Sinopse
Da visionária realizadora
Lana Wachowski chega-nos o tão aguardado 4º filme da inovadora franquia "A
Matriz", que redefiniu o género. O novo filme reúne os protagonistas
originais Keanu Reeves e Carrie-Anne Moss nos personagens icónicos dos famosos,
Neo e Trinity.
Opinião
por Artur Neves
Mais uma vez discordo do “aportuguesamento”
do título original de “Matrix” mas as coisas são o que são e não me irei deter
neste pormenor, referindo apenas que é o 4º blockbuster
que faltava neste ano, devido aos adiamentos provocados pela pandemia.
Matrix é um filme
especulativo, isto é, ele combina a ficção informática através e uma realidade
alternativa digital dos game makers
de jogos de computador, com reflexões sobre a vida real nunca nos mostrando
claramente em que plataforma nos encontramos porque a passagem entre os dois
mundos é fluida e sequencial em função dos acontecimentos. Porém a filosofia
expositiva sobre a vida e o amor são os temas mais fortes do filme embora de uma
maneira que não nos foi mostrado nos três filmes anteriores da série,
recuperando-se neste várias passagens icónicas já vistas anteriormente.
Recordando a história base
desta saga (acho útil rever o fulcro da história) a humanidade, as pessoas,
teriam sido sequestradas dentro de um ambiente que simulava a realidade para
servirem de alimento, de fonte de energia, às máquinas que se tinham
desenvolvido ao ponto de serem capazes de controlar o mundo. Porém, um intruso
não vinculado ao videogames, Tomas Anderson, Neo, (Keanu Reeves) começa a ter
dúvida da realidade que o cerca e inicia a busca de uma verdade em que possa
confiar, através da sua introdução no sistema, no programa de simulação da
realidade. Durante esta sua investida ele conhece outra hacker, Trinity (Carrie-Anne Moss) com quem estabelece uma relação
afetiva que vai pautar a sua atuação e os seus objetivos, e que o leva ao contacto
com do chefe da revolução contra as máquinas dominantes Morpheus (Laurence
Fishburne, já falecido e substituído neste filme por; Yahya Abdul-Mateen II)
que lhe revela a realidade simulada em que vive e lhe dá a escolher a toma do
comprimido vermelho ou do comprimido azul, para enfrentar a dura realidade ou
continuar ou viver na simulação, respetivamente. É o filme a apelar ao livre
arbítrio da humanidade de uma forma simplista, apenas pela decisão voluntária
sem atender às condicionantes e consequências de todas as nossas decisões. Neo descobre
assim a verdade que procurava e junta-se à luta contra os “Smiths”, os homens de fato e óculos negros que contaminavam todos
os habitantes com quem contactavam com um vírus para ficarem ao serviço das máquinas.
Todavia Neo consegue chegar ao Deus Ex-Máquina e negociar com ele a paz com os
humanos, bem como a eliminação do agente Smith numa luta derradeira em que não
há vencedores. Neo também sucumbe ao Smith.
Neste “Matrix” 4 temos então
o reaparecimento de Neo, (a ressurreição) através de uma intervenção nos
códigos dos atuais jogos de computador com um código antigo e já pouco usado
que o revela, na consola de trabalho de Tomas Anderson que já se tinha
esquecido da dupla personalidade que possuía. Aliás nesta história ele anda a tratar-se
com um psicoterapeuta por causa de uns sonhos recorrentes que o assaltam e lhe
causam depressão. A terapia prescrita pelo médico são os comprimidos azuis
anteriormente conhecidos que o fazem permanecer no mundo virtual e ao
espectador devem alertar para o duplo papel que o psicoterapeuta deve estar a
cumprir, porque viver uma fantasia não é saudável.
Tal como nos anteriores,
este Matrix tem cenas extraordinárias concebidas nos sonhos de Thomas Anderson
que geram uma simulação, mais devida à quantidade de pílulas azuis que toma do
que a pílula vermelha que tomou o primeiro filme em busca da verdade e da
realidade, sendo assim uma reinicialização com tiradas filosóficas que
enquadram um amor recuperado entre Neo e Trinity, no meio de explosões grandiosas
em câmara lenta a várias velocidades, com balas que se apanham com a mão e
muitos metadados que renova muito pouco o quadro geral anteriormente criado. No
seu enredo apoia-se em várias filosofias que foram pensadas e debatidas longo
dos tempos mas que a sua conclusão assenta principalmente em que; nem tudo o
que parece é. Neo apresenta-se com um poder diferente, mais repartido pelos
outros personagens que talvez devido à idade do protagonista tem menos
movimento, mais argumentação e uma inspiração de que consegue voar, ou pelo
menos sonhar que pode voar.
Para os amantes da saga o
filme é bem-vindo e era esperado, para todos os outros sublinha-se na história que
o mundo tal como o conhecemos é uma ilusão que recomenda a dúvida sistemática
para se atingir a verdade. Por vezes nem podemos confiar nos nossos próprios
sentidos e iludirmo-nos com poções mágicas ou comprimidos de cor diferente, é
retardarmos a tomada de consciência. Thomas Anderson só chegou a Neo porque
duvidou e perseguiu a dúvida, através de efeitos visuais impressionantes, lutas
demolidoras e muitos tiros. Os outros elementos são o visionamento em IMAX, com
som Dolby Atmos que torna o filme muito mais imersivo e emocionante ao longo
dos seus 148 minutos. Gostei, embora incorpore pouca novidade para lá do desenvolvimento
tecnológico relativamente ao filme de 1999 em que a Internet dava ainda os seus
primeiros passos.
Tem data de estreia prevista
em sala para dia 22 de dezembro
Classificação: 7 numa escala
de 10
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