Sinopse
Lucy Skinner (Aubrey Plaza)
herda do pai uma seleta editora, mas a ambiciosa aspirante a diretora quase
afunda a empresa com uma série de péssimos livros que recebem críticas
negativas. Quando descobre que Harris Shaw (Michael Caine), um escritor
recluso, rabugento e entorpecido pelo álcool, que inicialmente pôs a editora no
mapa, lhe deve um livro, vê nele a tábua de salvação, tanto comercial como
crítica.
E o momento não podia ser
mais perfeito. Harris deve dinheiro e tem um novo livro que ele próprio odeia.
Lucy fica eufórica, até descobrir que o antigo contrato de Harris estipula que
ninguém pode rever o seu trabalho. Porém, em troca, tem de fazer uma digressão
para promover o livro. E assim nasce a digressão literária do inferno, onde a
fama não é igual a fortuna, os seguidores do Twitter valem zero e o legado que
se tenta defender pode ter nascido de mentiras que não poderão ficar guardadas
no passado.
Opinião
por Artur Neves
Este “Best Sellers” vale
pela aparição de Michael Caine com os seus 89 anos bem medidos e bem usados nos
seus mais de 130 filmes ne curriculum, em que presumo, deve dar-lhe o privilégio
de trabalhar só quando o argumento o diverte e onde pode exibir ser prejuízo para
o papel, o seu olhar descaído e o seu sotaque inglês de classe trabalhadora
média baixa, algo diferente do Inglês tradicional de Londres, o seu sotaque cockney que já lhe serve com imagem de
marca e de identificação de origem.
Em termos de atuação Harris
Shaw (Michael Caine), traz o seu melhor para o personagem de um romancista britânico,
velho, com pouco cuidado com a sua pessoa, forte consumidor de álcool enquanto
fuma o seu charuto, recluso de memórias na casa desarrumada e em ruínas, em que
vive e sofre a solidão pela morte da sua mulher, acompanhado de um gato que
apesar da pouca atenção com que o trata é o único elemento vivo que o acompanha.
Harris está zangado com tudo e com todos e mostra bem esse desagrado nos avisos
que coloca na porta de entrada e nas traseiras para que se afastem todos os que
o procuram.
Uma entusiasta do mundo dos
livros Lucy Stanbridge (Aubrey Plaza) herdou de seu pai uma editora independente
em Nova Iorque, (algo muito improvável hoje em dia) outrora promissora, mas
agora com as múltiplas alternativas ao dispor para ler livros já teve dias
melhores. Os jovens de hoje não entendem o valor dos livros, a importância de os
folhear, de os conhecer na sua integridade, considerando que atualmente os
meios eletrónicos e as redes sociais determinam o que se lê, o que é
importante, o que marca, o que vale a pena, com duas palavras e pouco conteúdo.
Ela porém, está determinada a salvar o legado de seu pai e a marca da livraria,
pelo que entende que seria o aparecimento de um Best Seller o elemento capaz de operar o milagre. Para isso procura
um êxito antigo e propõe-se encontrar o seu autor. Todavia, quando ela encontra
a obra que tornou famoso o seu pai e projetou o autor do livro, fica horrorizada
ao ver que ele se tornou um bêbado, velho, e mais famoso pelo seu comportamento
excêntrico do que pelo seu valor literário. Porém a necessidade une-os, ela
precisa de dinheiro e ele tem um novo livro chamado “The Future is X-Rated” que
com alguma dificuldade e quezílias ela consegue que ele promova para o
benefício de ambos.
Lina Roessler é uma
realizadora de primeira viagem, uma estreia em longas metragens, tendo apenas
até agora dado corpo a três pequenos filmes curtos, mas não se pode dizer que
saia mal da empreitada. Apoiada por bons desempenhos anteriormente citados e um
secundário de peso, Scott Speedman como (Jack Sinclair) que quer conquistar
Lucy para a convencer a vender a editora, desenvolve uma história pouco verosímil
mas com momentos doces entre Harris e Lucy que com a convivência a que a
digressão literária promoveu, a diferença de idades faz despertar entre ambos sentimentos
de pai e filha e as revelações que são proferidas por Harris fazem-nos
descobrir a verdade sobre o seu pai e reconhecer os motivos de Shaw que
justificam a sua posição de descrença e revolta. A história também refere algo
interessante sobre a morte da alfabetização pelos livros e como do nada, nascem
as celebridades nas redes sociais apenas porque são faladas e são os meios que os
podem fazer nascer e acabar. O final é com uma surpresa adequada á temática e
se não houver mais nada para fazer, porque não vê-lo?...
Estreia em sala no dia 13 de
Janeiro
Classificação: 5 numa escala
de 10
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