Sinopse
Theo (Maleaume Paquin) é um
miúdo de 12 anos cheio de talento que joga num clube de futebol local. Tem
grandes hipóteses de vir a ser profissional, mas também tem um pai que entrou
numa espiral de autodestruição desde que se divorciou e começou a beber, o que
o deixa ansioso e impotente. Theo recusa-se a desistir dele e quando chama a
atenção de um olheiro de um clube inglês importante, vê aí uma oportunidade de
dar um objetivo e alguma esperança ao pai.
No entanto, e apesar do
esforço, Theo não é selecionado o que o leva a mentir ao pai, na esperança de o
deixar feliz e orgulhoso, o que, de facto, acontece. Empenhado em ajudar o
filho a agarrar “uma oportunidade única”, Laurent (François Damiens, o ator
principal de A Família Belier) recupera o gosto pela vida e passa a acreditar
no futuro feliz. Mas a mentira atinge proporções demasiado grandes e Theo perde
o seu controlo…
Será que as mudanças que a
vida de Theo e Laurent verificaram subsistem ao desmoronar desta pequena
mentira?
Opinião
por Artur Neves
Tal como o resumo descrito
na sinopse, trata-se de uma história para toda a família visível numa altura em
que não exista mesmo nada para fazer de mais dinâmico e interessante. O miúdo é
um jeitoso com uma bola nos pés quando confrontado com o resto da sua equipa e
da equipa adversária que o deixa jogar. Decorrente da sua baixa estatura seria
fácil neutralizá-lo mas a história tem de seguir o seu curso e Theo lá consegue
“botar” figura para gaudio do seu pai alcoólico, que não se cansa de lhe
enaltecer as virtudes futebolísticas.
O clube é de aldeia e os
adultos que o enquadram são simples, modestos e diretos à acção que os trás à
cena, começando pelo treinador Claude (André Dussollier) que o trata como um
filho, o chefe da equipa técnica Antoine (Sébastien Chassagne) que mostra mais
interesse em apresentar os seus dotes culinários mal aprendidos num curso online, do que na situação física dos
atletas e acabando no presidente do clube (Pierre Diot) que vê uma oportunidade
de divulgação para o clube na mentira piedosa que Theo forjou, (sem o seu
conhecimento) para não desiludir o seu pai como adepto e seu fan incondicional.
O pai de Theo, Laurent
(François Damiens) é um homem desempregado, brigão, alcoólico, divorciado em guarda
partilhada da custódia do filho, com a mãe que já constituiu outra família. É aqui
que a história atinge algum dramatismo ao abordar um problema actual e cada vez
mais frequente, gerador de conflitos emocionais nos filhos de pais divorciados e
nos próprios pais como em Laurent que nunca mais foi o mesmo desde o divórcio.
A recusa do clube inglês, o
Arsenal, em não contratar Theo por este ser baixo para a idade e fraco de
físico, justifica a mentira de Theo que não tem coragem de dar mais esse
desgosto ao pai. Todavia essa mentira é um incentivo para Laurent que na
expectativa de o acompanhar em Inglaterra, deixa de beber, procura um emprego,
e aluga uma casa para que o filho possa lá morar em condições adequadas á sua
recente contratação pelo clube inglês. É a redenção de um homem desestruturado
para mudar a sua condição de vida embora fundamentada numa mentira que ele e
todos os outros, assumem como verdade.
Para manter a narrativa Theo
tem de continuar a simulação com a ajuda de Max (Pierre Gommé) um miúdo com uma
dependência patológica da Internet, que passa os dias em casa em jogos online e recusa-se a enfrentar o sol e o
dia claro por receio de contaminação pelos ultravioletas. Theo pede-lhe ajuda ao
mesmo tempo que o motiva a largar a sua clausura constituindo uma contribuição
positiva para todos os casos em que esta patologia se torna incurável.
O filme esforça-se por nos mostrar
o ponto de vista das crianças face a problemas que estão fora do seu alcance
mas não tem força, nem motivação séria para nos empolgar ou entusiasmar com o
enredo, ficando-se por uma história de bem-estar em que no final tudo se
resolve.
Classificação: 4,5 numa escala
de 10
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