Sinopse
Atravessando o deserto de
Nevada em um Crown Vic cheio de balas, o astuto vigarista Teddy Murretto (Frank
Grillo) trama um plano desesperado para se esconder do assassino letal Bob Viddick
(Gerard Butler). Ele dá um soco na oficial novata Valerie Young (Alexis Louder)
para ser preso e trancado numa esquadra de polícia de uma pequena cidade. A
prisão não pode proteger Murretto por muito tempo, e Viddick planeia o melhor
caminho para a sua detenção, ganhando tempo numa cela próxima até que ele possa
completar sua missão. Quando a chegada de um assassino rival (Toby Huss)
desencadeia o caos total na esquadra, crescentes ameaças forçam Viddick a ser
criativo se quiser terminar o trabalho e escapar com vida daquela situação
explosiva.
Opinião
por Artur Neves
Desde “Assalto à 13ª
Esquadra” de 1976 e do seu remake em
2005, que não me lembro de um filme de acção feito dentro de uma esquadra de
polícia que, de modo diferente do primeiro, reporta um exemplo de uma
corporação policial americana em Gun Creek, bem equipada do ponto de vista do
escritório, em dois pisos, com o polícias sentados em secretárias espaçosas,
num espaço bem decorado e luminoso, embora praticando rotinas desorganizadas e
comportamentos laxistas, composta por elementos incompetentes para
desempenharem a função, situada numa planície árida próxima da vila, mas enfim,
o realizador Joe Carnahan lá deve ter tido as suas razões para nos apresentar
esta situação.
A acção começa com a prisão
de um homem bêbado Teddy Murretto (Frank Grillo) que vemos a abandonar um
automóvel e correr desesperadamente pela estrada deserta até à esquadra com o
objectivo de ser preso para se resguardar de um perseguidor que na altura
desconhecemos, considerando que o motivo direto da prisão é um soco da cara de
uma mulher polícia Valerie Young (Alexis Louder), desferido propositadamente
para que esta o prendesse num local que ele pensava ser seguro.
De seguida outro bêbado de
nome Bob Viddick (Gerard Butler), é conduzido à esquadra por manifesta
impossibilidade de capacidade de condução da viatura em que seguia e
curiosamente é detido na cela fronteira à de Teddy, considerando que segundo as
regras da prisão dois bêbados não podem ser colocados na mesma cela. Bob
procura ajustar contas com Teddy e não hesitou em arranjar aquele ardil para se
infiltrar na prisão.
É com esta premissa que Joe
Carnahan desenvolve uma história de acção com muita emoção, suspense e surpresa considerando que não
sabemos quem ou o quê está ligado aqueles dois homens, que vamos sabendo que se
conhecem, têm ligação um com o outro e fazem ameaças mútuas sobre assuntos que
desconhecemos, contrariamente ao que acontecia em “Assalto à 13ª Esquadra” que
não passava de uma tentativa de invasão de vândalos assassinos a uma esquadra
com guarnição reduzida com o fim de libertação de um capanga que se encontrava
detido.
Neste filme porém, o maior
interesse está no estudo dos personagens do submundo que habitam o espaço da
esquadra com particular ênfase para o psicopata assassino Toby Huss (Anthony
Lamb) contratado pela máfia, que entra no edifício atrás de um conjunto de
balões de aniversário e mata vários polícias sem motivo aparente com uma frieza
gélida e um interesse também centrado em Teddy, que procura pelos corredores da
esquadra enquanto dispara um metralhadora de cano curto contra portas em aço e
vidro à prova de bala com o intuito de entrar na zona das celas. Ele desempenha
um personagem sensacional recheado de obsessiva energia maníaca no cumprimento
da sua missão e ocupa toda a ação durante o tempo em que aparece. Apresenta um
nível de maldade que faz de Toby um vilão memorável de voz sibilante,
escarninha, gloriosamente inqualificável que não importa quão horríveis sejam
as suas ações, mas sim o gaudio com que as pratica.
Para equilibrar toda esta demência
resta-nos somente a oficial Valerie que foi agredida por Teddy, mostrando
honestidade, rigor profissional, orgulho na profissão e coragem que por todos
os meios procura agir dentro da lei defendendo os seus presos de forma a
levá-los a ajustar as suas contas. Carnahan fez um bom trabalho nos primeiros
dois terços do filme em que cria um clima de loucura e de suspense convincentes, progredindo com revelações parciais que
adensam o mistério através da adição de mais personagens suspeitos, todavia,
quando pretende aligeirar o ambiente com algum humor e fantasia destrói parte
do trabalho tão porfiadamente conseguido. Carnahan esquece-se que humor e violência
só combinam quando a violência é apenas brusca e não contém maldade e loucura
psicótica. Deste modo, embora a história mexa com o espectador não o completa, “sabe”
a produto sintético, o que é pena.
Estreia nos cinemas em 23 de Setembro
Classificação: 5 numa escala
de 10
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