Sinopse
Num futuro não muito
distante, Todd Hewitt foi criado para acreditar que uma doença matou todas as
mulheres e tornou possível que todos consigam ouvir os pensamentos dos outros
através de um certo “ruído”, Como resultado, ninguém pode guardar seus
segredos. Mais tarde, ele encontra uma fonte de silêncio: uma mulher misteriosa
chamada Viola (Daisy Ridley), a primeira que ele conheceu. Neste enredo
perigoso, a vida de Viola está ameaçada e como Todd jura protegê-la, ele terá
que descobrir o seu poder interior e desvendar os segredos sombrios do planeta.
Do realizador de The Bourne Identity e Edge of
Tomorrow, e baseado no romance best-seller The Knife of Never Letting Go, Daisy
Ridley e Tom Holland contracenam com Mads Mikkelsen, Demián Bichir, Cynthia
Erivo, Nick Jonas, Kurt Sutter e David Oyelowo.
Opinião
por Artur Neves
Este filme já teve uma
primeira versão em 2011 que foi tão detestada pelo público e pela crítica que a
produção resolveu refilmá-lo de novo em 2019 mas com resultados idênticos pois
o problema está na história confusa contida no romance distópico de Patrick
Ness “The Knife of Never Letting Go” (“A Faca que não Deixa Partir” em tradução
livre) porque na história deste povo do futuro (ou do passado, não se sabe) o
ato de entregar uma faca a um jovem significa a sua emancipação e o seu
reconhecimento como homem integrado na comunidade. Só que não se percebe de
onde vêm, para onde querem ir ou que sociedade formaram para estabelecerem esse
princípio.
Identifica-se que estão num
estado quase primitivo, que são sobreviventes não se sabe de quê, de que
cataclismo lhes matou as mulheres. Pela semelhança física com a raça humana
presumimos que fugiram da terra e habitam um planeta hostil que lhes retirou a privacidade
dos seus pensamentos, expondo-os publicamente através da emissão de ondas
mentais percetível pelos outros que estejam perto, a que eles chamam “O Ruído”
que dá nome à história. Essas ondas mentais são coloridas pelo que para lá de
impedirem a privacidade limita-lhes também a possibilidade de se esconderem
revelando a sua localização como um semáforo bruxuleante.
Porém tudo muda quando uma
nave chega ao planeta e dela sai Viola (Daisy Ridley) que encontra o jovem Todd
(Tom Holland) que ao ver uma mulher pela primeira vez não sabe o que fazer para
ocultar os seus pensamentos, apesar de repetir convulsivamente o seu nome para
tentar ocupar o seu cérebro e não revelar os reais desejos que possui. No fundo
ele só quer ajudá-la (vá-se lá saber porquê) a regressar ao seu planeta pelo
que a tem de conduzir aos destroços de outra nave para comunicar com a nave mãe.
Ele não conhece a localização dos destroços e o local é meio secreto (com o
sempre constante “Ruído” nada é secreto mas…) mas ele tem de descobrir o caminho
para a salvar e fica formado o novelo do caos em que se enredou esta história
resultando num completo desperdício de recursos e de talento (Mads Mikkelsen
desempenha o papel de presidente da comunidade) da história recente de
Hollywood.
Quero declarar que não me
regozijo com este completos flops
cinematográficos pois seja como for, representam as esperanças onde muitas
pessoas investiram as suas economias no pressuposto de contribuir para um objeto
de diversão e uma obra de cinema capaz de transmitir uma ideia, um pensamento
estruturado ou uma filosofia, só que aqui não “habita” nada disso. Alegar ficção
científica e mostrar personagens em vestes andrajosas montados em cavalos e
desenvolver a história num bosque com cenas de canoagem para chegar aos
destroços de uma nave que miraculosamente mantinha intactos e alimentados os
meios de comunicação interplanetário é talvez um pouco excessivo para granjear
adeptos entre os espectadores.
No livro de Patrick Ness, a
trilogia de onde esta história é o 1º volume, é a atmosfera do planeta que faz
com que os pensamentos destes colonos sejam audíveis e visíveis. Charlie
Kaufman um realizador e argumentista de ideias surrealistas foi quem primeiro deu
corpo ao argumento e foi substituído por outros escritores, entre os quais Doug
Liman que também assumiu a realização. Ele tem créditos firmados, dos quais “No
Limite do Amanhã” de 2014 é um bom exemplo mas aqui ficou aquém do esperado
apesar do bom elenco utilizado num pacote de fácil digestão e de adequada
configuração. No entanto não ultrapassou o caos que gerou.
Disponível nas salas a
partir de 10 de Junho
Classificação: 4 numa escala
de 10
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