31 de julho de 2018

Opinião – “Missão Impossível – Fallout” de Christopher McQuarrie


Sinopse

As melhores intenções voltam muitas vezes para te assombrar. Em MISSÃO: IMPOSSÍVEL – FALLOUT, Ethan Hunt (Tom Cruise) e a sua equipa IMF (Alec Baldwin, Simon Pegg, Ving Rhames) encontram-se com alguns conhecidos aliados (Rebecca Ferguson, Michelle Monaghan) numa corrida contra o tempo, depois de uma missão mal sucedida. Henry Cavill, Angela Bassett e Vanessa Kirby também se juntam ao fantástico elenco deste filme, realizado pelo cineasta Christopher McQuarrie.

Opinião por Artur Neves

Esta história tem pergaminhos iniciados numa série televisiva com o mesmo nome, na década de 60 que encantou todos os cinéfilos com a minha idade. Posteriormente, o argumento da série passou para o cinema e teve a sua estreia num filme realizado em 1996 por Brian de Palma, já com Tom Cruise no principal papel (que nunca mais largou) desenvolvendo sempre histórias surpreendentes quer pelo argumento cheio de twists, como pelas acrobacias impossíveis realizadas pelos intervenientes. Seguiram-se depois sequelas em; 2000, 2006, 2011 e 2015 até à atual versão 6 em 2018 com o presente filme.
O objetivo em todas as histórias é a prática de atos valorosos em benefício da humanidade para a realização dos quais os heróis arriscam a vida em situações mirabolantes, todavia em duas das anteriores versões ficava-mos com a sensação de estar a ver uma história com situações forçadas para encaixar a ação inerente ao espírito do guião.
Desde a versão 5 de 2015 e com a contribuição de Christopher McQuarrie como realizador e autor do argumento, a história claramente subiu de nível na composição da intriga e nos múltiplos e surpreendentes twists em que nunca se sabe com segurança, quem é quem, porque todos podem ser eles mesmo ou o seu contrário.
Deste modo, “Fallout” contém, figuras ambíguas que gerem conflitos de interesses entre agências que deveriam colaborar entre si, extraordinárias perseguições automóveis, em motas e até de helicóptero, grandes intrigas entre todos os intervenientes, muita pancadaria e cenas de tiroteio cerrado, que constituem os condimentos necessários para fazerem desta história um agradável divertimento durante 147 minutos em que não se dá pelo tempo passar.
Adicionalmente o filme é divertido, pelos olhares dúbios entre os personagens e cenas improváveis, sem piadas forçadas nem gags estafados e com a caraterística de possuir sequências de ação longas e de tensão crescente em que no final o herói consegue sempre os seus intentos, claro está, por mais complicadas e surreais que se apresentam as situações, mas duma maneira que no contexto do filme nos parece lógica e bem conseguida.
Como é sabido Tom Cruise dispensa duplos e torce o tornozelo numa das cenas de montanha, em que ele estoicamente continua correndo para não perder o que já tinha sido filmado, mostrando afinal que os seus 42 anos anda estão aptos a fazer outras sequelas que o final do filme deixa antever para o futuro.
Se o leitor tiver possibilidade de ver a versão IMAX 3D usufrui ainda do atrativo da visão tridimensional das cenas, corroboradas por um som surround que torna mais imersivo o nosso envolvimento na ação. Constitui um excelente filme de ação, recomendo vivamente.

Classificação: 8 numa escala de 10

25 de julho de 2018

Opinião – “Homem Formiga e A Vespa” de Peyton Reed


Sinopse

Do Universo Cinematográfico Marvel chega “Homem-Formiga e A Vespa”, um novo capítulo dos heróis com a incrível capacidade de encolher. Depois de "Capitão América: Guerra Civil", Scott Lang tem de lidar com as consequências das suas escolhas como super-herói e pai. Enquanto luta para equilibrar a vida pessoal e as suas responsabilidades como Homem-Formiga, é confrontado por Hope van Dyne e Dr. Hank Pym com uma nova missão. Scott terá uma vez mais de vestir o fato de Homem-Formiga e aprender a lutar ao lado de A Vespa, enquanto a equipa trabalha em conjunto para descobrir segredos do passado.

