Sinopse
Em 1998, Isabel tinha a
família perfeita até que um dia chega a casa e descobre que o seu filho de 11
anos desapareceu. A partir desse momento tudo muda. Apesar da cobertura
mediática do caso e da existência de um suspeito a justiça falha constantemente
e Isabel percebe que somente ela poderá manter viva a busca por Pedro.
Passam-se quinze anos e apesar de todos os obstáculos que encontra Isabel vai
continuar a fazer de tudo para reencontrar o filho que todos querem que
esqueça, mas que ela acredita que ainda está vivo. Uma
mãe sabe.
Opinião
por Artur Neves
A história deste filme é
baseada no caso do desaparecimento do Rui Pedro, um menino de 11 anos que desapareceu
em circunstâncias misteriosas em 4 de Março de 1998 quando passeava com um
amigo, ou pelo menos conhecido da família, que à partida não indiciava qualquer
inconveniente na sua companhia.
A história, tal como a
realidade, são inconclusivas até ao momento dos reais motivos do
desaparecimento do Rui Pedro (referido apenas por Pedro em todo o filme) e
constituiu o caso mais notório de desaparecimento de menores, antes do caso
Maddie no Algarve, ainda em investigação internacional.
O filme começa com as buscas
do Pedro, pelos locais onde seria mais provável a sua presença, matas, bosques,
ruínas de casas abandonadas por um grupo de vizinhos da família. Ao fim de algum
tempo de busca infrutífera o grupo separa-se e ressalta aqui a angústia
crescente de Isabel (Ana Moreira) que de por todos os meios procura o seu filho
por todos os meios e em todo o lado a que tem o ensejo de ir. Aqui compete-nos
elogiar o personagem construído por Ana Moreira, correspondente à verdadeira
mãe de Rui Pedro, mostrando o desespero inicial pela perda, o crescendo de
raiva pela inércia das autoridades, a angústia pelo passar do tempo sem
qualquer progresso visível e a perseverança em não deixar cair o assunto contra
todas as vozes que recomendavam o abandono e a pacificação.
Isabel, não descansa, a sua
esperança em encontrar Pedro é constante, embora à custa da sua degradação
física e mental mostrando-nos os traços da dor infligida por tamanha perda. Chegam
sinais ténues da sua eventual presença algures, que ela segue até à exaustão de
resultados. A polícia judiciária não sai muito bem na fotografia, quando 13
anos depois do desaparecimento, o novo inspetor que ficou com o caso chega a
resultados suficientes para conduzirem a tribunal o principal suspeito que até
ao momento se recusara a falar. O anterior responsável do caso, entretanto
reformado, é chamado a depor e não apresenta justificações atendíveis para tão
grande demora processual, nem para a desclassificação das testemunhas que foram
finalmente consideradas. O principal suspeito recusa-se a falar em tribunal e o
caso é novamente encerrado sem solução.
Há suspeitas e indícios
dessas suspeitas mas a ausência de provas inibe uma condenação e tudo volta ao
ponto de partida que teve como principal resultado a infelicidade de uma família
e a desestruturação de uma mulher que ainda hoje não perdeu as esperanças de
encontrar o seu filho desaparecido.
É uma história de amor,
força e coragem de uma mulher que ainda não desistiu de procurar o seu filho
que desapareceu. Tem boas interpretações, já foi premiado em festivais de
cinema internacionais e representa mais uma página de bom cinema português dirigido
por um realizador para o qual este filme é o seu terceiro trabalho e merece
atenção futura. Interessante.
Tem estreia prevista em sala
a 14 de Outubro
Classificação: 6 numa escala
de 10
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