Sinopse
Jim Stone (Nicolas Cage) e David Waters (Elijah Wood) fazem
parte da unidade forense da Polícia de Las Vegas, na equipa de Gestão de
Provas. Ambos têm uma vida difícil e são pouco respeitados no seu trabalho.
Stone está aborrecido e desiludido e Waters, igualmente passivo, está a tentar
ultrapassar a recente separação da sua mulher. Ao rever pastas de alguns casos,
Stone descobre um recibo com informação acerca de uma recente apreensão de
droga a um gangue e começa a elaborar um plano para ficar com o dinheiro. Após
recrutar Waters como ajudante, ambos vão prosseguir com o plano para o golpe e
tomam posse de um cofre. Os problemas começam quando Waters muda de ideias e
não quer continuar a participar do golpe. A partir daí, as coisas vão começar a
correr muito mal...
Opinião
por Artur Neves
Jim Stone e David Waters são
dois polícias que tentam aproveitar oportunisticamente uma situação acidentalmente
descoberta na sua atividade normal de trabalho forense, cedendo aos seus
instintos mais profundos de ganhar dinheiro fácil que lhes permita afastar-se
das suas monótonas profissões, mesmo incorrendo em faltar ao compromisso de
honra para com a corporação policial e a sociedade que neles confia.
Dito assim parece uma
história linear que todavia não se verifica porque os irmãos Brewer, realizadores
de serviço, (talvez inspirados por outra dupla de realizadores: os irmãos Coen)
quiseram construir um filme negro que fosse uma comédia thriller (ou
vice-versa) com dois atores tão dissonantes como diferentes são as
características dos seus personagens em que se mostra um Jim Stone (Nicolas
Cage) brigão, oportunista, velhaco, imprevisível, frio e um David Waters (Elijah
Wood) abatido, reservado, a compensar o seu falhanço matrimonial com sessões de
evasão por consumo de droga, só remotamente interessado no arrojado plano do
colega, até porque receia as consequências da ideia, mas que o segue e faz
equipa com ele para não ter de argumentar os reais motivos de desgosto e autocomiseração
que lhe ocupam o espírito.
Para dar contexto a este
esquema a história apresenta-nos episódios quotidianos destas personagens e dos
seus pares na atividade policial que nos pretendem fazer rir, mas que só
provocam expectativa quanto à sua inserção na história, considerando que estão
deslocados do fio condutor que move a ação. Para mim, Nicholas Cage nunca foi
um ator escorreito mas neste filme, assumindo um papel entre a excentricidade e
a imprevisibilidade oferece-nos um personagem barato, cheio de truques e ideias
tresloucadas que pretendem induzir sorrisos, mas que avivam a memória para
outros filmes onde aqueles gags já
forma utilizados com equivalente insucesso. Elijah, por seu lado, ao assumir
uma postura mais reservada podia equilibrar os devaneios de Cage mas não é isso
que acontece e o filme desenvolve-se entre a imprevisibilidade e o amadorismo
identificado mesmo em algumas fragilidades do argumento.
Curiosamente dá-nos o ensejo
de ver (ou rever) Jerry Lews, totalmente diferente do que nos habituou ao longo
da sua carreira mas com uma presença tão curta que só se retém a sua cara enrugada
e o seu ar abatido e, direi mesmo, infeliz. Assim sendo este filme não está bem
em nenhum dos seus objetivos; para ser thriller
falta-lhe suspense e emoção, para ser
comédia negra falta-lhe sobriedade e distanciamento que pode resumir-se como
sendo “um filme em modos de assim…”
Classificação: 4,5 numa
escala de 10