5 de fevereiro de 2017

Opinião – “Elementos Secretos” de Ted Melfi


Sinopse

Elementos Secretos, contam a incrível história de Katherine Johnson (Taraji P. Henson), Dorothy Vaughn (Octavia Spencer) e Mary Jackson (Janelle Monae) – mulheres afro-americanas brilhantes que trabalham na NASA e são os cérebros por trás de uma das maiores operações da história: o lançamento do astronauta John Glenn para a órbita, um incrível feito que restaura a confiança da nação, agita a Corrida Espacial e reanima o mundo. O trio visionário atravessa género e raças para inspirar as gerações a sonharem alto.

Opinião por Artur Neves

Theodore Melfi realiza um argumento escrito em coautoria com Allison Schroeder, a escritora do romance que inspirou esta história de preconceito, segregação racial, sexual e autonomia da maioria negra pouco assumida por uma América pouco consciente dos direitos dos outros, independentemente das suas caraterísticas físicas. Estamos pois em plena época da guerra fria na altura da corrida espacial contra uma União Soviética que ameaçava um sucesso indesejável para uma nação que pretendia conquistar vitórias em todas as frentes.
Os computadores estavam no seu início e todos os cálculos eram feitos por homens e mulheres com características excecionais para o cálculo numérico e para a matemática onde sobressairiam estas mulheres negras que este filme glorifica e faz sair com todo o mérito da irrelevância histórica a que foram remetidas pelos seus chefes e colegas menos dotados do que elas, emboras brancos.
A história gira portanto em torno da segregação racial nos USA mas abordada de um forma condescendente, exemplificada por clichés demasiado óbvios que em vez de valorizarem o seu inestimável contributo para a conquista do espaço, justificam de certa maneira a sua condição pela sua vivência, ambiente familiar e posição social na comunidade.
Logo na abertura do filme, a primeira cena desenvolve um diálogo entre um polícia “grunho”, do mais boçal que os USA podem ter nas suas forças policiais, com as três “heroínas” que ensaiam um diálogo fabricado de lugares comuns e verdades convencionais, na minha opinião, tão pouco prováveis como o desfecho daquele encontro fortuito na estrada.
A sua vivencia na NASA, embora enaltecendo as suas qualidades como “computadoras” centra-se em pormenores quotidianos de forte conotação racial, mas nunca conferindo às personagens uma verdadeira espessura enquanto pessoas, uma estatura humana resistente à humilhação continuamente infligida numa época que deve ter sido realmente difícil de coabitar com colegas homens e mulheres brancas, que apesar do seu árduo trabalho, apenas lhe dedicavam uma compreensão envergonhada e piedosa, a que elas no fundo, estavam agradecidas.
O filme vale pois para memória futura, para que não seja esquecido o seu contributo para o desenvolvimento tecnológico de um país que influenciou o mundo para o bem e para o mal mas por outro lado também branqueia o comportamento social de uma época que permitiu “naturalmente” a sua ascensão apesar da cor da pele. Trata-se de um filme frouxo, embora com algum interesse do ponto de vista documental e histórico.


Classificação: 5,5 numa escala de 10

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