Sinopse
Pierre (Vincent Lindon, de “A
Lei do Mercado”) é um executivo em funções na sua empresa familiar de vinhos.
Prestes a firmar o que ele julga ser o negócio do século, ele deve concluir uma
última formalidade: conseguir a assinatura do seu primo Adrien (François
Damiens, de “A Família Bélier”) que possui 50% das ações da empresa. Os dois
vão embarcar na viagem de negócios mais explosiva das suas vidas onde os
sentimentos familiares serão testados ao limite.
Opinião
por Artur Neves
Este filme, na tradição
comum do cinema francês, apresenta-nos uma história em jeito de comédia, mas
com mais mensagem para lá dos gags
normais dos filmes de comédia, na viagem de avião e noutras cenas que conduzem
a trapalhadas caricatas das suas personalidades dissonantes, considerando que
se trata do confronto de dois homens com posturas perante a vida profundamente
diferentes que o acaso conduziu a um projeto comum abordado à luz das suas
diferenças.
A sinopse sumariza a
história que não passa da realização de um negócio de compra de uma empresa e
de uma marca com créditos firmada no ramo, com vista ao incremento da empresa
familiar de vinhos de que ambos são possuidores, que lhes trará inerentes benefícios
mútuos na continuação do negócio. Todavia a história profunda assenta no olhar
diferente que ambos têm sobre o negócio comum, nos diferentes pormenores que
ambos valorizam na empresa, decorrente da forma muito diferente que ambos têm
em ver o mundo, o amor e as coisas da vida. É mais um filme de pormenores, de
subtilezas, que embora não sendo óbvias e tradicionais, devido às suas
diferentes personalidades, não deixam de ser subtis e de pormenor.
Pierre Pastié é o gestor
focado no trabalho, na obrigação de conseguir o progresso continuado para a sua
empresa, criar e manter oportunidades de negócio cada vez mais vantajosas com prejuízo
da atenção devida à sua família, ao filho e à sua casa. Adrien Pastié, seu
primo muito chegado devido a tê-lo salvado de um desastre de afogamento, como
viremos a saber mais tarde, é o oposto dele. Desorganizado, sempre inspirado
para viver o momento, indiferente às consequências das suas atitudes,
intempestivo sem contudo ser violento e com uma sensibilidade exacerbada em
relação a tudo o que o cerca e envolve. Desaparece sem deixar rasto nem
atualiza a sua localização, como desta vez em que já não via o primo Pierre há
10 anos e só volta para se inteirar da necessidade da sua presença no negócio
que Pierre quer consumar. Todavia a sua forma de interagir com o meio é
totalmente personalizada e estranha aos olhos menos habituados a compreender comportamentos
fora da caixa, o que gera todo o enredo da história contada neste filme.
Como pode imaginar-se não é
fácil objetivar diferenças subtis entre pessoas, o que torna a história
interessante do ponto de vista da surpresa que as diferentes conceções possam
apresentar, mas por outro lado enferma de uma narrativa com pouca dinâmica
porque fica declarada à partida a divergência mútua de opiniões, tornando esta
algo arrastada. Porém, o twist final
imposto à história, com um misto de lucidez, humanidade e discernimento inesperado
de onde menos era previsível, reabilita a confiança nas personalidades flexíveis
relativamente às obstinações teimosas. Interessante.
Tem estreia prevista em sala
para dia 18 de Novembro
Classificação: 5 numa escala
de 10
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