Sinopse
François (Karim Leklou) é um passador de droga cujo
sonho é desenvolver a franchise do gelado Mr Freeze em Marrocos. Contudo, a sua
ambição é inviabilizada quando descobre que a própria mãe (Isabelle Adjani) –
jogadora compulsiva e uma vigarista muito experiente – perdeu ao jogo as
economias que ele precisava para iniciar uma nova vida. Putin, o traficante
local, propõe a François um último golpe em Espanha para que ele possa reunir o
dinheiro de que tão desesperadamente precisa. Mas as coisas vão de mal a pior
quando a transação corre mal, arrastando consigo toda a gente: Lamya, o seu
amor não correspondido; o seu ex-padrasto (Vincent Cassel), um cretino acabado
de sair da prisão; dois aspirantes a gangsters,
inseparáveis e incontroláveis; e por último, como se não bastasse… a sua
deslumbrante e manipuladora mãe.
Opinião
por Artur Neves
À partida não se pode dizer
que esta história não teve um bom pai. Romain Gavras, filho do aclamado
Costa-Gravas, o realizador Grego de filmes como; “Z – A Orgia do Poder” de 1969
e “Desaparecido” (Missing) de 1982, dois filmes de intervenção política que
marcaram a memória da época. Como filho de peixe “também deve saber nadar” eis
que nos apresenta esta história do género thriller
comédia de um dealer “fofinho” que se
vê metido numa embrulhada da pesada, quando o seu objetivo de vida apenas
consiste em abrir uma casa de gelados em Marrocos.
O problema reside na sua
sofisticada mãe Danny (Isabelle Adjani), jogadora inveterada que gastou todas
as poupanças que François lhe havia confiado e ele agora vê-se forçado a tentar
obter o máximo de dinheiro no tempo mínimo para realizar o seu projeto e satisfazer
os anseios do amor do seu coração, Lamya (Oulaya Amamra) um amor negociável, que
se mostra de várias formas menos paciente e compreensiva com a submissão de
François à manipuladora Danny que não se coíbe de condicionar e controlar todas
tentativas de independência do seu filho.
Para complicar, temos também
Henri (Vicent Cassel) num papel como nunca o vi de idiota, cretino, com uma
fixação filosófica na origem da vida, consumido por teorias da conspiração
manipuladas por organizações secretas que tudo vêm e tudo podem, principalmente
atrapalhar toda a atividade que Francois lhe tenha atribuído fazer, no plano
que engendrou para obter os necessários fundos que permitirão cumprir o seu
desígnio comercial.
A história está bem
conseguida, os personagens são todos de fino porte e de exemplar comportamento numa
sequência de cenas bem contadas que mantêm a incógnita e o interesse do
espetador na ação. Apesar de ser um filme com uma duração normal, 102 minutos,
consegue incluir um conjunto significativo de personagens diferentes, todas amalucadas,
como por exemplo; Gabby Rose (Brittany) a filha gorda e sardenta do traficante a
que Francois quer comprar droga, que ele sequestra e que se revela a maior
inimiga do próprio pai ao revelar a Francois o esconderijo da droga. Gabby
desempenha assim um papel de pré-adolescente, prematuramente conhecedora e
avisada com uma naturalidade que merece atenção.
Trata-se pois de uma
história de “quadradinhos”, bem orquestrada por Gavras, com canções soft-rock vintage, passada em ambientes de férias,
embora absolutamente absurda do ponto de vista do que é normal assistir-se em
filmes de gangsters e de tráfico de
droga, todavia constitui um tempo de descontração e divertimento bem passado.
Classificação: 6 numa escala
de 10
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