Opinião por Artur Neves

Corria o ano de 1968 quando Stanley Kubrick nos apresenta o espetacular filme de ficção científica “2001 – Odisseia no Espaço” fazendo a ligação do passado ao futuro da humanidade tomando como base a premonitória aterragem do homem na lua em 1969, através de um filme que se tornou mágico, escrito por Arthur C. Clarke, com efeitos especiais caleidoscópicos de evolução colorida, concebidos por Stanley Kubrick e Douglas Trumbull que interpretava o salto da humanidade no desconhecido, que ainda hoje continua como tal, considerando que continuamos com a dúvida universal sobre “de onde vimos e para onde vamos”.
Cinquenta anos depois em 2018 aparece este “Homem Formiga e A Vespa”, cavalgando a onda da novidade científica da época; os paradoxos quânticos, postulados inicialmente por Schrödinger e Heisenberg sobre a luz, a matéria e a sua constituição corpuscular, que nos são mostrados com riquíssimos caleidoscópios coloridos, muitos mais vistosos e conseguidos do que os apresentados em “2001 – Odisseia no Espaço”, mas… e há sempre um mas… desprovidos da mística transmitida anteriormente porque se resumem a uma mera demonstração de parafernália tecnológica usada e abusada atualmente como mais-valia de representação de efeitos especiais, sem todavia, nos fazerem pensar na verdadeira ciência que evocam, como em 2001 no salto para o desconhecido.
Declaro todavia que a história até é interessante, o filme está bem construído, sendo a sua caraterística principal os múltiplos efeitos especiais de aumento e redução de objetos e de pessoas, mais rápidos do que um estalar de dedos e aquela ideia peregrina de transformar quando convém, um edifício de dezenas de andares (o laboratório quântico) num trolley de viagem que se leva para onde se quer e se expande e encolhe de acordo com as necessidades do argumento, ou as formigas voadoras que servem de locomoção a alguns humanos na forma encolhida, ou ainda da Vespa que mais não é do que a rainha do transformismo… está tudo bem caro leitor, necessitando apenas entrar no “esquema”, aceitar continuamente a ausência de espessura dos personagens e deliciar-se com a visão das suas evoluções em ambiente de thriller e de aventura, claro está, para nos divertir enquanto dura e depois esquecer rapidamente, porque ficar com a mais leve ideia de quantum através deste filme constitui uma completa negação da física.
A Marvel traz-nos assim mais uma animação com pessoas, do seu universo fantástico de super-heróis e super-vilões a representarem para planos croma, que a arte de computação cinematográfica preenche com movimento, perseguições de carros espantosas, estica e encolhe de tudo, que só por si justifica a classificação atribuída. É diversão pura, portanto divirta-se.

Classificação: 5 numa escala de 10

21 de julho de 2018

Opinião – “Hotel Transylvania 3: Umas Férias Monstruosas” de Gendy Tartakovsky


Sinopse

No novo filme da Sony Pictures Animation, Hotel Transylvania 3: Umas Férias Monstruosas, Mavis surpreende Drac com uma viagem de família num luxuoso cruzeiro para que ele possa ter uma pausa de gerir as férias dos outros no hotel e os restantes monstros não resistiram e juntaram-se.
Todos estão a ter umas ótimas férias, aproveitando as ofertas divertidas do hotel, desde voleibol para monstros a enormes buffets e excursões exóticas, mas o inesperado acontece quando Drac se apaixona pela intrigante e perigosa capitã do navio.
Gerir família, amigos e um novo romance pode ser demais, mesmo para o vampiro mais poderoso.

