10 de setembro de 2021

Opinião – “Espécie Ameaçada” de M.J. Bassett

Sinopse

“Espécie Ameaçada” é a história de uma família americana que parte para as suas férias de sonho numa reserva natural no Quénia. Mas quando o patriarca interpretado por Philiph Winchester decide que não precisa de seguir as regras do parque e sai do trilho para encontrar o rinoceronte que a sua esposa, Rebecca Romijn, tanto quer ver, o seu sonho transforma-se num pesadelo. Após a sua carrinha ser atacada pelo animal que vieram ver, a família vê-se forçada a tentar sair do mato a pé. Em breve, descobrem que o rinoceronte é a menor das suas preocupações… e que perigos muito mais aterradores espreitam no deserto africano.

Opinião por Artur Neves

M.J. Bassett começou a sua carreira como fotógrafa da vida selvagem para as revistas da especialidade e posteriormente dedicou-se ao cinema desde 2002, tendo em 2012 dirigido “Silente Hill – Revelação” e em 2020 “Rogue” também dedicado à defesa da vida selvagem, cujos títulos são mencionados no poster promocional do filme. Se refiro isto, é porque penso que seria melhor omitir essas duas referências, considerando que para quem as viu constituem referências negativas em vez de atrativas para o visionamento desta sua nova realização. O filme de 2012, sem história que consubstancie a ação, não passa de uma perseguição gore, de uma jovem, através de corredores escuros e caves onde aparecem sustos e surpresas ao nível do “comboio fantasma“ das feiras itinerantes, corporizando o mais espalhafatoso dos maus filmes de terror. Quanto ao “Rogue”, que advoga a defesa da vida selvagem em África, não consegue convencer o espectador das suas premissas, decorrente duma paupérrima interpretação dos seus personagens e duma pobreza de realismo nas cenas de ação.

Curiosamente porém, M.J. Bassett evolui-o um pouco desde o seu último trabalho de 2020, e este “Espécie Ameaçada”, sem ser brilhante, reúne elementos de valorização que o tornam visível ao longo dos 101 minutos de duração. Aborda o tema da caça furtiva ao rinoceronte e ao elefante para lhe colher o corno como afrodisíaco de excelência em algumas culturas e os dentes de marfim muito cobiçados no mercado da arte. Para isso serve-se de uma família de americanos comuns embevecidos pela sua desejada viagem ao Parque Nacional Amboseli no Quénia e perdidos nas suas quezílias familiares inultrapassáveis onde para mim reside o interesse secundário do filme.

Jack Halsey (Philip Wincester) é o pai de família espertalhuço bacoco que pagou a viagem, no momento em que foi suspenso pela empresa de exploração petrolífera onde trabalha na sequência de um erro crasso de sua autoria que o pode levar ao despedimento, para satisfazer o desejo antigo de sua esposa Lauren Halsey (Rebecca Romijn) doente diabética de 1º grau e insulino dependente a quem a mais sensata recomendação desaconselha uma viagem como aquela, acompanhados pelos seus filhos Zoe Halsey (Isabel Bassett) imberbe e mimada que arrasta consigo o namorado hippie, Billy Mason (Chris Fisher) desempregado e sempre pronto para fumar uma ganza e o seu filho Noah Halsey (Michael Johnston) homossexual assumido e apaixonado por Sam, seu companheiro que Jack não consegue aceitar.

E assim, no meio de múltiplas indiretas atiradas por todos contra todos, este caldeirão de contradições é literalmente lançado aos bichos (Jack como sabe que vai ficar desempregado não incluiu na viagem o seguro nem guia turístico) predispõe-se a fazer a viagem de carro pelo parque, sozinho com a família, sendo como é lógico, abalroado pelo primeiro rinoceronte que encontra no caminho, previamente assinalado como interdito mas perfeitamente violavel para um americano arrogante que aprende, embora tarde, a lição da sua vida.

No seu todo o filme tem momentos interessantes e destina-se a aumentar a consciencialização sobra a caça furtiva de rinocerontes e dos meios que estão sendo usados para os defender baseados nos esquadrões femininos anti caça constituídos por mulheres autóctones e embora a história se apresente como escorreita, é fácil antecipar o seu desfecho, limitando a surpresa.

Nos cinemas a 16 de Setembro

Classificação: 5 numa escala de 10

 

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