Sinopse
Gael García Bernal e Vicky
Krieps são Guy e Prisca, os cabecilhas de uma família que vai de férias para
uma praia remota. Não demora muito até perceberam que a tal praia os faz
envelhecer rapidamente, transformando a vida inteira deles num só dia. A eles,
aos filhos e aos outros banhistas.
Opinião
por Artur Neves
M. Night Shyamalan é
completo neste filme, produz, realiza e escreve o argumento embora aqui com a
colaboração de Pierre-Oscar Lévy e a sua banda desenhada “Castelo de Areia”. Na
peça, um resort de luxo no qual
várias famílias procuram o descanso e o desfrute três famílias particulares são
distinguidas com o “prémio”, só para os escolhidos na versão do diretor, de desfrutarem
de uma praia privada para onde são levados numa minivan com a promessa do paraíso na terra em termos de isolamento,
qualidade da água, do ar e da areia branca como em nenhum outro lugar.
Os escolhidos são o casal
central da história; Guy (Gael García Bernal) e Prisca (Vicky Krieps) e seus
filhos, Maddox (Alexa Swinton), de 11 anos, e Trent (Rio Nolan), de 6 anos, outro
casal composto por Charles (Rufus Sewell) um médico de modos rudes e total
falta de paciência e sua jovem esposa Chrystal (Abbey Lee) bem como a sua família.
Adicionalmente foi também incluída Patrícia (Nikki Amuka-Bird), uma psicóloga dada
a grandes tiradas filosóficas.
Todos são transportados na
carrinha guiada pelo próprio Shyamalan, à boa maneira de Hitchcock que entrava
nos seus filmes como figurante, que por entre as grutas rochosas da falésia os
deixa perto da praia sem contudo os acompanhar até à areia porque ele conhece o
segredo misterioso daquela praia que faz com que todos os que pisam aquelas areias,
envelheçam a um ritmo acelerado, aproximadamente dois anos por hora que
significa verdadeiramente o fim da vida antes do anoitecer para Guy e Prisca e
uma infância seguida de puberdade e juventude acelerada para as crianças.
O que temos aqui é portanto
um “Cocoon” ao contrário, porque nesse filme de Ron Howard de 1985 eram os
velhos que rejuvenesciam ao entrar nas águas da piscina e muito embora o
rejuvenescimento não fosse permanente, nesta praia o envelhecimento é
consistente para todos e a morte é o destino final, a menos que se consigam
evadir mas o caminho de chegada não serve como retorno pelo que têm de
construir a sua própria fuga.
M Night Shyamalan já nos
trouxe boas histórias que exploram o terror do envelhecimento, como “O Sexto
Sentido” de 1999 que o tirou do anonimato ou “A Visita” de 2015 em que dois
adolescentes em visitas aos avós que habitam numa propriedade rural tecem
enredos e suspeitas assustadoras sobre o que não conhecem. Neste filme porém, a
gerontofobia do autor é bastante acelerada, contudo Shyamalan parece não saber
muito bem o que fazer com ela, considerando que os anos se esvaem nos minutos
do dia, a praia é um espaço fechado sem retorno e os diálogos do mais básico
que se possa imaginar, procuram apenas matar o tempo investido no filme em
passeios entre a areia e o mar.
Há ainda a tentativa de puxar
para a melancolia e fazer um exame de vida entre os esposos desavindos Guy e
Prisca, que se contemplam e se tentam perdoar do tempo que passaram discutindo
futilidades, ou quando ela toca no rosto do marido e lhe diz; “você tem rugas”,
ou apreciar o crescimento acelerado de Trent e Madox, agora representados por Thomasin
McKenzie e Eliza Scanlen, mas nada resulta porque desde muito cedo
o destino é a morte que nem as explicações mais sérias para o mistério da praia
podem evitar.
O filme foi rodado na
República Dominicana, numa praia que deve ser realmente maravilhosa e
socorre-se da maquiagem bem conseguida para ilustrar o envelhecimento dos
personagens mas a ação arrasta-se penosamente e as falas entre os personagens
são tudo menos inteligentes. Quando já se sabe que todos estão sujeitos a um envelhecimento
rápido torna-se absurdo quando Guy diz a Prisca que ficou três horas mais velho
enquanto ela tocou no seu rosto. É uma alusão idiota que não acrescente o que
quer que seja à ação e quando se depende exclusivamente da caracterização dos
personagens para ocupar o tempo do filme é porque a ideia do argumento é mesmo
pobre. O twist final é no mínimo
peregrino e continua a não preencher o vazio criado.
Estreia nas salas de cinema
em 29 de Julho
Classificação: 4 numa escala
de 10
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