Opinião por Artur Neves

Este Hotel Transylvania é a continuação da saga iniciada em 2012, continuada com uma sequela em 2015 e prolongada com a atual história vivida num cruzeiro que nos traz de novo todo o grupo de familiares e companheiros do Drac a viverem uma nova aventura sobre as ondas do mar. Não é nada de novo é apenas diferente e resume, se assim se pode chamar, a série em curso nos USA com o mesmo título e que já vai com 8 temporadas. Em série ou em filme vemos sempre os mesmos personagens e o propósito é divertir-nos com as reações de vampiros e monstros aos problemas do dia-a-dia respeitando as idiossincrasias particulares de cada personagem.
 Se nas versões anteriores a historia se centrou na família e nos problemas familiares emergentes de Drac e da ligação da filha com um humano, desta vez extrapola para o arqui-inimigo e caçador de vampiros; Van Helsing que sem ele saber habita o navio de cruzeiro e utiliza os encantos da sua filha, capitã do navio, para mais uma vez tentar caçar o vampiro mais desejado da sua coleção.
Todavia entre os dois surge uma chispa de romance e o amor, sempre ele, transforma os planos de caça noutra coisa diferente, sempre com a intervenção dos familiares e amigos de Drac, construindo uma trama de mistério e thriller que nos entretém durante 97 minutos de boa disposição e engraçados gags.
É o típico filme de verão para miúdos e graúdos, escrito e realizado por Gendy Tartakovsky, tal como nas versões anteriores, com Adam Sandler, Andy Samberg e Selena Gomes nos principais papéis que merece ser visto se não tiver uma ocupação mais interessante para fazer, seja como for, diverte e recomendo.

Classificação: 6 numa escala de 10

19 de julho de 2018

Opinião – “Amar Pablo, Odiar Escobar” de Fernando Léon de Aranoa


Sinopse

Esta é a história da ascensão e queda do senhor da droga colombiano, Pablo Escobar Gaviria (Javier Bardem), fundador do cartel de Medellín, contada pela sua glamorosa amante Virgínia Vallejo, já então uma jornalista conhecida com o seu próprio programa de televisão. Brilhante e cheio de ação, Amar Pablo, Odiar Escobar passou pelo Festival de Veneza e Toronto.

Opinião por Artur Neves

Seguindo um roteiro argumentista muito próximo da serie televisiva “Narcos” editada pelo canal Netflix, este filme tem como base a descrição da vida passada com Pablo Escobar, publicada em livro pela sua amante preferida; Virginia Vallejo (Penélope Cruz) jornalista em ascensão na televisão Colombiana por quem o traficante, já fortemente envolvido nos negócios da droga, cai de amores no primeiro encontro de ambos durante uma festa.
Na serie televisiva este facto torna-se um pormenor, pois com tantos eventos dignos de registo sobre a vida em ascensão do traficante, (conseguiu eleger-se como senador no parlamento Colombiano depois de corromper pessoas influentes do meio) os amores lá reportados são múltiplos e variados, sendo este apenas mais um.
No filme, toda a história gira em torno deste caso que atravessou a sua vida até à queda em Dezembro de 1993 quando foi apanhado através de uma escuta telefónica para a sua mulher e filha, por quem ele tinha especial predileção, tendo sido em sequência morto a tiro quando fugia pelos telhados da casa onde se escondia. Na realidade, nunca ficou provado que tenha sido morto pelos militares que o perseguiam, ou se a sua morte foi um ato de suicídio como defendem Roberto Escobar e Fernando Sanches, seus irmãos que juram ter ouvido do próprio que se mataria com um tiro atras da orelha se algum dia fosse apanhado sem hipótese de fuga.
A dupla Barden/P. Cruz (Pablo/Virginia) fazem um bom trabalho no desempenho dos seus papéis, todavia, decorrente dos factos, a história apresenta um pendor mais descritivo e jornalístico do que emotivo, complementado pela descrição em off de várias situações retratadas, pela própria Virginia, não estando ao nível da capacidade dos intérpretes que já nos apresentaram outras performances de maior intensidade dramática. Como já disse a sequência histórica dos eventos está muito próxima da serie “Narcos” só que em 123 minutos muita coisa fica por dizer, donde o complemento narrativo da Virginia Vallejo real se justifique e aceite sem reservas.
Apesar das fugas e guerras com a polícia e com os outros narcotraficantes seus concorrentes, toda a história apresenta uma toada morna que permite citar a vertente filantrópica de Pablo Escobar que justifica o completo e incondicional apoio do povo de Medellín ao traficante, seu benfeitor, seu “Robin dos Bosques” que eles defendem e por quem dão a vida a troco de dinheiro e de segurança para a família.
Temos assim uma história de vida ímpar, despótica, filantrópica, criminosa, profundamente devotada à família que tem como expoente dramático máximo no filme, a recusa de saída, pela polícia, da sumptuosa prisão que mandou construir após um acordo com o governo da Colômbia, para comprar um gelado á filha. Como cultura geral vale a pena ver.
Classificação: 6 numa escala de 10

