24 de fevereiro de 2017

Opinião – “Policias Corruptos” de Alex Brewer e Benjamin Brewer


Sinopse

Jim Stone (Nicolas Cage) e David Waters (Elijah Wood) fazem parte da unidade forense da Polícia de Las Vegas, na equipa de Gestão de Provas. Ambos têm uma vida difícil e são pouco respeitados no seu trabalho. Stone está aborrecido e desiludido e Waters, igualmente passivo, está a tentar ultrapassar a recente separação da sua mulher. Ao rever pastas de alguns casos, Stone descobre um recibo com informação acerca de uma recente apreensão de droga a um gangue e começa a elaborar um plano para ficar com o dinheiro. Após recrutar Waters como ajudante, ambos vão prosseguir com o plano para o golpe e tomam posse de um cofre. Os problemas começam quando Waters muda de ideias e não quer continuar a participar do golpe. A partir daí, as coisas vão começar a correr muito mal...

Opinião por Artur Neves

Jim Stone e David Waters são dois polícias que tentam aproveitar oportunisticamente uma situação acidentalmente descoberta na sua atividade normal de trabalho forense, cedendo aos seus instintos mais profundos de ganhar dinheiro fácil que lhes permita afastar-se das suas monótonas profissões, mesmo incorrendo em faltar ao compromisso de honra para com a corporação policial e a sociedade que neles confia.
Dito assim parece uma história linear que todavia não se verifica porque os irmãos Brewer, realizadores de serviço, (talvez inspirados por outra dupla de realizadores: os irmãos Coen) quiseram construir um filme negro que fosse uma comédia thriller (ou vice-versa) com dois atores tão dissonantes como diferentes são as características dos seus personagens em que se mostra um Jim Stone (Nicolas Cage) brigão, oportunista, velhaco, imprevisível, frio e um David Waters (Elijah Wood) abatido, reservado, a compensar o seu falhanço matrimonial com sessões de evasão por consumo de droga, só remotamente interessado no arrojado plano do colega, até porque receia as consequências da ideia, mas que o segue e faz equipa com ele para não ter de argumentar os reais motivos de desgosto e autocomiseração que lhe ocupam o espírito.
Para dar contexto a este esquema a história apresenta-nos episódios quotidianos destas personagens e dos seus pares na atividade policial que nos pretendem fazer rir, mas que só provocam expectativa quanto à sua inserção na história, considerando que estão deslocados do fio condutor que move a ação. Para mim, Nicholas Cage nunca foi um ator escorreito mas neste filme, assumindo um papel entre a excentricidade e a imprevisibilidade oferece-nos um personagem barato, cheio de truques e ideias tresloucadas que pretendem induzir sorrisos, mas que avivam a memória para outros filmes onde aqueles gags já forma utilizados com equivalente insucesso. Elijah, por seu lado, ao assumir uma postura mais reservada podia equilibrar os devaneios de Cage mas não é isso que acontece e o filme desenvolve-se entre a imprevisibilidade e o amadorismo identificado mesmo em algumas fragilidades do argumento.
Curiosamente dá-nos o ensejo de ver (ou rever) Jerry Lews, totalmente diferente do que nos habituou ao longo da sua carreira mas com uma presença tão curta que só se retém a sua cara enrugada e o seu ar abatido e, direi mesmo, infeliz. Assim sendo este filme não está bem em nenhum dos seus objetivos; para ser thriller falta-lhe suspense e emoção, para ser comédia negra falta-lhe sobriedade e distanciamento que pode resumir-se como sendo “um filme em modos de assim…”

Classificação: 4,5 numa escala de 10

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