Sinopse
Por vezes, o homem em quem
ninguém repara é o mais perigoso de todos…
Bob Odenkirk (vencedor de
dois Emmy®) interpreta Hutch Mansell, um pai e marido negligenciado, que tudo
aceita, sem nunca reclamar. Ele não é ninguém.
Numa noite, dois ladrões
invadem a casa de Hutch e este recusa defender-se a si e à sua família, na
esperança de evitar uma escalada de violência. O filho adolescente, Blake (Gage
Munroe, A Cabana), fica desiludido com o pai e a sua mulher, Becca (Connie
Nielsen, Mulher-Maravilha), parece afastar-se cada vez mais dele. Após o
assalto, a fúria de Hutch desencadeia instintos adormecidos, levando-o por um
caminho que irá trazer à tona segredos mais sombrios e capacidades mortíferas.
Num cenário de luta, armas e derrapagens, Hutch tem de salvar a sua família de
um perigoso adversário e garantir que nunca mais será subestimado.
Opinião
por Artur Neves
Já tínhamos o devaneio
violento de John Wick, que por causa da morte do seu cachorro inicia uma jornada
vingativa com muitos mortos e um rasto de sangue, que já leva três capítulos e
promete, até agora mais dois, sendo um em 2022 e outro em data ainda por
determinar, mas que tem potencial para continuar como todos sabemos, eis senão
quando entra este novo personagem Hutch Mansell (Bob Odenkirk) que por causa de
um assalto a sua casa que ele até permitiu sem se defender, incendeia a sua
personalidade secreta quando descobre que os ladrões levaram também a coleira
do gato de sua pequena filha.
Dito assim o motivo de tanta
pancadaria, mortes e tiros, é leviano e supérfluo mas não deixa de se complicar
até incluir a morte de um senhor do crime russo Yulian Kuznetsov (Aleksei
Serebryakov), que chefiava uma organização para guardar na américa, as fortunas
dos oligarcas russos.
Como se chega a este
desatino só mesmo vendo o filme se pode saber, até porque a história tem
diversos twists que só assistindo se
compreendem e justificam o percurso que o argumentista de John Wick, Derek
Kolstad, deu à história e pelos vistos vai continuar porque estas sagas quando
são despoletadas nunca se ficam por um filme somente e também porque o final de
“Ninguém” já aponta para o futuro.
Até ao desatino de Hutch ele
até se apresenta como um cidadão normal, pacato, muito pacato mesmo, envolvido
nas suas rotinas diárias de trabalho numa empresa em que é sócio com mais dois
amigos, deslocando-se de transporte público, ajudando nas tarefas domésticas,
aliás com êxito reduzido, pouco considerado pelo seu filho adolescente, mas
amado pela sua filha ainda criança e tolerado pela esposa Becca Mansell (Connie
Nielsen) com quem dorme com um travesseiro entre ambos. Até aqui nada nos
revela a sua identidade secreta, ou o segredo que o impediu de responder
adequadamente ao assalto a sua casa, ou a existência e uma raiva reprimida que
depois de libertada nos mostra uma fúria sem limites.
Depois do assalto é que as
coisas se complicam, isto é, Hutch reconsidera a viabilidade da sua pacatez
(que vimos a saber posteriormente; autoimposta) e geram-se várias situações de
alto impacto violento como início da sua nova identidade comportamental, como
aquela cena no interior de um autocarro em que ele, só com as mãos e uma
pequena faca despacha um punhado de arruaceiros entre os quais se encontra o
irmão do oligarca russo, cujo encontro vai ocupar o resto da história e da ação,
com um nível de violência feroz e muitos… muitos tiros por minuto.
“Ninguém” funciona num vazio
de autoridade onde a população da cidade é ignorada ou deixada à mercê de um
bando de fanáticos sociopatas como na cena do autocarro, e tanto Hutch como Yulian
possuem elementos de grupo que cuidam deles, que os apoiam em devastadoras
cenas de luta com uma simulação de inteligência que se esgota na imaginação dos
ataques e das defesas de parte a parte, introduzindo alguma graça em breves
momentos, numa história de autodescoberta individual e reencontro familiar, com
laivos sentimentais que transformam a violência delirante baseada no ódio num
convívio comovente e restaurador de um certa confiança social.
Tem estreia prevista em sala
para dia 27 de Maio
Classificação: 5 numa escala
de 10
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