19 de setembro de 2021

Opinião – “COPSHOP – Não Fazemos Prisioneiros” de Joe Carnahan

Sinopse

Atravessando o deserto de Nevada em um Crown Vic cheio de balas, o astuto vigarista Teddy Murretto (Frank Grillo) trama um plano desesperado para se esconder do assassino letal Bob Viddick (Gerard Butler). Ele dá um soco na oficial novata Valerie Young (Alexis Louder) para ser preso e trancado numa esquadra de polícia de uma pequena cidade. A prisão não pode proteger Murretto por muito tempo, e Viddick planeia o melhor caminho para a sua detenção, ganhando tempo numa cela próxima até que ele possa completar sua missão. Quando a chegada de um assassino rival (Toby Huss) desencadeia o caos total na esquadra, crescentes ameaças forçam Viddick a ser criativo se quiser terminar o trabalho e escapar com vida daquela situação explosiva.

Opinião por Artur Neves

Desde “Assalto à 13ª Esquadra” de 1976 e do seu remake em 2005, que não me lembro de um filme de acção feito dentro de uma esquadra de polícia que, de modo diferente do primeiro, reporta um exemplo de uma corporação policial americana em Gun Creek, bem equipada do ponto de vista do escritório, em dois pisos, com o polícias sentados em secretárias espaçosas, num espaço bem decorado e luminoso, embora praticando rotinas desorganizadas e comportamentos laxistas, composta por elementos incompetentes para desempenharem a função, situada numa planície árida próxima da vila, mas enfim, o realizador Joe Carnahan lá deve ter tido as suas razões para nos apresentar esta situação.

A acção começa com a prisão de um homem bêbado Teddy Murretto (Frank Grillo) que vemos a abandonar um automóvel e correr desesperadamente pela estrada deserta até à esquadra com o objectivo de ser preso para se resguardar de um perseguidor que na altura desconhecemos, considerando que o motivo direto da prisão é um soco da cara de uma mulher polícia Valerie Young (Alexis Louder), desferido propositadamente para que esta o prendesse num local que ele pensava ser seguro.

De seguida outro bêbado de nome Bob Viddick (Gerard Butler), é conduzido à esquadra por manifesta impossibilidade de capacidade de condução da viatura em que seguia e curiosamente é detido na cela fronteira à de Teddy, considerando que segundo as regras da prisão dois bêbados não podem ser colocados na mesma cela. Bob procura ajustar contas com Teddy e não hesitou em arranjar aquele ardil para se infiltrar na prisão.

É com esta premissa que Joe Carnahan desenvolve uma história de acção com muita emoção, suspense e surpresa considerando que não sabemos quem ou o quê está ligado aqueles dois homens, que vamos sabendo que se conhecem, têm ligação um com o outro e fazem ameaças mútuas sobre assuntos que desconhecemos, contrariamente ao que acontecia em “Assalto à 13ª Esquadra” que não passava de uma tentativa de invasão de vândalos assassinos a uma esquadra com guarnição reduzida com o fim de libertação de um capanga que se encontrava detido.

Neste filme porém, o maior interesse está no estudo dos personagens do submundo que habitam o espaço da esquadra com particular ênfase para o psicopata assassino Toby Huss (Anthony Lamb) contratado pela máfia, que entra no edifício atrás de um conjunto de balões de aniversário e mata vários polícias sem motivo aparente com uma frieza gélida e um interesse também centrado em Teddy, que procura pelos corredores da esquadra enquanto dispara um metralhadora de cano curto contra portas em aço e vidro à prova de bala com o intuito de entrar na zona das celas. Ele desempenha um personagem sensacional recheado de obsessiva energia maníaca no cumprimento da sua missão e ocupa toda a ação durante o tempo em que aparece. Apresenta um nível de maldade que faz de Toby um vilão memorável de voz sibilante, escarninha, gloriosamente inqualificável que não importa quão horríveis sejam as suas ações, mas sim o gaudio com que as pratica.

Para equilibrar toda esta demência resta-nos somente a oficial Valerie que foi agredida por Teddy, mostrando honestidade, rigor profissional, orgulho na profissão e coragem que por todos os meios procura agir dentro da lei defendendo os seus presos de forma a levá-los a ajustar as suas contas. Carnahan fez um bom trabalho nos primeiros dois terços do filme em que cria um clima de loucura e de suspense convincentes, progredindo com revelações parciais que adensam o mistério através da adição de mais personagens suspeitos, todavia, quando pretende aligeirar o ambiente com algum humor e fantasia destrói parte do trabalho tão porfiadamente conseguido. Carnahan esquece-se que humor e violência só combinam quando a violência é apenas brusca e não contém maldade e loucura psicótica. Deste modo, embora a história mexa com o espectador não o completa, “sabe” a produto sintético, o que é pena.

Estreia nos cinemas em 23 de Setembro

Classificação: 5 numa escala de 10

 

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