Sinopse
Um trio de imprudentes ladrões invade a casa de um
homem cego abastado, pensando que irão conseguir safar-se com o assalto
perfeito. Estão enganados.
Opinião por Artur
Neves
“Nunca se deve considerar como adquirido o que ainda
não está na nossa mão” poderia ser o conceito resumo, em jeito de corolário,
sobre a moral que se pode extrair desta história escrita e realizada por Fede
Alvarez, original do Uruguai e já com outras realizações no género, embora
neste caso, elevando-o para um patamar superior, considerando a originalidade e
a simplicidade com que o suspense é
criado e mantido em todo o filme.
O argumento é linear e o espectador cedo fica
informado do que se pretende. Esta característica deixa-o livre para desfrutar
o “como”… o terror é criado, sem monstros estranhos, mortos-vivos, espíritos enviados
do além, ou outros elementos gore de que outros filmes se suportam para criar a
tensão e a surpresa da acção que assim aparece naturalmente, através de pessoas
que agem e actuam segundo os seus instintos para tentar obter o que pretendem.
A escuridão é mais penosa para quem está habituado á
luz, pelo que nesta história a cegueira apresenta-se como vantagem diferenciadora
para quem se defende, atacando os intrusos que o vieram perturbar. O jogo de “gato
e rato” é tecido entre elementos que se apresentam como contraditórios
relativamente ao resultado tradicionalmente esperado entre o gato e o rato.
Toda a acção decorre dentro de uma casa, durante a
noite, na penumbra de uma escuridão provocada em que os olhos são menos
importantes do que outros sentidos que possuímos, tal como; o olfacto e a
audição que assumem aqui um papel fundamental entre quem sabe e não os sabe
usar, tanto na defesa como no ataque, o que torna esta história muito
interessante do ponto de vista formal.
Adicionalmente ao “jogo”
anteriormente referido juntam-se outros elementos de carácter humano que
posteriormente se revelam, fazendo o espectador vacilar sobre o lado em que
implicitamente se colocou desde o início do filme, dando continuidade às
primeiras imagens vistas que até então se tinham tornado incompreensíveis.
A realização convence com o
ambiente criado, os personagens são credíveis, a história é escorreita embora
provoque surpresa e emoção em diferentes situações e por diferentes motivos,
pelo que constitui um meio de diversão agradável para quem não se assustar sem
reais motivos.
Classificação: 7 numa escala
de 10
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