Sinopse
Philip (Casey Affleck) é um
psiquiatra cuja carreira fica comprometida quando uma paciente com quem tem uma
relação especial se suicida. Quando convida o irmão da paciente (Sam Claflin)
para ir a sua casa conhecer a mulher (Michelle Monaghan) e a filha (India
Eisley), a vida familiar de Philip é subitamente destruída.
Realizado por Vaughn Stein, “A
Cada Passo Teu” é um intenso thriller
psicológico.
Opinião
por Artur Neves
Este é daqueles filmes em
que se espera mais do que ele pode oferecer. Tem tudo para ser um sucesso, uma
boa história, atores consagrados, um director com provas dadas embora com algumas
fraquezas, aliás não se compreende bem como Casey Affleck deu corpo a este
projeto, presumo que ao ler o argumento onde se desenvolve um thriller psicológico com alguma complexidade,
ele deve ter pensado num resultado diferente do que se veio a revelar.
O início é verdadeiramente
explosivo pois não se espera um evento daqueles a escassos minutos da abertura,
mas em tudo o que se segue, para a qual a revelação inicial é fundamental
embora não sendo central na história, o filme “perde gás” e só posteriormente
toma o lugar que lhe é devido quando outros eventos chamam a atenção do
espectador duma maneira arrastada, dúbia e pouco verosímil para o tema em
apreço.
Tal como referido sumariamente
na sinopse o princípio do drama ocorre quando, surpreendentemente Phillip (Casey
Affleck) convida James (Sam Claflin), irmão da sua paciente que se suicidou,
que lhe aparece à porta de casa com o motivo de devolução de um livro que tem
escrito o nome dele. Acrescente-se ainda que o convite é coadjuvado por Grace
(Michelle Monaghan) e por sua filha Lucy (India Eisley) que ficaram quase como que
fascinadas por aquele estranho que lhes bate à porta à hora do jantar. Começa assim
o argumento de telenovela, mais adequado a tarde de cinema de domingo do que a trhiller psicológico, e continua com o
encantamento das duas mulheres durante o jantar relativamente a James, apesar
de ele nem ter uma conversa muito interessante, nem o trabalho de romancista a que
ele declara ter-se dedicado tenha tido o sucesso desejado pelas suas próprias palavras.
O convite, bem como a sua
aceitação têm algo de insólito e confirma-se que as suas intenções, pela
conversa travada, têm algo de sinistro. O que não soa bem é que através desse
primeiro contacto que foi tudo menos auspicioso, ele consiga de uma penada seduzir
a mãe e a filha que ficam ambas caidinhas por ele, a filha por ser jovem e se
encontrar na idade das descobertas e a mãe como compensação para o afastamento
emocional do marido após o evento que deteriorou a estabilidade do casal e para
a qual esse afastamento apresenta-se como uma nota de culpa da qual ela não é responsável.
Como se pode inferir o
enredo é complexo e tem todos os elementos que permitiriam criar múltiplas
cenas de suspense. Aliás, James é
hábil em deslizar entre dois modos de ser, na sombra a prejudicar a vida
profissional de Phillip e à luz do dia manipulando as duas mulheres no sentido
dos seus interesses sem qualquer dose de pudor ou compaixão, só que o argumento
mostra-nos somente os factos sem dar espaço ao ator para trabalhar o personagem
com mais profundidade nas complexidades psicológicas de um comportamento que se
adivinha doente, ficando-se assim pelo estereótipo sem a análise da
personalidade em presença. O que sabemos de James é estritamente o que ele nos
mostra através das suas ações.
O filme socorre-se da doença
mental obsessiva mas banaliza a sua ação para de alguma forma justificar o
enredo que criou, inserindo um fator de previsibilidade ao tentar melhorar a
trama que nos apresenta com o drama afetivo das duas mulheres para com o
psicopata que as manipula. Já conhecemos o género em elementos utilizados em “O
Cabo do Medo” de Scorsese, ou em “Atração Fatal”, mas aí de uma forma mais
convincente.
Tem estreia prevista nas
salas dia 8 de Julho
Classificação: 5 numa escala
de 10
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