12 de julho de 2018

Opinião – “Plano de Fuga 2: Hades” de Steven C. Miller


Sinopse

Quando Shu Ren é raptado e preso na complexa prisão de Hades, Ray Breslin é chamado a resgatá-lo. Especialista em entradas em espaços de alta segurança e vigilância apertada, vai infiltrar-se, juntamente com Trent Derosa e a sua equipa, nessa prisão computorizada e em permanente mutação de espaços e divisões.

Opinião por Artur Neves

Quando em 2013 Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenegger interpretaram “Plano de fuga”, um desafio de evasão de uma prisão de alta segurança perpetrado por dois especialistas em segurança não poderia pensar-se que uma ideia tão peregrina como esta pudesse ter uma sequela. Afinal enganámo-nos e ela aqui está em “Plano de Fuga 2” procurando complicar o que já era complicado no primeiro filme, concebendo um edifício que está em constante mutação volumétrica por acção de um programa de computador.
Desta vez o Arnold não esteve pelos ajustes e o Stallone (Ray Breslin no personagem) muito longe dos seus desempenhos em “Rambo” ou na saga “Rocky”, socorreu-se de um Dave Bautista façanhudo (Trent Derosa) e vai de interpretar uma equipa de especialistas em fugas para salvarem o terceiro elemento cativo em Hades.
Tudo isto poderia ter algum sentido se a acção tivesse pretensões de realismo e verosimilhança como noutras histórias com este tema, como por exemplo em “O Rochedo” de 1996 ou mais epicamente em “Papillon” de 1973 baseado numa história real. Mas não, nesta história é tudo fantasia, realizada com a arte de encantar que aqui apenas serve para embebedar os incautos que possam aceitar como possível a contínua movimentação das paredes de uma prisão, sem considerar os imprescindíveis ancoramentos das estruturas, sem os quais tudo aquilo cairia como um baralho de cartas mal equilibrado.
O argumento é muito simples, como convém, para justificar as sucessivas demonstrações de artes marciais e de wrestling, igualmente levadas ao extremo de execução entre as quais o plano de fuga toma forma socorrendo-se de ligeiros artefactos quotidianamente normais, mas que ali são suficientes para ultrapassarem o maquiavélico poder do computador Hades que controla toda a prisão e os elementos que lá estão retidos.
Durante 96 minutos, Steven C. Miller, realizador americano de filmes de aventuras com pouco contexto, como por exemplo em “Saqueadores” de 2016, onde manifestamente falha por não saber segurar o argumento e privilegiar a ação ao enredo, ou em “Arsenal” de 2017 com uma história paupérrima, faz-nos seguir mais esta história fraquinha, que progride lentamente, ao ritmo da escassez de elementos que eventualmente a poderiam valorizar. Nestas condições inevitavelmente o bocejo surge, intervalado pela consulta do relógio na escuridão da sala, pois para tão pouca “uva” a “parra” do tempo é incomensuravelmente longa.

Classificação: 4 numa escala de 10