14 de abril de 2022

Opinião – “Traições” de Arnaud Desplechin

Sinopse

Um escritor americano que vive na Europa. Philip ouve as mulheres... A sua amante que o visita regulamente no apartamento que lhe serve como refúgio... Uma aluna que amou noutra vida... Uma antiga amante internada num hospital em Nova Iorque...

Opinião por Artur Neves

Um escritor que está preparando um livro acerca da particularidade do amor recebe em casa uma amante que discute com ele os pormenores do amor que ambos vivem. Eles são os mais ousados, ela, Léa Seydoux, a amante inglesa, trava com ele todos os pormenores da sua relação tanto nos aspetos íntimos como na relação que ambos constroem analisando com propriedade as suas vantagens que extraem da sua relação. Ela é terna e exibe sempre um sorriso para ele mostrando que para a sociedade o número de adúlteros é uma condição em crescimentos e colocando para ele, que é casado, que a quebra do pacto de confiança de exclusividade não é outra forma de se sentir vivo, considerando que a relação presente já não lhe transmite o que ele procura duma relação.

Arnaud Desplechin um diretor francês, do qual não encontro muitas coisas interessantes para nomear, pegou no romance Deception/Engano de Philip Roth, e não considerou as diferenças de tradução entre as duas línguas nem tão pouco as diferenças de conceitos que intermeia os dois idiomas para nos apresentar este filme que devido a essas duas diferenças poderiam ser mais interessantes. O principal do filme é uma grande serie de diálogos que tecem os pergaminhos das suas escolhas, bem como das suas atitudes, no corpo de personagens franceses que não estamos habituados a entende-los como tal o que nos faz vê-los como estranhos. O intenso texto de diálogos que íntegra as conversas entre os personagens apresenta na sua estrutura algo mais intensos que não são visíveis nos sorrisos em determinadas aturas que e pontuação e as pausas podem reforçar.

Nós aceitamos Filipe (Denis Podalydès) como um profundo interessado nas justificações da sua amante Léa Seydoux, à qual Desplechin não lhe atribuiu um nome, sendo o primeiro um expatriado americano e a segunda na sua língua nativa como se as conversas entre eles seja aceites como parte do que Filipe estava esperando ouvi-los, extrapolando para Rosalie (Emmanuelle Devos) uma a outra relação que ele tinha e que cuidava com uma atenção especial devido à sua doença, ou também a (Anouk Grinberg) sinalada como o Repouso de Filpe e (Madalina Constantin) denominada como La Tchéque, que completam o conjunto das mulheres que integram o leque que com ele convivia deixando para o fim a sua verdadeira mulher que embora aparece várias vezes só no fim é que que toma o seu definido lugar provocando um linguajar que que não nos convence de tanto o vermos falar daquela maneira apenas para contrariar os conceitos que Léa Seydoux verborreia em tantas atitudes uma vezes mais apaixonada, outras menos, mas todas em cenas e padrões que tentariam representar com ardor a jactancia do seu amor.

Devido às suas origens e sem respeito por elas, Desplechin faz Filipe assumir uma batalha de fantasia quando o retrata no presente a responder ás questões de Seydoux, pelos seus argumentos de abuso insensíveis (não esquecer que o cinema já teve uma organização chamada #MeToo) particularmente de abuso a mulheres, muito longínquo do tempo em que o escritor Fhilip Roth escreveu os argumentos que não podem hoje serem auscultados a mesma maneira. Desplechin quer ser fiel ao autor original pelo que introduz alguma graça no texto original (é uma maneira astuta) mas ainda assim é um modo meta textual de atualizar o material colocando-o no circulo especificamente francês quando todo aquelo desiderato é tão verdadeira em cada raça como no resto do mundo de acordo com o seus parâmetros a que estamos habituados a ver.

Toda a história assenta no diálogo Filipe / Seydoux enquanto os outros fazem parte do segundo mundo onde Desplechin faz com que ele procure as suas razões para escrever o livro que aparece como pronto no fim do livro. É ai, na apresentação pública do livro que Seydoux o visite, compra o original e sai sem outra palavra como que a dizer-lhe que apesar do seu diálogo ele não teve mais do que a recolha das notas para um livro que se apresenta. É como que ela considerasse “Decepcion” (o nome original do livro e origem) como o termo mais capaz para todo o trabalho e Filip, porque as ambiguidades que o filme sugere obrigariam a conclusões claras. Não é fácil entender-se o objetivo, muito embora a subtileza do texto nos leve a entender as verdades que são gerais e universais. Para vê-lo recomendo uma disponibilidade mental que nos deve acompanhar todo o filme.

Tem estreia prevista em sala dia 21 de Abril

Classificação: 6 numa escala de 10

 

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