18 de dezembro de 2020

Opinião – “O Amor é uma Aventura” de Dennis Dugan

Sinopse

Pouco depois de ter sido deixada pelo namorado, Jessie English, proprietária de uma florista, é contactada por uma cliente, Liz Rafferty, que lhe pede que organize o seu casamento, que acontecerá dentro de apenas oito dias. Sempre pronta para desafios, Jessie aceita planear o casamento de Liz e do noivo, Robert Barton, contratando para tal Lawrence Phillips (Jeremy Irons), o famoso fornecedor de caterings. Em plenos preparativos do banquete, um dos seus amigos de Lawrence marca-lhe um encontro com uma desconhecida, uma mulher chamada Sara (Diane Keaton) que vem a revelar-se cega.

O irmão de Robert, Jimmy Barton, inscreveu-se num concurso de encontros, devendo permanecer fisicamente ligado à sua parceira Svetlana o máximo de tempo possível de forma a ganharem um milhão de dólares. Entretanto, o Capitão Ritchie, comandante de um barco anfíbio, apaixonou-se por uma das clientes mas não sabe quem ela é ou onde encontrá-la. A única coisa que sabe sobre a rapariga é que ela tem um sapatinho de cristal tatuado no pescoço. Quando Gail Lovejoy, pivot do noticiário local, lhe pergunta se pode fazer uma peça sobre ele e o seu barco anfíbio, este decide que pode ser útil usar a exposição pública para encontrar a sua Cinderela.

À medida que todos estes personagens procuram o seu “final de conto de fadas” perfeito, eles vão descobrir que o amor é confuso, perturbador mas bonito.

Opinião por Artur Neves

O nome original deste filme é “Love, Weding & other Disasters” e está mais adequado á história que nos apresentam do que a uma hipotética aventura prometida no título português. Assim a “aventura” é na realidade um sucedâneo de desastres relacionados por Jessie English (Maggie Grace) aspirante a organizadora de eventos e de casamentos que logo nas primeiras imagens fica sem namorado, Eddie Stone (Dennis Dugan, o realizador) por tentar levá-lo a um salto de para quedas que o homem não queria mesmo fazer.

Se não é uma aventura é pelo menos uma festa, considerando a diversidade de pares que se formam durante a organização do primeiro evento de casamento que Jessie English se propõe realizar por recomendação de uma amiga, para o candidato a perfeito de Boston, Robert Barton (Dennis Staroselsky) com a sua noiva Liz (Caroline Portu) que difere com ele em tudo, ele é sóbrio, ela é divertida e moderna, ele fala preferencialmente de coisas sérias, ela só de trivialidades e de moda.

Na preparação de todos os arranjos necessários para a boda, surgem os outros pares que se vão formando pelas mais variadas razões, tais como, um guia turístico com uma passageira com uma tatuagem de um sapato no pescoço a que ele chamou de Cinderela e ficou siderado, um par formado num reality show televisivo, um músico da banda contratada por Jessie com ela própria e um conceituado organizador de eventos Lawrence Philips (Jeremy Irons) com Sara (Diane Keaton) que foram aproximados por um amigo comum num encontro às cegas. Às cegas mesmo, porque Sara é cega.

Na ligação das cenas temos um género de coro grego, interpretado por Elle King que com um violão, apoiada num banco de jardim de Boston, compõe versos aludindo ao romance em formação que acabámos de ver.

A história não é propriamente hilariante, mas é alegre e jovial, e embora se note alguma falta de sequência no enredo que nos faz pensar como é que Dennis Dugan, com uma carreira de cinema iniciada em 1971, ainda mostra alguma fragilidade no fecho das cenas e em algumas tomadas de vista não muito felizes para enquadrar o tema.

A surpresa reside na presença de Jeremy Irons e Diane Keaton em fim de carreira e sem nada para provar, como é que se meteram numa aventura destas (essa é que é uma aventura) corporizando um casal em que ele é tenso e careta e ela desempoeirada e liberal mas que interpretam cenas falhadas, tão batidas em comédia que já perderam a graça, embora seja de registar a cena em que Jeremy quer experienciar o que é ser cego e venda-se, saindo à rua com a ajuda de Keaton. No contexto é para mim a cena alta do filme.

Como disse anteriormente todo o filme é uma sucessão de desastres, uns mais forçados do que outros, mas o motivo, a busca do amor, a ligeireza dos diálogos e o bem estar que nos acompanha ao longo da história nesta quadra deste ano horribilis esbate alguns dos seus defeitos e torna-o agradável.

Classificação: 5 numa escala de 10

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