Sinopse
Sam (Karen Gillian,
“Jumanji: O Nível Seguinte”) tinha apenas doze anos quando a mãe, Scarlet (Lena
Headey, “Game of Thrones”), uma assassina profissional, se viu obrigada a
abandoná-la. Sam foi criada pela Firma, uma implacável organização criminosa
para a qual a mãe trabalhava. Agora, quinze anos depois, Sam seguiu os passos
da mãe e tornou-se uma assassina temível que usa as suas "aptidões"
para resolver as trapalhadas mais perigosas da Firma, com a supervisão de
Nathan (Paul Giamatti). Ela é tão eficiente quanto leal.
Mas quando um trabalho de
alto risco corre mal, Sam tem de escolher entre servir a Firma ou proteger a
vida de uma inocente menina de oito anos - Emily (Culoe Coleman). Sob
perseguição, Sam tem apenas uma hipótese de sobreviver: reencontrar a mãe e as
suas letais associadas, As Bibliotecárias (Angla Bassett, Carla Gugino, Michelle
Yeoh). Estas três gerações de mulheres têm de aprender a confiar umas nas
outras, enfrentar a Firma e o seu exército de capangas, e infernizar a vida de
quem lhes pode tirar tudo.
Opinião
por Artur Neves
Nota-se uma tendência frequente
na proliferação de filmes sobre assassinos que matam de qualquer maneira e por
vezes até debaixo de água, bem ao género de John Wick e outras réplicas
semelhantes, com a nuance de serem
elas quem mais mata neles, invariavelmente representados por façanhudos,
ineptos e mentecaptos que elas despacham em três penadas. Zaz, trás, pás e aí
estão elas na mó cima, incólumes, sem mácula nem deficiências de maior, apesar
de levarem uns tiritos que só lhes fez moça de raspão, mas nada que impeça às
nossas heroínas de “levarem a taça” em todas as disputas em que se metem.
Ainda no recentemente
estreado “Black Widow” encontramos situações semelhantes, parecendo estarmos a
assistir a uma nova ordem social em que elas é que são o supra-sumo da barbatana
e passam o “trofeu” de mães para filhas numa dinastia geracional de
empoderamento feminino. Só que não basta ser-se a maior, porque os vilões que
elas combatem, toscos, burros e manifestamente ineptos, surgem como que uma
manobra de simplificação piedosa, já que a história em que se envolvem não tem
profundidade, nem tempo, nem oportunidade para analisar as implicações da
construção destas super-assassinas, considerando somente o seu trauma de se
ligarem a uma franja de homens que manifestamente não as merece, nem em termos
de competição física.
Não sei o que se pretende
com isto, se é somente os proventos de uma bilheteira de massas, ou se existe
algum substrato ideológico impulsionado pelo #MeToo ou outra plataforma
semelhante que faz girar as histórias em torno de manifestações de energia feminina
abundante, mas que por se restringir somente a isso torna-se fraco na obtenção de
resultados que poderia ter tido se colocasse as heroínas, por exemplo, por detrás
das câmaras a construir histórias mais apelativas do que em distribuir murros e
pontapés em todo o bicho careto que lhes aparece.
Não sei o que se pretende na
repetição de sketchs do mais banal
que o cinema tem, agora interpretados por mulheres que fazem disso modo vida e
pretendem continuar a saga porque a inclusão de uma criancinha abandonada, Emily
(Culoe Coleman) uma menina sem mãe, a quem mataram o pai e que nutre particular
simpatia e é protegida pela assassina Sam (Karen Gillian) que também foi
iniciada pela sua própria mãe Scarlet (Lena Headey) também assassina agora reformada,
só pode indiciar que na perspetiva do realizador israelita Navot Papushado, (que
também escreveu o argumento em conjunto com Ehud Lavski), só pode significar
que se preparam para mais uma saga de assassinos em barda, agora no feminino.
Assim esta “Mistura
Explosiva” vive alimentada por ambientes super estilizados, agressivamente
iluminados por neons, na sombra de uma organização secreta que se dedica a “trabalhos
difíceis” discretamente executados por super assassinas como Scarlet, que
passou a herança à filha 15 anos antes e no futuro esta irá passar à adotada Emily,
para seguir o modo de vida da estirpe desenterrada de um estereotipo que cheira
a mofo, tais são as vezes que o modelo é utilizado no cinema e agora até no
feminino.
Temos assim mais um filme
inspirado em histórias de quadradinhos, interpretado por um elenco comprometido
e sério, com Nathan (Paul Giamatti, quase desaparecido desde “Sideways” de 2004), coadjuvado
pelas “tias” da biblioteca (Angla Bassett, Carla Gugino, Michelle Yeoh) que
guardam um arsenal de guerra em livros interiormente recortados à medida e os
distribuem de acordo com as necessidades do “trabalho” e protagonizam
significativas reviravoltas que fazem deste thriller?... ambientado numa cidade
sem nome e filmado em Berlim, um filme de ação com muita porradinha e pouca
surpresa durante os 116 minutos de duração.
Estreia hoje, dia 15 de
Julho nas salas e promete diversão fácil…
Classificação: 4 numa escala
de 10
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