Sinopse
Um romance
improvável mas não impossível serve de arranque para esta comédia de Jonathan
Levine.
Charlotte Field (Charlize Theron), Secretária de
Estado dos Estados Unidos reencontra numa festa, Fred Flarsky (Seth Rogen), de
quem em tempos foi babysitter. Hoje jornalista, o rapaz é contratado por
Charlotte para auxiliá-la na sua campanha presidencial e antigos sentimentos
renascem entre os dois.
Opinião
por Artur Neves
No cartaz publicitário deste
filme foi incluída a frase: “Improvável mas não Impossível” como desiderato
global da história. Após o visionamento do mesmo senti um impulso para alterar
esta frase para: “Nunca Provável e totalmente Impossível”. Isto não significa
porém, que a história seja má e que o objetivo de entretenimento do filme não tenha
sido plenamente atingido, só que; o seu a seu dono, a probabilidade de ocorrência
desta história neste planeta é mais remota do que um encontro com a mais longínqua
das galáxias estrelares, embora essa hipótese teórica seja probabilisticamente
possível.
Jonathan Levine é um
realizador que já nos apresentou algumas comédias interessantes tanto como
diretor ou como argumentista e ao juntar neste projeto Charlize Theron e Seth
Rogen como atores, mas também como coprodutores, presumo que terá sido
fortemente influenciado por Seth Rogen para construir uma comédia, à semelhança
de outras já realizadas, como 50/50 (2011), que transmitam alegria e emoção à mistura
com verdades do nosso tempo que nos obriguem a refletir sobre o mundo que nos
rodeia.
Esta é pois uma comédia romântica,
com forte pendor político em que Charlotte Field (Charlize Theron) desempenha o
papel de secretária de estado de um presidente americano que nos sugere, pelos
seus maus gostos e opções, o atual inquilino da Casa Branca. Da sua
interpretação, que projeta elegância sem mácula e charme discreto temos o estereótipo
que justifica como as mulheres se devem apresentar em público, frias e
confiantes, ao mesmo tempo que se permitem de brincadeiras que sugerem Hillary
Clinton. No meio em que se movem estão lá todos representados; o magnata Rupert
Murdoch, o “namorado” pretendido por toda a “classe” Justin Trudeau, primeiro-ministro
canadiano e muitos outros.
A nota dissonante desta
oligarquia de perfeição é Flarsky (Seth Rogen), jornalista muito cotado, truculento,
desempregado por se manter fiel à sua ideologia de esquerda, que foi
acompanhado na infância por Charlotte Field, quando esta fazia babysitting e que agora ao revê-lo,
inicia um romance com ele, apesar da sua apresentação totalmente fora dos cânones.
É a fase da fábula no filme em que a “Cinderela”, linda, inteligente e poderosa,
que se move nos círculos mundiais do poder se apaixonar pelo pobre trapalhão,
embora também inteligente e útil e viver uma fantasia romântica, elevando-a a
um sonho político a que todos aderem, acreditam e generosamente votam nela para
presidente dos USA.
O final só pode ser feliz e
perfeito, muito embora deixe para traz toda a crítica anunciada, da luta de
classes e do poder sexista, mantendo todavia um registo alegre, até cómico por
vezes e comovente noutras, que merece ser visto e degustado.
Classificação: 6 numa escala
de 10