Sinopse
O perspicaz Nathan Drake (Tom Holland) é
recrutado pelo experiente caçador de tesouros Victor “Sully” Sullivan (Mark
Wahlberg) para recuperar a fortuna arrecadada por Fernão de Magalhães e perdida
há 500 anos pela Casa de Moncada. O que começa como um golpe, rapidamente se
torna numa corrida pelo mundo para encontrar este tesouro antes do implacável
Santiago Moncada (Antonio Banderas), que acredita que ele e a sua família são
os seus legítimos herdeiros. Se Nate e Sully conseguirem decifrar as pistas e
resolver um dos mais antigos mistérios do mundo, irão alcançar o tesouro de 5
mil milhões e talvez até o irmão desaparecido de Nate... isto se aprenderem a
trabalhar em equipa.
Opinião
por Artur Neves
A história que suporta o
filme é um argumento de videojogo, no qual os personagens têm todos os
movimentos previstos e o espectador não pode intervir além de olhar, olhar e
continuar a olhar para uma ação que se desenvolve em frente dos seus olhos,
revelando os segredos que ocultam o desfecho final que facilmente se antecipa
sem muita surpresa. Por outro lado não tem novidade. As armadilhas e os
alçapões pensados e criados não foram objeto de um rasgo visionário de um
argumentista em ascensão mas antes a repetição com algumas variantes de
situações já vistas, recicladas, reinterpretadas que conduzem sempre à mesma
solução e ao mesmo final estafado do bem que vence o mal, glória aos heróis e castigo
aos vilões.
Quando se começa a ver
recordamos algo semelhante de outras épocas, como “Os Salteadores da Arca
Perdida” e as suas sequelas, porque na essência a história remete-nos para essa
mirífica idade em que um professor de História de uma faculdade, despia o fato
da cátedra envergava a pele do explorador científico e partia para outras
paragens em busca do Santo Graal da cultura que haveria de certificar a sua
tese debatida em plenário. Claro que era uma história, mas a sua devoção ao
resultado era mais séria e tanto as motivações como as atitudes estavam
impregnadas duma dignidade que neste “Uncharted” não paira por qualquer das cenas.
Claro que no outro era tudo falso, a fingir, mas neste a justificação são
somente a ganancia e a ideia de poder que se esboroa no tempo.
Este “Uncharted” possui uma
história muito acessível, logo ao nível dos videogames
e uma dinâmica bem humorada que todavia não são suficientes para transformarem
em homem o personagem criança crescida Nathan Drake (Tom Holland), bar tender de profissão em Nova Yorque
que abandona as sua atividades quando desafiado por Victor Sullivan (Mark
Wahlberg) para procurar o ouro perdido na viagem de Fernão de Magalhães no
século XVI, que constitui igualmente o projeto de Santiago Moncada (Antonio
Banderas) só que com mais meios e dinheiro contrata mercenários para lhe
fazerem o trabalho que serão os principais vilões contra quem Nathan e Sulli têm
de se confrontar em toda a demanda pelos locais menos comuns, que as pistas
indiciam. Porém, ainda existe mais um personagem Chloe Frazer (Sofia Ali), que
de acordo com as circunstâncias, joga para ambos os lados em todas as situações
construídas por Ruben Fleischer e sua equipa, que apesar da multiplicidade de
confrontos cruzados não confere ao filme um “sabor” que o caraterize. O que é
pena, porque em algumas sequências mais arrojadas sente-se que foram construídas
com imaginação, todavia a brevidade da sua duração e a sua imediata superação
tornam-nas vulgares e supérfluas.
No seu conjunto a história
explora uma tradição de aventuras perversas, com uma equipa de heróis que desconfiam
todos uns dos outros para conferir à aventura um cariz de imprevisibilidade em
todas as pistas encontradas por Nathan, o mais bonzinho de todos, Sulli, o mais
sarcástico, e Chloe que conhece e não confia em Sulli e que por isso duvida de
Nathan. Não há química entre eles e do lado dos vilões só Jo Braddock (Tati
Gabrielle) contratada pelo implacável Moncada se fixa no nosso olhar pelo
irrealismo de algumas ações. Bem sabemos que os filmes de aventuras há muito
tempo abandonaram as leis da física mas uma série de paletes carregadas a saírem
amarradas de um DC10, em pleno voo, como mostra o poster do filme, parece imediatamente impossível, porém constitui um
exemplo da prodigiosa imaginação dos efeitos especiais e faz-nos pensar nas
possibilidades que sobram para os personagens. É uma aventura total e o que
mais interessa é a pura fruição das sequências arrojadas, se não é este o seu objetivo
caro leitor, então este filme não é para si.
Tem estreia prevista em sala
dia 17 de fevereiro
Classificação: 5 numa escala
de 10
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