20 de outubro de 2016

Opinião – “As armas de Jane” de Gavin O’Connor”


Sinopse

Jane Hammond (Natalie Portman) construiu uma nova vida com o seu marido Bill “Ham” Hammond (Noah Emmerich) e filha, nas difíceis e perigosas planícies do oeste americano. Mas quando Hammond se envolve num tiroteio com John Bishop (Ewan McGregor) e o seu bando de criminosos, e regressa a casa ferido, ela tem a certeza que Bishop não irá parar até que toda a sua família seja morta. Em desespero, Jane pede ajuda a Dan Frost (Joel Edgerton), um homem com quem teve um relacionamento no passado. Perseguida por memórias antigas, Jane vai ver o passado confrontar-se com o presente numa batalha épica pela sobrevivência.

Opinião por Artur Neves

Para um tema quase caído no esquecimento por Hollywood, subitamente aparecem duas realizações que embora com pergaminhos diferentes abordam o mesmo tema do western em duas vertentes diferentes; “Os Sete Magníficos” na tradição da conquista do oeste, com bandidos e bandidos transformados em heróis e neste filme; “As Armas de Jane” uma versão mais romântica e minimalista da mesma luta pela miragem de um mundo melhor.
A história desenrola-se nas planícies sem fim onde um homem com a cabeça a prémio é perseguido e ferido pelos seus pretensos captores, mas de quem ele escapa muito mal tratado, bastante ferido com várias balas no corpo até se refugiar na sua casa entretanto guardada pela sua mulher que o acolhe e promove a sua defesa.
Não seria fácil para uma única mulher defender-se com êxito pelo que esta recorre a alguém que nos vai ser revelado ter sido o seu primeiro amor entretanto deixado para trás por razões que vamos conhecendo através de flashbacks e de conversas intimistas durante a espera para o assalto dos caçadores de prémios que eles pretendem combater.
No final tudo se compreenderá com recurso à técnica dos flashbacks apresentados em ordem salteada provando que a nossa compreensão da história não depende da ordem de ocorrência dos eventos, mas sim de eles terem sido referidos ou não. A filmagem recorre a planos longos, mostrados através de janelas com movimentos de camara ao estilo de Jonh Ford denunciando com isso a “escola” do realizador, o que não é um defeito em si mesmo, pelo contrário. Todavia noutros elementos apresenta-se algo naïf como na idílica viagem em balão, num flashback que apenas distrai o espectador da tensão que se avoluma com a chegada dos assaltantes.
O vilão maior porém, não convence, interpretado por um Ewan McGregor que constrói um personagem sem densidade nem espessura perdendo-se numa caricatura tosca do vilão do inóspito oeste americano. Aliás todos os caçadores de prémios apresentam características algo frouxas para o desempenho esperado.
Todo o filme porém assenta num formalismo de acordo com o figurino, com uma história revelada a conta-gotas que cativa o espectador. A Jane exibe a força adequada à acção embora o rosto da Natalie Portman se apresente demasiado doce em certas cenas. O trabalho de fotografia é irrepreensível e o filme vê-se com agrado no seu todo, embora não permaneça muito tempo na nossa memória.

Classificação: 6 numa escala de 10

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