Sinopse
Emma (Megan Fox) sente-se
presa num casamento moribundo. Como surpresa para o 10º aniversário de
casamento, o marido leva-a para uma casa isolada à beira de um lago onde
preparara um serão romântico. Mas antes que ela tenha tempo para fazer
perguntas, Mark levanta a arma e… dá um tiro na cabeça. Emma fica em estado de
choque. Coberta pelo sangue do marido, a cabeça não lhe pára, a tentar perceber
o que aconteceu e como sair daquela situação. Emma dá por si encalhada na casa
do lago, no meio do nada, em pleno Inverno, sem roupa para trocar, sem telefone
para pedir ajuda, sem um carro que funcione, sem objetos afiados que lhe
permitam libertar-se do corpo e das algemas. Mas esse é apenas o início do
plano retorcido de Mark.
Será Emma capaz de enfrentar
o seu pior pesadelo e libertar-se finalmente – e literalmente – do seu morto
casamento?
Opinião
por Artur Neves
SK Dale (realizador
australiano que faz segredo do seu nome) estreia-se em longas metragens com
este filme que reúne bons fatores de surpresa e suspense para uma primeira realização.
No seu curricula incluem-se mais quatro curtas metragens, algumas das quais foi
também argumentista e produtor mas no momento importa este seu trabalho, de
vulto para o panorama cinematográfico, do qual se pode dizer que não tenha
saído mal.
A história é simples e
direta tal como a sinopse resume, mas o seu desfecho não é inferível como
inicialmente se poderia pensar de um estreante. Os personagens são consistentes
e o enredo desenrola-se ao longo da história que apanha Emma de surpresa com o
suicídio do marido, tal como aos espectadores. Emma é uma mulher marcada por um
ataque violento que sofreu há uns anos e do qual vem lentamente recuperando,
ficando agora entre a raiva e o susto na sequência do inusitado suicídio do
homem que a convidou para um fim de semana idílico de recuperação da confiança
e do amor.
Deve ser chocante pensar-se
em felicidade e se súbito ver-se algemada a um morto, depois das primeiras
palavras trocadas com Mark, ainda na cama de uma noite de amor que prometia
redenção. É mais um daqueles filmes que demonstram elogiosamente a capacidade
de resiliência das mulheres, outrora reconhecidas como frágeis e indefesas e agora
mostrando em todo o seu esplendor de força e coragem necessárias para resolverem
os seus problemas pelas suas próprias mãos, invariavelmente criados por homens que
as destratam, desconsideram e constituem a razão fundamental dos seus
insucessos. Uma lapidar inversão de valores que os novos tempos trouxeram e a
justa igualdade entre os dois sexos veio defender e provar, numa história cáustica
sobre o poder autodestrutivo e a fragilidade masculina que a todo o tempo não
para de se revelar.
A vingança de Mark, porém
tem outros cambiantes que ele preparou para infligir o maior sofrimento
possível a Emma mesmo após a sua morte, mostrando a complexidade inerente aos
relacionamentos tóxicos que esta história postula. Megan Fox está muito bem no
seu personagem e o seu magnetismo domina a tela defendendo a posição que
arrasta todos os eventos subsequentes, construindo uma Emma valorosa que
arrasta a simpatia dos espectadores, decorrente da sua sensibilidade fria que
enfrenta com determinação e engenho todas as dificuldades que se lhe
apresentam.
O filme apresenta muitos twists que envolvem diamantes
escondidos, invasores contratados por Mark, cofres de alta segurança, uma
paisagem branca com um percurso de gelo fino sobre o lago que estimulam o
desempenho de Megan Fox para tornar este “Até à Morte” um desafio entusiasmante
e divertido, que embora não tenha nada a dizer sobre as virtudes ou defeitos do
casamento, vale todos os seus 88 minutos de duração que nos afastam da vida
real. Não é um filme de grandes voos, mas é interessante e gostei.
Nos cinemas a partir de 23 de Setembro
Classificação: 6 numa escala
de 10
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