanto espera que uma rara onça branca conhecida como “El Gato Fantasma” caia na armadilha por ele montada para a caçar e transportar para outras paragens onde espera ganhar bom dinheiro com a sua venda.
Ele planeia transportar os animais de barco até um Zoológico nos arredores de Madrid, ou seja o Gato Fantasma, uma família de macacos aranha, pássaros exóticos e cobras produtoras de veneno letal, transportados em jaulas a bordo de um velho cargueiro, decrépito e húmido, que também serve de prisão provisória a um assassino louco, Richard Loffler (Kevin Durand) procurado pelos USA para o julgar por crimes contra a humanidade de que ele está acusado.
A partir daqui, em que o “caldeirão” já está preenchido com os ingredientes para o “cosido à americana” é que as coisas começam a descambar. Trata-se de um filme série B, de baixo orçamento e com um realizador estreante, cuja experiência mais significativa é ter sido coordenador de duplos e em que a sua primeira e única preocupação é encontrar maneiras de provocar suspense no maior número de cenas, sem contudo que para isso, tenha preparado o ambiente e o espectador para uma esperada surpresa. Assim, as cenas saltam como pipocas aqui e ali, por todo o interior do velho cargueiro que funciona agora como um universo fechado.
O assassino liberta-se em três tempos de uma jaula que parecia inviolável, sem que nenhum dos guardas pertencente ao grupo de operações especiais, façanhudos e destemidos o possa deter, liberta todos os animais selvagens como manobra de diversão e sequestra o comandante para alterar a rota do navio e garantir a sua fuga.
Com este ato temos uma “Arca do Noé do demónio”, todos querem matar todos e Richard Loffler trata de despachar animais selvagens a cada dois minutos de filme, enquanto Frank Walsh, que só queria passar uma viagem descansada a alimentar os animais tem de entrar neste jogo de gato, rato e onça, (o mais precioso dos animais raros) para tentar salvar o seu investimento de caça.
A história inclui mais personagens, como um médico, um advogado e uma criança cujo objetivo é ser colocado em perigo para provocar impacto, os outros deixam de existir sempre que ficam fora da objetiva e não se vê uma ligação credível entre eles. Frank só fala com o seu papagaio e a ação montada por Nick Powell é tão frouxa e instável que o momento mais emocionante ocorre quando Richard Loffler decide não lutar, porque a gente não acredita!...

Classificação: 4 numa escala de 10

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