Sinopse
No thriller de ação da
Marvel Studios, "Black Widow", Natasha Romanoff, também conhecida
como Black Widow, confronta as partes mais sombrias de seu livro-razão quando
surge uma perigosa conspiração com laços ao seu passado. Perseguida por uma
força que nada impedirá para derrubá-la, Natasha deve lidar com sua história
como espiã e os relacionamentos quebrados deixados em seu rastro muito antes de
se tornar uma Vingadora.
Opinião
por Artur Neves
Inicialmente programado para
estrear em Maio 2020 mas prorrogado várias vezes, ficou agendado para este mês
de Julho devido à crise pandémica. Eis que chega às salas um filme da “Black
Widow”, personagem quase secundário no universo da Marvel (MCU – Marvel Cinematic Universe) apenas
referido de passagem em “Capitão América: O Soldado de Inverno” e “Iron Man” há
muito que se perguntava para quando o destaque para este personagem tal como
realizado para “Hulk”, Thor Ragnarok” ou “Hunt Man” e muitos outros. Black
Widow” apresenta-se assim como o patinho feio da colecção considerando que em
2019, com “Vingadores: Endgame” a Marvel acabou com todos os super-heróis pela
ação do semideus malvado “Thanos” que pura e simplesmente dizimou o planeta e o
universo não havendo; em teoria, mais lugar para heróis e muito menos
super-heróis, parecendo até que a Marvel matava alegremente e com pompa e
circunstancia, a sua galinha dos ovos de ouro. Palavra que nunca acreditei
nisso e disse-o na crónica que fiz sobre esse filme, publicada neste blogue,
mas não sabia como encaixar a realidade da presumida extinção dos personagens
mais emblemáticos da Marvel.
Assim, parece que a
recuperação desse personagem quase esquecido nos filmes anteriores é afinal uma
oportunidade de metamorfosear o renascimento do MCU começando pelo princípio da
personagem super assassina, altamente treinada em artes marciais e guerra com
facas, colocando-a no Ohio em 1995, como a pequena Natacha (Ever Anderson) pedalando
na sua bicicleta pelas ruas arborizadas do seu bairro e brincando com a sua
irmã mais nova (Violet McGraw) sob a supervisão da sua amorosa mãe Melina
(Rachel Weisz) num ambiente calmo até aparecer o seu pai Alexei (David Harbor),
com a determinante mensagem de que precisam fugir urgentemente de avião para
Cuba, numa cena de arrepiar os cabelos, com várias violações da lei da física
como é costume em histórias de aventura e de ciência de ponta. Todavia eles são
intercetados por um vilão Russo, o General Dreykov (Ray Winstone), que separa
os pais das filhas enviando as meninas para um centro de treino para assassinos
de elite, chamadas “Black Widows”
Esta primeira parte do filme
funciona assim como introdução, após a qual numa explosão surpreendente somos
informados de Natasha Romanoff (Scarlett Johansson) e Yelena (Florence Pugh)
foram transformadas de garotas comuns em máquinas de matar e separadas quando
Natasha assassinou o chefe do programa, o General Dreykov e destruiu a “Red Room”,
ou pelo menos pensa que assim fez, porque a história vai desenrolar-se pela
constatação do seu falhanço inicial e criação de uma segunda oportunidade para
finalmente fazer justiça.
Podemos também dizer que a
pandemia e o intervalo que gerou, modulou os filmes da Marvel numa coisa que
eles não eram, uma luta por valores elevados, pois repare-se que em “Viúva
Negra” (como em muitos outros filmes recentes) os homens são seres
absolutamente normais e as mulheres, com um grau de emancipação elevada, dominam
em toda a escala e no caso presente, lutam para obter um produto químico que
transforma as super assassinas em mulheres normais, chocadas e arrependidas do
seu papel anterior.
É uma inversão total de
conceito em filmes de ação e ficção científica em que se procurava através de
dispositivos mais ou menos complexos ou medicamentos secretos, transformar
pessoas normais em super soldados com capacidades guerreiras superiores e invencíveis
para proteger os mais fracos. Em “Viuva Negra” isso acabou, como que a
dizer-nos que temos de vencer à nossa própria custa, pelos nossos meios,
mantendo-nos sempre o mais normais possível.
Todavia as surpresas não se
ficam por aqui, porque na saga vingadora de Natasha há lugar para o reencontro
familiar, após uma fuga das duas irmãs reencontradas e reconciliadas, o resgate
do pai Alexei preso numa prisão de alta segurança na Sibéria, voando sobre
paisagens verdes e montanhosas até um vale onde reside Melina desfrutando de
uma aparência pacata e muito familiar mas que continua engajada ao seu pepel
secreto, continuando ser a agente de confiança do General Dreykov. Mas agora é
tudo diferente e através de um twist
que não vou revelar o combate ao vilão passa a ser o objectivo da família, com
uma conversa justificativa, uma reunião familiar duradora que ocupa grande
parte do filme e nos confirma que o MCU mudou… pelo menos em “Black Widow”…
Para os fans do género a
história mantém o seu pendor de ação com cenas de luta e de aventuras muito
arrojadas em situações que desafiam todas as leis da física, mas isso é o “alimento”
normal dos espectadores indefetíveis, com a nuance de serem as mulheres a comandar o show, nomeadamente no
aspeto das decisões mais difíceis e complexas enquanto Alexei, “o pai protector”, não passa de um fanfarrão em que o único superpoder é irritar as filhas e de
alguma maneira, prejudicar o desenvolvimento da missão em que Melina, movida
por fervor ideológico e devoção maternal ajuda a resolver o que o pai
atabalhoadamente compromete, não podendo falar-se em falta de surpresa em todo
o argumento.
Como objecto de diversão satisfaz,
com um bom elenco e muito boas interpretações, com particular destaque para Yelena
(Florence Pugh) que sem favor, polariza toda a ação apresentada no filme. Estará
disponível nas salas e em streaming,
na Disney Plus, a partir de 8 de Julho.
Classificação: 7 numa escala
de 10
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