19 de julho de 2018

Opinião – “Amar Pablo, Odiar Escobar” de Fernando Léon de Aranoa


Sinopse

Esta é a história da ascensão e queda do senhor da droga colombiano, Pablo Escobar Gaviria (Javier Bardem), fundador do cartel de Medellín, contada pela sua glamorosa amante Virgínia Vallejo, já então uma jornalista conhecida com o seu próprio programa de televisão. Brilhante e cheio de ação, Amar Pablo, Odiar Escobar passou pelo Festival de Veneza e Toronto.

Opinião por Artur Neves

Seguindo um roteiro argumentista muito próximo da serie televisiva “Narcos” editada pelo canal Netflix, este filme tem como base a descrição da vida passada com Pablo Escobar, publicada em livro pela sua amante preferida; Virginia Vallejo (Penélope Cruz) jornalista em ascensão na televisão Colombiana por quem o traficante, já fortemente envolvido nos negócios da droga, cai de amores no primeiro encontro de ambos durante uma festa.
Na serie televisiva este facto torna-se um pormenor, pois com tantos eventos dignos de registo sobre a vida em ascensão do traficante, (conseguiu eleger-se como senador no parlamento Colombiano depois de corromper pessoas influentes do meio) os amores lá reportados são múltiplos e variados, sendo este apenas mais um.
No filme, toda a história gira em torno deste caso que atravessou a sua vida até à queda em Dezembro de 1993 quando foi apanhado através de uma escuta telefónica para a sua mulher e filha, por quem ele tinha especial predileção, tendo sido em sequência morto a tiro quando fugia pelos telhados da casa onde se escondia. Na realidade, nunca ficou provado que tenha sido morto pelos militares que o perseguiam, ou se a sua morte foi um ato de suicídio como defendem Roberto Escobar e Fernando Sanches, seus irmãos que juram ter ouvido do próprio que se mataria com um tiro atras da orelha se algum dia fosse apanhado sem hipótese de fuga.
A dupla Barden/P. Cruz (Pablo/Virginia) fazem um bom trabalho no desempenho dos seus papéis, todavia, decorrente dos factos, a história apresenta um pendor mais descritivo e jornalístico do que emotivo, complementado pela descrição em off de várias situações retratadas, pela própria Virginia, não estando ao nível da capacidade dos intérpretes que já nos apresentaram outras performances de maior intensidade dramática. Como já disse a sequência histórica dos eventos está muito próxima da serie “Narcos” só que em 123 minutos muita coisa fica por dizer, donde o complemento narrativo da Virginia Vallejo real se justifique e aceite sem reservas.
Apesar das fugas e guerras com a polícia e com os outros narcotraficantes seus concorrentes, toda a história apresenta uma toada morna que permite citar a vertente filantrópica de Pablo Escobar que justifica o completo e incondicional apoio do povo de Medellín ao traficante, seu benfeitor, seu “Robin dos Bosques” que eles defendem e por quem dão a vida a troco de dinheiro e de segurança para a família.
Temos assim uma história de vida ímpar, despótica, filantrópica, criminosa, profundamente devotada à família que tem como expoente dramático máximo no filme, a recusa de saída, pela polícia, da sumptuosa prisão que mandou construir após um acordo com o governo da Colômbia, para comprar um gelado á filha. Como cultura geral vale a pena ver.
Classificação: 6 numa escala de 10

Sem comentários: