18 de abril de 2019

Opinião – “O Operação Hummingbird” de Kim Nguyen


Sinopse

Neste épico da era moderna, Kim Nguyen expõe o lado implacável do nosso mundo cada vez mais digital. Dois primos de Nova Iorque, Vincent (Eisenberg) e Anton (Skarsgard), participam no jogo de alto risco que são as Negociações de Alta Frequência, onde a vitória é medida em milissegundos. O sonho deles? Construir um cabo de fibra ótica em linha reta entre o Kansas e Nova Jérsia, o que lhes trará milhares de milhões.
Mas nada é simples neste plano débil. Anton é o cérebro, Vincent é o negociador, e juntos levam-se a si mesmos e a toda a gente à sua volta ao ponto de rutura nesta aventura quixotesca. Sempre em cima deles está a sua antiga chefe, Eva Torres (Hayek), uma corretora poderosa, intoxicante e manipuladora que não olhará a meios para se colocar entre eles e derrotá-los no seu próprio jogo. Custe o que custar, Vincent e Anton estão determinados a atravessar a América, mas só encontrarão a redenção no fim da linha, não através do dinheiro, mas através da família e de um regresso à natureza.

Opinião por Artur Neves

Esta história é uma fábula financeira de como a poupança ou o encurtamento de milésimos de segundo no conhecimento de uma oportunidade de compra ou de venda no mercado de ações, pode conduzir a um lucro de milhões, seja qual for a referência da moeda que estamos a considerar.
Para isso os dois irmãos convencem um investidor a financiar-lhes o projeto louco de instalação de um cabo de fibra ótica em linha reta (ou o mais reta possível) entre Kansas City e Nova Iorque que entronca na classe do thriller financeiro já explorado em “O Dia antes do Fim” de 2011 ou “A Queda de Wall Street” de 2015, ambos já estreados entre nós.
Só que nos dois filmes anteriores, as histórias embora sendo objeto de ficção, tinham fortes traços de ligação á realidade diária dos mercados financeiros, coisa que neste filme não acontece pois ninguém se convenceria a investir milhões num projeto de instalação de um cabo de fibra ótica através de florestas, vales, rios e montanhas rochosas, numa distância de quase 700 km, quando a comunicação sem fios conseguiria atingir por um preço inferior o mesmo objetivo, com maior segurança e estabilidade.
Assim sendo, o filme transforma-se num esforço curioso sob a tenacidade humana e a capacidade de vencer todos os obstáculos, mesmo á custa da própria vida, transmitindo-nos a sensação de se basear numa história verdadeira, embora sendo pura ficção e constitua uma impossibilidade real do ponto de vista tecnológico e da guerra das altas frequências e da banda larga em telecomunicações.
Por outro lado, como este assunto está fora do âmbito de interesse da maioria das pessoas, o que temos são 111 minutos de um combate desesperado entre “David” e “Golias” por um objetivo irreal, que apesar de se concretizar fisicamente, conduz a um extraordinário falhanço dos pressupostos que pretendia atingir. Quase que nos faz lembrar o assunto do filme de Kenneth Branagh “Muito Barulho por Nada” de 1993, embora noutro contexto.
Toda a história sofre de um arbitrário e manipulador exagero, maior e mais profundo do que as condições de instalação do cabo de fibra ótica que serve de motivo principal a esta história.

Classificação: 4 numa escala de 10

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