Sinopse
Quando Carly Spenser (Carly
Pope) descobre que a sua mãe Angela (Nathalie Boltt) entrou em coma, concorda
relutantemente em participar numa terapia inovadora que lhe permitirá entrar no
cérebro ainda ativo de Ângela e comunicar com ela. Observada pelo médico
Michael (Michael J. Rogers) e pelo neurocientista Daniel (Terry Chen), Carly
entra numa simulação da paisagem mental de Ângela, onde descobre a poderosa
força sobrenatural que levou a sua mãe a cometer atos de violência
indescritíveis quase duas décadas antes. Assombrada por visões aterradoras,
Carly junta forças com o seu velho amigo Martin (Chris William Martin) enquanto
tenta desesperadamente afastar o demónio monstruoso antes que este possa entrar
num novo corpo e infligir mais dor e sofrimento ao mundo. Um thriller de terror
com um toque de alta tecnologia escrito e realizado por Neill Blomkamp
(Distrito 9; Elysium).
Opinião
por Artur Neves
Neill Blomkamp é um realizador
sul-africano nascido em Johannesburg em 1979 que tendo vivido alguns anos no
regime de apartheid que vigorou entre 1948 e 1990 impondo uma violenta segregação
racial, apresentou-nos em 2009 um filme de ficção científica; “Distrito 9” onde
se vivenciava esse regime já em ambiente de caos, o que tornou a história surpreendente
na época, e motivou uma aceitação generalizada, não tanto pela história em si,
mas por toda a textura social onde ela se desenvolvia. Seguiu-se “Elysium” em
2013 e também “Chapiie” em 2015, ambos no tema da ficção científica, tendo sido
realizações que alcançaram notório sucesso. No primeiro caso apresentando também
um tema sobre segregação de classes que motiva uma revolução popular artilhada
por meios técnicos evoluídos e em “Chappie” a história de um robot “fofinho” a puxar
mais para ternura e menos para a tecnologia.
Em termos abstratos nada
obsta em associar à ficção tecnológica qualquer tema social objeto de denúncia
por parte do seu autor, mas associar o sobrenatural, qualquer que ele seja de
duvidosa realidade existencial, à investigação ficcionada ou não, em neurociência,
gera, como no presente filme, uma dissonância de meios incompatível com ambos
os temas. Ou seja, dito de uma forma mais concreta e objetiva; O demónio
infiltrado no corpo de Angela, a mãe desaparecida de Carly, só pôde ser eliminado
espetando-lhe a ponta de uma lança com poderes mágicos, resgatada de uma mitologia
inventada à pressa para matar o “bicho” e evitar a sua propagação pela ocupação
indevida de outro corpo hospedeiro. Ainda bem que nós vemos o demónio a arder
em chamas, o que indicia que não haverá uma sequela, todavia em cinema e com
demónios destes nunca se sabe ao certo o que resultará no futuro.
Foi assim que eu vi este “Demoníaco”
filme, em que uma filha ostracizada pela mãe e a quem ela respondeu da mesma
maneira, se predispõe a participar numa experiencia neurocientífica tal como
descrito na sinopse que eu me escuso de reproduzir. O que se segue são viagens
pelos locais recriados pelo pensamento da mãe em que a filha a procura,
seguindo uma voz que a chama para se encontrarem nos sítios mais estranhos em
que a mãe manda a filha embora avisando-a de que está em perigo. Então se sabia
que se ela a encontrasse estaria em perigo porque a chamou?... Porque era o
demónio que habitava o seu corpo que lhe ordenava… responderá quem vir o filme.
Então se o demónio que a possuía procurava outro corpo para habitar, porque
permitia que ela depois de encontrar a filha, lhe dissesse para se afastar
porque estava em perigo?... Enfim, são incongruências destas destinadas a estender
o argumento durante o tempo previamente estabelecido para o filme que me
provocam a sensação de incapacidade na transmissão da ideia de medo, de
história de suspense, ou mais
profundamente ainda, da existência de uma transcendência maligna, que nem
precisa de forma ou corpo, para consumar os seus maléficos desígnios. Uma desilusão
e um desperdício de tempo.
Tem estreia prevista nos
cinemas em 25 de Novembro
Classificação: 2 numa escala
de 10
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