Sinopse
Nova Iorque nos anos 30. Sem paciência para as
discussões dos pais, para o irmão gangster
e o negócio de família, Bobby Dorfman chega à conclusão que precisa de uma
mudança de cenário! Assim, decide ir para Hollywood, onde o seu tio Phil, um
poderoso agente de estrelas de cinema, contrata-o como moço de recados. Em
Hollywood, apaixona-se, mas infelizmente a rapariga tem namorado. Bobby
conforma-se com a ideia de serem apenas amigos – até ao dia em que ela bate à
sua porta, explicando-lhe que o namorado a deixou. Subitamente, a vida de Bobby
dá uma inesperada e romântica reviravolta.
Opinião por
Artur Neves
Esta é mais uma história escrita e realizada por Woody
Allen, mais concretamente o seu quinquagésimo segundo filme de uma carreira
dedicada à realização e interpretação de personagens, frequentemente associados
a particularidades e características do próprio autor, ou nos tempos mais
recentes, ao desenvolvimento de perturbações de personalidade que colidem com o
seu normal comportamento social, ou com os outros.
Durante toda a sua carreira o amor foi sempre um tema
recorrente das suas histórias, descrito com ansiedade, como em; “Annie Hall” de
1977, com a sua principal musa inspiradora, como em “Manhattan” de 1979, ou “Crimes
e Escapadelas” de 1989 apresentando outras facetas deste mesmo sentimento,
central na vida de todos nós, bem como o particular amor pelo Jazz que desde
sempre preencheu o universo de Woody Allen e que ele inclui no ambiente deste
filme com a habitual mestria que nos tem habituado ao longo de todos estes
anos.
Este filme é pois como que um regresso às origens do motivo
mais significativo das suas obras, o amor, mas vivido de um modo calmo por alguém
que não o é na sua essência e apesar de se tratar de um amor desencontrado, um
amor frustrado, que nunca se realiza mas por permanecer para sempre nesse
estado, se torna perfeito, infinito, perene como a relva, imorredoiro.
Não é por acaso que o actor escolhido foi Jesse Eisenberg,
cujas características físicas são muito semelhantes a Woody Allen quando jovem,
constituindo assim um alter-ego do autor vivenciando um amor “fatal”,
inconseguido, no ambiente muito bem trabalhado de Hollywood, com todos os
ingredientes do luxo e do glamour da
época, nas recepções e nos bailes em que o jazz soa durante todo a acção e
envolve os dois amantes que não se encontram encontrando-se, tanto no principio
como no Café Society (que dá nome ao filme) e que ficam para sempre separados mas
ligados, como naquela passagem do ano de 1930.
A imagem é excelente acentuando a sua aparência nos tons
doirados, os travellings da câmara ajudam
a compor e a descrever o ambiente, o amor é simples e fulcral remetendo todos
os outros elementos da história para uma secundarização que realça ainda mais
esse amor desencontrado, embora real e vivo.
Classificação: 7 numa escala de 10