Sinopse
Sam (Colin Firth, vencedor
do Óscar) e Tusker (Stanley Tucci, nomeado ao Óscar) estão juntos há vinte anos
e estão tão apaixonados como sempre. Mas o diagnóstico de demência precoce de
Tusker veio alterar radicalmente as suas vidas. Com o agravar da condição de
Tusker, Sam viu-se obrigado a suspender a sua vida para se dedicar a tempo
inteiro ao companheiro. Enquanto Tusker ainda está em condições de viajar,
decidem fazer uma viagem para retomar o contacto com amigos, familiares e
lugares de seu passado. Embora Tusker já tenha sido o grande amparo de Sam,
cabe agora a este assumir o comando da situação. Com o desenrolar da viagem, as
ideias que cada um tem para o futuro começam a confrontar-se. Descobrem-se
segredos, revelam-se planos individuais e o amor que sentem um pelo outro é testado
como nunca. Por fim, face à doença incurável de Tusker acabam por ter de se
enfrentar o que significa amarem-se.
“Supernova” é realizado e
tem o argumento original de Harry Macqueen ("Hinterland"), e conta
com o diretor de fotografia nomeado para Óscar, Dick Pope ("Os Órfãos de
Brooklyn", "Mr. Turner), e é uma comovente e moderna história de amor
sobre um casal que que procura resgatar o passado e as amizades que construiu
durante a sua vida.
Opinião
por Artur Neves
Esta é uma história de
perda, perda irreparável porque é a perda do objeto do amor e isso tem um
significado maior para o perdedor. Tal como em “A Despedida”, recentemente
estreado nas salas de cinema, esta história trata do direito inalienável de
cada um sobre o destino a dar à sua vida, quando, pela degradação irremediável da
sua saúde isso comprometa a sua autonomia e o seu conhecimento de si de
forma tão radical que não se possa chamar vida, ao que resta da sua atividade orgânica.
Já são vários os filmes recentes
que abordam esta temática tão em voga, talvez decorrente do aumento da
expectativa de duração do tempo de vida, mas que de nada valerá se não incluir a
sanidade mental que a justifica. Recordo-me de Julianne Moore em “O Meu nome é
Alice” de 2014, Anthony Hopkins em “O Pai” de 2020 ou Susan Sarandon no filme
anteriormente referido, cabendo agora a Sam e Tusker (Colin Firth e Stanley
Tucci respetivamente) que interpretam um casal gay que estão juntos há vinte anos e desfrutam de uma harmonia
invejável fundamentada no amor que continua a justificar a sua união.
Tal como em a “A Despedida”
Tusker prepara uma reunião de familiares e velhos amigos na casa da irmã de Sam,
Lilly (Pippa Haywood) para a qual se dirigem na sua caravana de muitas viagens,
pelas estradas secundárias da província de Lake District, no Reino Unido. Sam preferiria
a ajuda do GPS mas porque a voz metálica do aparelho desagrada a Tusker, este prefere
seguir no mapa e guiá-lo sobre os caminhos a tomar, a conversa entre ambos é
amena e suave, incomum em casais com uma longa vida juntos.
Sam é pianista em licença
sabática prestes a reativar a sua atividade logo a seguir a este feriado em
que programaram a viagem e Turker é um escritor presentemente afastado da sua atividade
pela progressividade da sua doença e relutante em começar a recolher notas para
o início, todavia ele continua a dizer que está a escrever um livro para
publicação em breve, para acalmar o companheiro que percebe e se preocupa com o
crescendo das suas limitações. Quando param para abastecer numa bomba de
gasolina, percebe-se a aflição de Sam ao ver que Turker saiu da caravana e não
se encontra nas proximidades. Sam pega na caravana e segue a estrada à sua
procura até o encontrar, parado em frente de um portão, de olhar vazio, perguntando-se
onde está e sem saber como foi ali parar.
O argumento escrito por Harry
Macqueen é lento como a vida dos seus personagens colocando o espectador no
mundo do casal, dando ênfase ao mais importante que é a relação amorosa entre
ambos, a sua vida no interior da caravana, o quarto onde Sam viveu a sua
infância na casa dos pais onde ainda vive a sua irmã, a sua cama de solteiro
que agora serve para ambos, gerando um ambiente de sã intimidade que nos
transmite a paz que reina entre eles.
A viagem não é inocente, Tusker
está suficientemente conhecedor do seu estado e o motivo para a festa de
aniversário em casa de Lilly arrasta a despedida e a comunicação da sua decisão
que é descoberta por Sam antes de tempo, quando a Tusker lhe falta a palavra e ele
gere generosamente essa falta. O mais importante em Macqueen é evitar o sentimentalismo
barato, a comiseração ou qualquer outra mancha afetiva e consegue-o com pleno êxito.
Muito bom, recomendo sem reservas.
Estreia nas salas de cinema
a 17 de Junho
Classificação: 7 numa escala
de 10
Sem comentários:
Enviar um comentário