19 de maio de 2021

Opinião – “Um Homem Furioso” de Guy Ritchie

Sinopse

Um título autoexplicativo para uma trama centrada na história de "H", um misterioso desconhecido que trabalha para uma empresa de transporte de valores em Los Angeles. A intriga adensa-se quando um desses camiões é assaltado e o protagonista mostra grande habilidade em lidar com os assaltantes, o que lhe traz relevância na empresa e a admiração dos colegas. O que eles não sabem é que “H” vive preso ao passado e está disposto a pôr termo a todos os criminosos da cidade até encontrar quem matou o filho.

Baseado no filme francês “Le convoyeur” de 2004, “Um Homem Furioso” apresenta um elenco de estrelas que inclui Jason Statham, Holt McCallany, Jeffrey Donovan, Josh Hartnett, Niamh Algar, Laz Alonso, Scott Eastwood e Eddie Marsan. O filme é dirigido por Guy Ritchie a partir do argumento de Ivan Atkinson, Marn Davies e Guy Ritchie. Produzido por Bill Block e Atkinson.

Opinião por Artur Neves

A nota mais perfeita neste filme foi a escolha do protagonista, pois adequa-se na perfeição ao que Jason Statham nos tem transmitido ao longo de toda a sua carreira até agora e que constitui a sua imagem de marca. Frieza na acção, distanciamento face aos problemas, foco nos objetivos e calculismo em relação aos problemas.

“Um Homem Furioso” é a adaptação americana feita por Guy Ritchie do thriller francês “Le Convoyer” de 2004 a partir do argumento original de Nicolas Boukhrief e Éric Besnard mas que teve um destino semelhante a outras sequelas desenvolvidas por Guy Ritchie, tais como; “O Agente da U.N.C.L.E.” de 2015 ou “Rei Artur: A Lenda da Espada” de 2017, muito embora seja considerado como realizador preferencial em Hollywood e tenha assinado filmes que contrariam essa preferência injustificada.

Este “Um Homem Furioso” está mais ou menos dentro dessa linha porque apesar de ser um filme com muita acção, protagonizado por um ator que ele mesmo lançou com sucesso há uns 20 anos atrás e que desempenha neste filme um papel credível como durão e incorruptível entra por vezes em sequências em flashback demasiado longas, que são necessárias para a compreensão das motivações, note-se, mas transportam em si algum tédio porque são cenas já usadas anteriormente, vistas de outro ponto de vista que não o actual, não trazendo assim algo de novo.

Adicionalmente a isto, depois de cada evento significativo para o enredo, a história anda para trás e para a frente, avisando o espectador com referências como; “Cinco meses depois” ou “Cinco meses antes” provocando alguma confusão na interpretação dos factos que nos são apresentados, considerando que se trata de recontar episódios com cenas já vistas.

Como se pode esperar de um filme de ação, os diálogos não serão muito elaborados, mas neste caso não só o protagonista utiliza em todo um filme um humor taciturno de muito poucas palavras (“H” – Jason Statham, não se pode queixar de ter um grande papel a decorar) como também as piadas e conversas entre todos os elementos do grupo são grosseiras e de mau gosto. Pelo desenrolar da história nunca temos dúvidas que “H” vai cumprir o objetivo a que se propôs, tal é a previsibilidade do argumento em que “H” parece sempre estar onde não está, a desempenhar um papel secreto, enquanto transporta toneladas de dinheiro e investiga os seus colegas de trabalho sobre outras motivações e outras pessoas.

Salvam-se as cenas de luta contra os ladrões que tentam assaltar os carros de transporte de valores, que constituem a parte mais emocional do filme e as reações dos agentes de transporte face à frieza e eficiência de “H” que não vacila nem erra os tiros que utiliza no combate, todavia sugere-nos a pergunta; “onde é que eu já vi isto…” tal é o efeito repetição, a falta de paixão e a previsibilidade intrínseca da história. Seguramente Guy Ritchie já teve melhores dias e o facto de se ter afastado das suas origens de realizador independente para se render a Hollywood, está associado ao sentimento que esta história nos inspira em que apesar das movimentadas cenas e da ação intensa, não cativa.

Tem estreia prevista nas salas para 20 de Maio

Classificação: 5 numa escala de 10

 

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