Sinopse
As férias em família sofrem
uma reviravolta assustadora quando um casal descobre que sua filha desapareceu
sem deixar vestígios. Não parando de a procurar para conseguir encontrá-la, a sua
desesperada busca pela menina leva-os a uma revelação chocante, que os coloca
de frente contra uma verdade que não querem aceitar.
Opinião
por Artur Neves
Com o nome original de “Hour
of Lead” (“Hora de Chumbo” em tradução direta) este filme traz-nos a história
do desaparecimento da filha de 9 anos de um casal que parte alegremente de
férias na sua RV, uma caravana construída na estrutura de um autocarro, para umas
férias num parque situado no Alabama, não muito longe de Tuscaloosa, num aprazível
bosque que confina com um rio. O lugar é de facto fantástico e apetecível, mas
desde a hora da chegada todas as ações e comportamentos dos personagens geram imediatamente
múltiplas perguntas no espectador que eu pergunto se seria necessário começar
tão “a matar”, considerando que nas sequências seguintes muitas incongruências nos
são apresentadas apenas para “matar” o tempo de visionamento que foi projetado
para o filme… mas avancemos…
A história escrita e realizada
por Peter Facinelli, nascido em Queens, Nova Iorque, descendente de imigrantes
italianos, e sem muito curriculum na arte, empola as referências sobre o
desaparecimento do objeto do enredo com o único fim de manter o espectador baralhado,
mas focado nos pormenores que possam trazer tensão e ansiedade à história,
servindo todavia para camuflar o golpe de misericórdia final num twist imprevisível que corporiza
finalmente o grande objetivo do filme.
O casal; Wendy (Anne Heche)
e Paul (Thomas Jane), pais de Taylor (interpretado pela gémeas Kk Heim e Sadie
Haim) a menina misteriosamente desaparecida, apresentam uma relação estranha
entre si e com a diferente maneira com que lidam com a confusão e o trauma
gerado pelo desaparecimento de Taylor. Paul tenta apoiar Wendy na sua dor de
mãe e embora contra a recomendação do Sheriff Baker (Jason Patric), numa
interpretação ressentida e silenciosa para as cenas em evolução, internam-se na
floresta, armados, para procurar Taylor, ou o seu presumível raptor, um
presidiário que anda a monte já perseguido pelas autoridades.
Na sua busca encontram um
campista solitário, a dormir junto a uma fogueira e não fazem a coisa por
menos, dão-lhe um tiro na cabeça para ele dormir para sempre. Quando voltam ao
parque de caravanas as suspeitas agora recaem sobre os vizinhos do lado, um
casal muito suspeito na sua opinião, em que aproveitando a sua saída para se
introduzirem na sua caravana na busca de Taylor, obviamente tudo o que encontram
lhes avolumam certezas sobre a sua culpabilidade. A consistência das suas
conclusões leva-os a uma busca de barco com os vizinhos que apanham a mesma “sorte”
do campista, ele, Eric (Kristopher Wente) morre com um tiro e ela, Miranda (Aleksei
Archer) por afogamento, sem que daí surja qualquer constrangimento ou punição para
os assassinos, ou sequer se fale mais nisso até os corpos serem descobertos
Nesta altura as perguntas
que nos afloram à mente já são tantas que quase só estamos ali para ver o
desfecho daquelas mortes banalizadas, sem motivos que justifiquem a sua ocorrência,
bem como das representações absurdas de pânico, dor e perda dos protagonistas
que afogam as suas penas em tanto sangue inocente. Todavia, a coisa não se fica
por aqui porque o proprietário do parque, Tom (John D. Hickman) que não lhes dispensou
uma receção muito amistosa logo no início (já devia estar a adivinhar o que lhe
sucederia) vai ter a mesma sorte, bem como o seu jardineiro, Justin (Alex
Haydon) que durante todo o tempo apresenta um ar de comprometimento suspeito e
antecipadamente culpado não se sabe bem de quê.
Facinelli não tem limites
nas suspeitas lançados sobre todos seguindo as convenções do suspense e os
tiques do mestre, na medida em que ele também desempenha um pequeno papel
secundário, o Deputy Rakes, mas a milhas de distância do mestre que quer
imitar. Para confundir e baralhar o espectador não se coíbe de revelar detalhes
sórdidos sobre a natureza humana, inclusive sobre o Sheriff Baker que recupera
de um período em que cedeu ao álcool na sua luta contra o sofrimento infligido por
uma tragédia pessoal.
Finalmente, quando Facinelli
nos apresenta uma razão que no contexto anterior da história é impossível de
prever, duas opções se abrem ao espectador; sentir-se despudoradamente
manipulado na sua expectativa ao drama típico da criança desaparecida, ou agradavelmente
surpreendido e recompensado pelo twist
final. Pela minha parte incluo-me no primeiro grupo.
Disponível em streaming na plataforma TVCine Top
Classificação: 4 numa escala
de 10
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