15 de junho de 2021

Opinião – “O Guarda-Costas e a Mulher do Assassino” de Patrick Hughes

Sinopse

O par mais improvável do mundo - o guarda-costas Michael Bryce (Ryan Reynolds) e o assassino profissional Darius Kincaid (Samuel L. Jackson) - está de volta noutra missão em que correm perigo de vida. Ainda sem licença profissional, Bryce tem de interromper as suas férias e regressar à ação quando se cruza com a vigarista internacional Sonia Kincaid (Salma Hayek), mulher de Darius, e ainda mais volátil do que o marido. Enquanto Bryce é levado à loucura pelos seus clientes mais perigosos, o trio envolve-se numa trama global e percebe rapidamente que é a única solução para salvar a Europa do caos total. Para ajudar à diversão e à destruição, Antonio Banderas é um vingativo e poderoso lunático, e Morgan Freeman... bem, só mesmo vendo.

Opinião por Artur Neves

Em 2017 apareceu uma história de um guarda-costas meio bronco Michael Bryce, que devia proteger o assassino Darius Kincaid de Manchester a Haia, até este chegar ao Tribunal Penal Internacional para testemunhar contra uma quadrilha internacional num julgamento. Claro que o assassino sabia no que se estava meter, precisava de proteção, só que este agente da justiça que lhe destinaram era a todos os níveis impreparado para a tarefa o que justifica uma disputa entre eles, mas que têm de se conciliar e entreajudar-se pois não há outra personagem disponível para o efeito. O resultado deste diferendo é uma comédia de ação, com muito movimento, muitos tiros, muitos efeitos especiais que teve um sucesso relativo baseado na surpresa da ideia em que se fundamentaram.

Em 2021 é a mulher do assassino Sonia Kincaid que clama por justiça e recruta o mesmo e desacreditado Michael Bryce para a ajudar no resgate de Darius Kincaid. Para dinamizar a história num sentido mais amplo inclui-se aqui um criminoso chamado Aristóteles (Antonio Banderas) que deseja destruir a comunicação de dados em toda a Europa como vingança pelas sansões económicas que o Parlamento Europeu imputou à Grécia na última grande crise do Euro em que os três se vêm envolvidos na sua perseguição pelo agente da Interpol Bobby O'Neill (Frank Grillo) para salvar o mundo. Para criar um ambiente familiar temos o encontro entre Bryce e o pai adotivo (Morgan Freeman) que lhe promete mexer uns “cordelinhos” para lhe ser devolvida a carteira profissional de guarda-costas de 1ª classe, retirada por motivo de ter deixado morrer um distinto cliente japonês. Para apimentar a história temos o amor assolapado entre Sonia e Darius que se esforçam repetidamente para fazer um filho há muito desejado que lhes permitirá formar a família que tanto anseiam, bem como, a linguagem desabrida dela que não perde a mínima oportunidade de dizer claramente o que lhe vai na alma.

Tudo isto, acompanhado de muitos tiros, lutas, efeitos especiais e muitos duplos, (que também precisam de trabalhar) apresentado num formato de grandes dimensões como o IMAX e o som estrondoso do Dolby Atmos, constitui o melhor remédio para nos fazer esquecer as preocupações com a pandemia que ainda anda por aí e que tenta a todo o custo trocar-nos as voltas.

Deste modo, o que temos aqui é uma farsa de ação e comédia, gozando com todos os clichés dos filmes de espionagem internacional, utilizando atores de primeiríssima água (Salma Hayek está fantástica) que sobem a fasquia do género através de ação bem desempenhada e de vocabulário desinibido, com fock e suas declinações quase a cada minuto, em diálogos engraçados que se percebe serem mais, o resultado do improviso do que o seguimento do argumento. Na sua essência a história, apenas serve para reunir os três personagens já conhecidos e bem desempenhados numa aventura mais global do que a viagem entre o Reino Unido e a Holanda em que se fundamentava o filme anterior.

Pode sem dúvida classificar-se como uma diversão despretensiosa de verão, do primeiro verão de alívio das restrições a que fomos sujeitos durante demasiado tempo, reconstruindo uma versão mais luxuosa em meios e recursos cénicos, com muito derramamento de sangue e várias dezenas de palavrões pronunciados por uma mexicana que não tem qualquer pejo em exibi-los, que se vê com agrado e provoca algumas gargalhadas. Embora não sendo particularmente adepto deste género, confesso que me divertiu e fizeram rir com vontade todas as picardias entre o trio principal.

Estreia nas salas de cinema, dia 17 de Junho

Classificação: 6 numa escala de 10

 

Sem comentários: