16 de junho de 2021

Opinião – “Velocidade Furiosa 9” de Justin Lin


Sinopse

Dom Toretto (Vin Diesel) leva uma vida tranquila, longe de tudo, com Letty (Michelle Rodriguez) e o seu filho, o pequeno Brian. Mas todos sabem que para lá do horizonte pacífico, o perigo está sempre à espreita. Desta vez, esta ameaça vai forçar Dom a enfrentar os pecados do seu passado para conseguir salvar aqueles que mais ama. A sua equipa volta a unir-se para travar um plano que vai chocar o mundo, liderado pelo melhor condutor e maior assassino que alguma vez encontraram: Jakob (John Cena), o irmão abandonado de Dom.

Opinião por Artur Neves

E assim a saga de racing drive nas ruas de los Angeles iniciada em 2001, sobre uns moços habilidosos no tuning de motores de combustão e noutras atividades menos edificantes, com muitos problemas familiares que eles preservam acima de tudo, chega à sua nona sequela em 2021 (“F9” no original) e promete a décima para 2023. Deve ainda referir-se que esta saga sofreu um duro golpe com a morte de Paul Walker falecido em 2013, um polícia infiltrado no gang para investigar os roubos da equipa chefiada por Dominic Toretto (Vin Diesel) mas que foi mais ou menos absorvido no grupo pela paixoneta por uma das irmãs de Dom. Assim, recomeçou com outro fulgor a partir de 2017 com “Velozes e Furiosos 8”, constituindo com este filme “F9” e com o próximo “F10” uma trilogia da saga que faz um up scaling à história no sentido de a enviar para o espaço num veículo completamente absurdo e de a envolver com o crime internacional, em que eles, como é óbvio, aparecem sempre como os heróis incontornáveis para salvarem a humanidade e preservarem a família como célula fundamental da espécie.

E como vale tudo, foi descoberto um irmão desavindo a Dom que não há memória de este se ter referido a ele em qualquer dos “Velozes e Furiosos” anteriores, e foram nada menos do que 8. O irmão, Jakob (John Cena), presumidamente terá ajudado a matar o pai de ambos que andava enrascado com algumas dívidas de que se queria ver livre e ao ser descoberto por Dominic, este não mais o quis ver. É com ajuda de flashbacks que o realizador Justin Lin nos revela a justificação para os irmãos desavindos e que nos mostra a transformação de Jakob num mercenário a soldo de qualquer vilão internacional que pague bem, enquanto Dom continua como o melhor mecânico de rua, excelente e ousado condutor de camiões, agente secreto sempre que necessário, além de um patusco entusiasta de churrascos em que reúne a família e amigos para lautas refeições ao ar livre, na fazenda onde se isolou com a sua mulher Letty (Michelle Rodriguez) e seu filho mais novo.

De súbito é visitado pelos membros da sua antiga equipa que o avisa da morte do seu antigo chefe, Mr Nobody (Kurt Russell), pelo temível hacker criminoso Cipher (Charlize Theron) que pretende obter um dispositivo muito importante chamado Ares com propriedades de controlo de todos os computadores do mundo, assim como dos sistemas que eles controlam para obter o controlo absoluto da humanidade. (curiosamente, embora com outro nome é também o objetivo subjacente ao filme comentado anteriormente a este; “O Guarda-Costas e a Mulher do Assassino”, os argumentistas andam com falta de imaginação) Claro que por um motivo tão destruidor, Dom não pode ficar quieto e altruisticamente volta à sua atividade, principalmente para manter a segurança da família e simultaneamente a família mundial a que todos pertencemos.

E como vale mesmo tudo, para encontrar Ares, que está divido em duas partes e precisa de uma chave para se unir, não há como recrutar novos aliados, incluindo ressuscitar Han (Sung Kang), que se estreou em “Velozes e Furiosos 5: Tokio Drift”, morreu em “Velozes e Furiosos 6” e volta agora de novo à vida neste “F9” mostrando-nos como tão intrincada é a mitologia gerada em torno desta saga que mesmo sem um objetivo específico para a intervenção de Han, o ressuscita, principalmente para mostrar que os outros personagens ficaram felizes ao vê-lo.

Para ambientar toda a ação num invólucro coerente temos toda a parte referente à aventura, aos carros conduzidos de modo impossível, aos muitos tiros dados por todos e para todos os lados, aos carros em fuga que se atiram de um precipício e são apanhados em voo por um avião, a um dispositivo super magnético que se ativa e desativa quase por magia e possui efeito remoto porque pode ser ativado à distancia para atrair ou repelir os outros carros e, pasme-se, colocam um Pontiac clássico em órbita através de vários foguetes que lhe são amarrados lateralmente. Uma verdadeira loucura de espetáculo gráfico com o som fabuloso do Dolby Atmos.

Percebe-se ainda que o realizador não se preocupou muito com a ligação da história e compensou isso com vários flashbacks que pretendem tapar os buracos da narrativa, todavia as cenas não dececionam e toda a aventura ganha como o pendor cómico de algumas delas, tornando os personagens tão poderosamente caricaturais que se dão ao desplante de ironizar sobre a sua própria imortalidade. Como já referi noutras situações, “F9” é um género de que não sou adepto, mas reconheço que tenha os seus fans que vão adorar o upgradind conseguido ao longo de todos os 145 minutos de duração.

Estreia nos cinemas a partir de 24 de Junho

Classificação: 6 numa escala de 10

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