Sinopse
Um programa de televisão numa ilha inabitada, onde
oito concorrentes têm de lutar pela derradeira sobrevivência num terreno
inóspito, torna-se mais do que parece. Solum não é só um jogo, é uma prova, uma
seleção, um espelho que confronta a verdade da Natureza com a mentira da Raça
Humana.
Opinião
por Artur Neves
Um filme de ficção
científica, português, era um objeto há muito pensado por mim, sobre quais
seriam os motivos dos nossos agentes de produção e realizadores não terem ainda
mostrado interesse neste género de trabalho. Entenda-se todavia, que para mim,
ficção científica, significa contar uma história, cujo desenvolvimento recorre
a meios de execução, equipamentos e ambientes que se situam para lá do estado tecnológica
atual e como tal são gerados artificialmente pelos meios técnicos e computacionais
da equipa de filmagem.
Como tal estava extremamente
curioso e expectante para este trabalho de Diogo Morgado. A história começa
pelo início de um reality show numa
ilha desabitada, com os concorrentes a partirem para as suas tarefas individualmente.
Algo parecido com os filmes “Maze Runner”, ou “Os Jogos da Fome” de 2014, 2015
e 2018, pensei eu na minha ingenuidade ainda expectante, mas não… Era apenas um
filme Português de parcos recursos que punha oito pessoas a correr numa mata de
uma montanha situada algures…
Depressa repeli este mau
pensamento e auto aconselhei-me a contemporizar com a história que se
desenrolaria a seguir. Tal como nos outros filmes anteriormente referidos, em
que somos informados ao que veem as personagens, desenvolvendo-se a história,
contrariando ou perseguindo os objetivos no contexto inicialmente anunciado, mas não… Aqui os concorrentes que foram colocados individualmente em diferentes
pontos da ilha, depressa se juntam em equipa
e fogem muito juntinhos de um “Robin dos Bosques” equipado com um arco e
flechas, que depois de destruir os meios de contacto com a equipa de gestão do
concurso, dá numa de caçador dos colegas concorrentes porque ele sabia mais
coisas sobre os objetivos do reality show
do que os colegas e do que nós, que estávamos a ver aquilo tudo, direitinho desde
o princípio…
A partir daqui evaporaram-se-me
as expectativas e perdi totalmente a esperança de assistir ao primeiro filme de
ficção científica português, digno desse nome…
Não é que os atores sejam
maus, ou que a representação dos personagens fosse defeituosa, eles e elas
apenas seguiram o guião que lhes apresentaram. Muito embora as lutas corpo a
corpo não estejam ao nível do que vemos nos filmes estrangeiros e os momentos
de tensão e de desespero não aguentem um close-up
da câmara de filmar, que imediatamente denuncia a sua artificialidade, são pormenores
que atribuo a custos de pioneirismo e com o tempo eles hão de lá chegar.
Para mim contudo, o pior é a
história que se remete para uma transcendentalidade mal-amanhada, de uns alienígenas
que há muito estão disfarçados entre nós e agora resolveram punir-nos,
escolhendo um elemento dos concorrentes ao reality
show como o eleito entre todos os seres humanos já castigados por terem
tratado tão mal o planeta que definha e fenece como resultado do aquecimento
global, da poluição e da guerra.
Por amor da santa, tantas
boas intenções, desembrulhadas a conta-gotas por uns rapazes a correr na mata evidenciando a beleza dos Açores para turista ver, não fazem um filme de ficção científica.
Classificação: 4 numa escala
de 10
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