Sinopse
Após os ataques de 2001 ao
World Trade Center e ao Pentágono, o Congresso Norte-Americano nomeia o
advogado Kenneth Feinberg (Michael Keaton) para liderar o Fundo de Compensação
às Vítimas do 11 de Setembro. Incumbidos de distribuírem os recursos
financeiros pelos familiares das vítimas da tragédia, Feinberg e a sua colega
Camille Biros (Amy Ryan) enfrentam a impossível tarefa de calcular o justo
valor a conceder por cada vida perdida. Quando Feinberg se cruza com Charles
Wolf (Stanley Tucci), um organizador comunitário que lamenta a morte da sua
esposa, o seu cinismo inicial transforma-se em compaixão, quando ele começa a
compreender os verdadeiros custos humanos da tragédia.
Opinião
por Artur Neves
Chegado precisamente na
celebração do aniversário do vil ataque às torres gémeas em 11 de Setembro de
2001, este filme baseia-se no relato de Kenneth Feinberg, o verdadeiro, que
verteu no seu livro "What is Life
Worth?" as suas experiencias, dificuldades e contradições durante o
seu trabalho em encontrar o valor da indemnização pecuniária pelas vítimas
resultantes do hediondo ato terrorista na cidade de Nova Iorque. O trabalho foi
encomendado pelo governo americano para evitar a avalanche de processos civis
que ao longo do tempo em que decorreriam paralisariam a indústria dos
transportes aéreos e fariam colapsar muitas das seguradoras envolvidas. É em
suma a expressão do luto nacional pela tragédia, com a atenção nos interesses comerciais
do país.
Sara Colangelo que nos trouxe
“A Educadora de Infância” em 2018 com relativo sucesso, abraça agora este
ambicioso processo de nos contar a saga épica de Kenneth Feinberg (Michael
Keaton) em encontrar a fórmula mágica que contemplasse o mais justa e equitativamente
possível os herdeiros, descendentes, ascendentes e colaterais relacionados com
as vítimas da tragédia. Kenn, como gosta de ser tratado, e a sua equipa têm
dois anos para descobrir quanto e quem merece o quê a partir de uma lista de
nomes das vítimas, incompleta quer em número como em qualificação das pessoas
falecidas, que se encaixe dentro do limite estabelecido pelo governo para o Fundo
de Compensação. Esse valor foi inicialmente fixado em $350 milhões de dólares.
Kenn Feinberg tinha a
reputação de resolver casos impossíveis e cumpre os requisitos para desenvolver
com êxito a tarefa que lhe foi confiada. O ator assenta como uma luva no personagem,
pois Michael Keaton possui uma energia nervosa e um magnetismo multifacetado
que justificaram o Oscar de “Homem Pássaro” de 2014, ou o êxito de “O Caso Spotlight”
de 2015 em que a sua participação foi determinante para o êxito alcançado e
goste-se ou não dele, a sua presença é uma garantia de que o seu personagem é
uma entidade pulsante, com objetivos, humor e densidade dramática que polariza
a história, até nos momentos em que reconhece o falhanço das suas premissas
iniciais.
O seu principal adversário é
Charlie Wolf (Stanley Tucci), um viúvo de falas mansas que constrói um blogue
chamado “Fix the Foud” onde critica
abertamente os métodos de Kenn e reúne com os familiares para debater os erros
de atribuição pecuniária, exortando-os a tentarem maximizar os valores e não
assinarem nada abaixo do que pretendem. O outro adversário é Lee Quinn (Tate
Donovan) um advogado oleoso que toma a defesa dos altos quadros que trabalhavam
nos edifícios e quer refletir nas indemnizações não só os vencimentos atuais
mas também os vencimentos e prémios futuros dos seus representados a troco do
compromisso da desejada assinatura de consentimento.
É uma história complicada
recheada de confrontos humanistas e sociais que representam os casos mais
significativos que Kenn Feinberg teve de enfrentar mostrando complexidades e
surpresas que a fórmula inicialmente prevista não poderia resolver, nem tão
pouco o budget estipulado que foi
sendo aumentado durante o tempo da investigação até á cifra final de 7 mil
milhões de dólares, a cinco dias do prazo limite.
Todo o filme debate o
sentimento de consciência da perda e a abordagem sincera do valor da ligação sentimental
entre as pessoas que se ligaram por variadíssimos modos, alguns dos quais não
reconhecidos pelas leis vigentes à data, o que confere a todo o material um
elevado grau melodramático que a realização soube tornar contemplativamente
convincente e sóbrio. Muito interessante em todos os seus 118 minutos,
recomendo.
Estreia nas salas no dia 9
de Setembro
Classificação: 7 numa escala
de 10
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