13 de outubro de 2016

Opinião – “Nem Respires” de Fede Alvarez


Sinopse

Um trio de imprudentes ladrões invade a casa de um homem cego abastado, pensando que irão conseguir safar-se com o assalto perfeito. Estão enganados.

Opinião por Artur Neves

“Nunca se deve considerar como adquirido o que ainda não está na nossa mão” poderia ser o conceito resumo, em jeito de corolário, sobre a moral que se pode extrair desta história escrita e realizada por Fede Alvarez, original do Uruguai e já com outras realizações no género, embora neste caso, elevando-o para um patamar superior, considerando a originalidade e a simplicidade com que o suspense é criado e mantido em todo o filme.
O argumento é linear e o espectador cedo fica informado do que se pretende. Esta característica deixa-o livre para desfrutar o “como”… o terror é criado, sem monstros estranhos, mortos-vivos, espíritos enviados do além, ou outros elementos gore de que outros filmes se suportam para criar a tensão e a surpresa da acção que assim aparece naturalmente, através de pessoas que agem e actuam segundo os seus instintos para tentar obter o que pretendem.
A escuridão é mais penosa para quem está habituado á luz, pelo que nesta história a cegueira apresenta-se como vantagem diferenciadora para quem se defende, atacando os intrusos que o vieram perturbar. O jogo de “gato e rato” é tecido entre elementos que se apresentam como contraditórios relativamente ao resultado tradicionalmente esperado entre o gato e o rato.
Toda a acção decorre dentro de uma casa, durante a noite, na penumbra de uma escuridão provocada em que os olhos são menos importantes do que outros sentidos que possuímos, tal como; o olfacto e a audição que assumem aqui um papel fundamental entre quem sabe e não os sabe usar, tanto na defesa como no ataque, o que torna esta história muito interessante do ponto de vista formal.
Adicionalmente ao “jogo” anteriormente referido juntam-se outros elementos de carácter humano que posteriormente se revelam, fazendo o espectador vacilar sobre o lado em que implicitamente se colocou desde o início do filme, dando continuidade às primeiras imagens vistas que até então se tinham tornado incompreensíveis.
A realização convence com o ambiente criado, os personagens são credíveis, a história é escorreita embora provoque surpresa e emoção em diferentes situações e por diferentes motivos, pelo que constitui um meio de diversão agradável para quem não se assustar sem reais motivos.

Classificação: 7 numa escala de 10

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