Sinopse
Certa manhã, os Morel
acordam com um grande problema. Descobrem que o espírito de cada um deles está
preso no corpo de outro membro da família! Chacha, de 6 anos, está no corpo do
pai, o pai (Franck Dubosc) está no corpo do filho adolescente, o filho está no
corpo da irmã mais velha, a irmã mais velha está no corpo da mãe e a mãe
(Alexandra Lamy) está no corpo de Chacha… Conseguiram acompanhar? Eles também
não. E isso é apenas o início.
Opinião
por Artur Neves
Esta é a proposta francesa
para a silly season e como tal tem
mesmo de ser silly, para respeitar o
figurino que o cinema francês nos oferece todos os anos por esta altura, só que
este ano para se sentir o lado cómico da ideia é necessário ter uma noção clara
de cada um dos personagens, para apreciar no que eles se tornam depois da troca
dos espíritos, tal como mencionado na sinopse, em todas as vezes que os
espíritos individuais resolvem trocar de hospedeiro. Em abstrato a ideia potencia
um largo espectro de situações mais ou menos cómicas, de acordo com o assunto
abordado, por cada um dos elementos da família, apresentando-se assim uma
comédia sustentada pela fantasia de uma situação improvável que a magia do cinema
torna possível e concretizável.
Como cada um dos membros da
família goza das idiossincrasias próprias da sua personalidade individual
teremos de saber quem é quem e o que o torna diferente, para apreciar convenientemente
a transformação na situação de quando é abduzido pelo espírito do outro. Para isto
ser possível e necessário dar tempo para o conhecimento dos problemas dos personagens
individuais primários, que o filme não tem nos seus 110 minutos de duração, para
depois os pôr a divergir na interação com esses problemas quando possuídos pelo
espírito dos outros.
Para simplificar procedimentos
para a obtenção desta necessidade, a realização de Jean-Patrick Benes, que teve
a ideia e foi coautor do argumento, mas que não apresenta curricula digna de
registo no género, opta por várias estratégias, como colar na testa de cada um
dos personagens um post-it com o nome
do espírito abdutor, ou vesti-lo com uma T-shirt
onde está estampada a cara do espírito abdutor, ou outros estratagemas semelhantes
que no mínimo fazem perder a sequencia da história, ou ainda, tornam avulsas as
peripécias com que cada personagem se confronta em cada situação que não lhe
pertence e que deveriam servir para provocar graça, mas pecam pela confusão que
lançam no desenrolar da história.
Todavia não se pode dizer
que o filme seja completamente despido de graça, pois contém gags diretos, tais como, a descoberta do
amante da mãe pela filha mais nova, ou a incorporação do espírito da mãe no
corpo do pai que passa a receber as mensagens de amor do amante da mulher e
fica a conhecer a sua infidelidade e outros trocadilhos do género que causariam
maior impacto no espectador e na história, se tivesse havido tempo para os
conhecer mais profundamente na sua originalidade.
Deste modo a maior conquista
desta história esdrúxula, são breves sorrisos em situações imediatas, que não
precisariam de tanta imaginação que se torna inerente considerando a
complexidade da história, alguns bocejos esparsos para situações declaradamente
forçadas e alguma complacência e admiração para a dificuldade de colocar em
ação um script que por vezes perde
lógica na sua ambição de provocar sorrisos a todo o custo. Vale também a sua
promoção da família e a defesa da sua integridade e união em tempos difíceis
fabricado à custa de uma fantasia inverosímil. É caso para dizer; … não havia
necessidade…
Estreia nas salas de cinema
em 5 de Agosto
Classificação: 4 numa escala
de 10
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