Sinopse
Baseado no
best-seller de Simon Winchester, O PROFESSOR E O LOUCO é uma extraordinária
história verídica de génio, obsessão e loucura, centrada em dois homens
extraordinários, que em 1857 conceberam o Dicionário de Inglês de Oxford, um
dos projetos mais ambiciosos e revolucionários da época
O Professor
James Murray (Mel Gibson) aceita o desafio de criar o dicionário mais
abrangente de sempre, mas sabia que necessitaria de um século para recolher
todas as definições necessárias. Contudo, através do uso de ajudas fornecidas
por pessoas de todo o mundo, a obra poderia ser acabada em meras décadas.
Durante o processo de recolha de definições, o
Professor Murray dá-se conta que um só homem tinha enviado mais de dez milhões
de definições. O comité decide honrar o trabalho desta figura, W.C. Minor (Sean
Penn), mas acaba por descobrir que ele é um veterano da Guerra de Secessão
Americana e um assassino condenado e preso num asilo para os criminosos loucos.
Opinião
por Artur Neves
Quando folheamos um
dicionário não nos detemos, nem sequer valorizamos o imenso trabalho que reside
por detrás desta obra, que consiste em recolher ordenadamente todas a palavras
possíveis num determinado idioma para conferir-lhes um significado de acordo
com os diferentes contextos em que elas possam intervir. Este filme conta pois
a história da organização dum dos mais conceituados dicionários do mundo, com
base no livro sobre o mesmo tema mas que eu tenho dúvidas sobre o interesse da
passagem para cinema desta história, conduzido por um realizador Iraniano, com
pouca experiência e inerente pouco ascendente, sobre dois atores consagrados
como Mel Gibson e Sean Penn, sobejamente conhecidos pela sua irreverencia e truculência
no seu trato normal.
Na realidade Farhad Safinia,
não chegou a concluir o filme, tendo sido substituído por outra pessoa e o seu
nome foi sumariamente apagado nas cópias que foram distribuídas em alguns
mercados. Em Portugal temos a versão “original” sem que isso represente uma
vantagem.
Não querendo repetir a
sinopse direi que a história se desenvolve em torno de dois personagens muito
diferentes, alternando as cenas entre as vidas do Professor Murray e de William
Chester Minor que desde cedo é identificado como esquizofrénico, com obsessão de
se sentir perseguido por uma das suas vítimas até ser preso numa prisão
manicómio, depois de num dos seus desvarios ter assassinado um inocente que confundiu
com o seu pseudo perseguidor.
Tratando-se de uma biografia
não é normal que somente estes dois personagens envelheçam e os outros, tais
como; a esposa e filhos do Professor Murray e a mulher e os filhos da vítima assassinada
pelo W.C. Minor se mantenham inalterados e jovens ao longo de todo o filme.
Muito embora o conhecimento
entre os dois decorra do trabalho prestado incognitamente por W. C. Minor, e esteja
de acordo com a descrição do autor do best-seller, soa pouco provável que duas
personalidades tão dissonantes tenham tido este relacionamento tão profícuo.
Por outro lado, para
conferir alguma emoção ao relato da construção de um dicionário, a história
inclui um romance de amor entre Eliza Merrett (Natalie Dormer) mulher da vítima
assassinada e W.C. Minor, que nos intervalos lúcidos da sua loucura lhe
corresponde efusivamente como expiação do remorso pelo seu precipitado crime. Já
para a esposa de Murray o argumento não sabe muito bem o que lhe fazer e destaca-a
numa defesa inusitada do trabalho do marido, em que ela não está envolvida nem
conhece em pormenor.
Todavia o desenvolvimento do
trabalho não deve ter sido tarefa fácil entre o autor, o editor, o diretor da
Universidade de Oxford e o filme retrata com suficiente qualidade a rivalidade latente
entre estes intervenientes, numa época de relações fortemente convencionais e hierarquizadas
socialmente, em plena época Victoriana da velha Inglaterra. Para este pormenor
vai toda a classificação atribuída, embora no seu todo, este filme seja fraco.
Classificação: 6 numa escala
de 10
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