2 de março de 2022

Opinião – “The Batman” de Matt Reeves

Sinopse

Da Warner Bros. Pictures chega-nos “The Batman”, do realizador Matt Reeves, com Robert Pattinson no papel duplo de vigilante da cidade de Gotham e o seu alter ego, o multimilionário solitário Bruce Wayne. Dois anos a assombrar as ruas como Batman (Robert Pattinson), incutindo medo no coração dos criminosos, conduziram Bruce Wayne até às zonas mais sombrias da Cidade de Gotham. Com apenas alguns aliados de confiança - Alfred Pennyworth (Andy Serkis), e o tenente James Gordon (Jeffrey Wright) – entre a rede corrupta de funcionários e figuras proeminentes da cidade, o vigilante solitário estabeleceu-se como a personificação da vingança entre os seus cidadãos.

Opinião por Artur Neves

O homem morcego está de volta neste filme que pode ser uma reinicialização da saga e que promete sequelas com o final do filme indicia. Desta vez Batman, alternando com o seu alter ego Bruce Wayne é interpretado com relativo sucesso por Robert Pattinson que lhe transmite uma intensidade melancólica semelhante ao seu papel de vampiro na saga “Crepúsculo”. Batman é um vigilante que se propõe acabar com o crime que campeia em Gotham City que nos é apresentada numa noite constante que envolve a cidade. Toda a história decorre durante a noite de Gotham e os esparsos raios de sol que podemos ver pertencem a um tempo crepuscular que não rompe a escuridão nem a chuva constante que envolve a cidade, de acordo com a pretensão do realizador, para lhe imprimir o ambiente noir da banda desenhada inicial.

Nesta história o passado, o assassínio de Thomas e Martha Wayne na presença de Bruce na saída de um espetáculo, é uma obsessão de Bruce que o acompanha durante toda a ação, quando a realidade dos enigmáticos crimes que vão ocorrendo vão conduzindo para uma ligação à atividade da sua família, tradicionalmente respeitada e impoluta.

Os crimes são conduzidos por um serial killer, Edward Nashton (Paul Dano) que declara ser o seu objetivo a eliminação da elite corrupta que ocupa todos os lugares de administração da cidade. A investigação policial é conduzida por James Gordon (Jeffrey Wright) que pede a Batman que o acompanhe, o defende e justifica a sua presença quando a corporação a que pertence não compreende a sua inclusão. O primeiro crime ocorre na casa do prefeito da cidade e atual recandidato á reeleição e inclui um cartão do criminoso dirigido a Batman, contendo uma frase cifrada cuja resposta conduzirá ao criminoso. É essa a função de Batman, encontrar as resposta e elucidar a polícia, mas ele prefere continuar sozinho na sua busca pela justiça.

O personagem de Edward Nashton manifesta um maquiavelismo feroz, numa mente desequilibrada muito diferente do anterior Joker que em 2019 ganhou vida própria. Nashton atua sempre mascarado sem possibilidade de ser reconhecido, mas quando posteriormente é preso tem na cadeia o momento alto do seu personagem que nos faz lembrar John Doe em “Se7en” embora com uma temática de vingança significativamente diferente.

Na sua busca pela solução das pistas, Batman cruza-se com Selina Kyle (Zoë Kravitz) que embora não tendo poderes especiais defende-se muito bem em luta e possui conhecimentos de arrombadora de cofres o que constitui a hipótese de introduzir uma química de natureza amorosa com Batman numa história e num tema fundamentalmente masculino no qual as mulheres são meros adornos do ambiente e profissionais do sexo. Selina atua dentro de uma veste de cabedal negro e possui calendário próprio, embora ceda aos pedidos de colaboração com Batman, depois deste a encontrar em plena atuação na violação de um cofre. Ambos não têm a mesma visão dos acontecimentos por motivos que mais tarde saberemos, mas as suas preferências convergem.

“The Batman” é assim uma história filmada num ambiente sub iluminado sobre o personagem de Pattinson com uma identidade secreta e outra bem conhecida de empresário rico que herdou o império Wayne. Na versão secreta ele auto assumiu a sua cruzada de combate ao crime identificando-se como “Vingança” sentindo-se necessário a Gotham mas não amado ou reconhecido por isso e visto como uma aberração que lhe causa uma melancolia permanente a que ele sucumbe. Matt Reeves, o realizador americano que tem no seu portfólio dois “Planetas dos Macacos” de 2014 e 2017 e um excelente filme de vampiros “Deixa-me Entrar” de 2010 tenta elevar Batman à categoria de salvador através dos seus atos, mas ao contar-nos isso em 178 minutos, para alguns pode tornar-se chato, todavia é uma história bem estruturada, de caris fortemente policial com pistas cifradas que nos agarram, naquela cidade às escuras em noites muito chuvosa. É interessante e merece ser visto.

Tem estreia prevista em sala dia 03 de Fevereiro

Classificação: 7 numa escala de 10

 

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