Sinopse
2049. George Almore (Theo
James), especialista em robots, está à beira de uma descoberta. Instalado num
complexo remoto e secreto, tem trabalhado no modelo dum androide que é um
verdadeiro equivalente humano. O mais recente protótipo deste, o J3, está
praticamente terminado. J3 é o aperfeiçoamento de dois protótipos anteriores, o
J1 e o J2, em que cada um dos quais é uma versão cada vez mais avançada da sua
esposa, Jules (Stacy Martin), que morreu num violento desastre de viação.
Motivado pelo seu amor por
Jules, George desviou secretamente o foco do seu trabalho, desenvolvendo os
robots com o objetivo de criar um simulacro da falecida mulher.
Opinião
por Artur Neves
O local é uma montanha
coberta de neve na China, perto de Kyoto (na realidade o filme foi realizado na
Hungria, num cenário igualmente severo, e digo isto, não para retirar a mística
da história mas simplesmente para reposicionar o filme) onde encontramos uma
instalação de investigação científica de alta segurança, em que George
Almore (Theo James) assume o papel de um one
man show, um lobo solitário da ciência robótica que passou quase três anos
a desenvolver um androide que mais se aproximasse de um ser humano através da
introdução de Inteligência Artificial na sua programação.
Embora o trabalho se encontre
praticamente concluído do ponto de vista técnico, George chegou à fase mais
sensível do trabalho com uma máquina que replica o livre arbítrio da condição
humana, começando a formar os seus próprios desejos diferentes dos do seu
criador, já notados nos protótipos anteriores J1 e J2 que apesar de possuírem uma
forma quadrada, distante da forma humana e de terem ficado paralisados nos
níveis; infantil e adolescente, respetivamente, já experimentam sensações de ciúme
e insegurança, particularmente J2 que questiona diretamente George sobre o seu
distanciamento atual, decorrente do envolvimento com J3 em fase avançada de
realização.
Sendo este o tema principal
da história, esta complica-se quando George mistura no seu trabalho o seu
sofrimento pela perda da sua mulher num desastre de automóvel e pretende encontrar
a imortalidade e a suavização da sua dor, através da programação da
personalidade da sua falecida esposa Jules Almore (Stacy Martin) na consciência
de J3, tornando-a no monstro ciumento de Frankenstein. Esta evolução é
conseguida através de flashbacks sobre
a vida de ambos antes do desastre, dos tempos felizes que passaram, que confere
à história um fundo emocional que nos mostra o que ele perdeu, justificando a
sua vontade de trazê-la de volta.
Gavin Rothery é também o
autor do argumento que não dá respostas ao espectador e pelo contrário até
levanta questões sobre os limites do controlo através da Inteligência
Artificial, sem todavia ensaiar qualquer resposta e adicionar assuntos
periféricos, tais como a vigilância remota do seu trabalho por uma supervisora
mal humorada Simone (Rhona Mitra) e a intervenção de vilões sombrios e
deslocados que presumidamente vêm inspecionar o seu trabalho mas de uma forma
a todos os níveis imprópria para um trabalhador intelectual na área da
investigação robótica. É uma utilização avulsa do ator Toby Jones que definitivamente
não pertence a esta história nem contribui para ela.
O desenvolvimento da
narrativa não é linear, mas para nos fazer entender que ele pretende recuperar
a sua falecida esposa no corpo de um androide talvez isso se justifique. O ambiente
do laboratório foi conseguido em tons de prata serenos que alternam com o
vermelho pulsante no caso de alarme, ou em neons elétricos sempre que o mundo
exterior se intromete no santuário tecnológico isolado de George. A música de Steven
Price (compositor de “Gravidade”) faz o seu trabalho envolvendo a ação em cordas
suaves e sintetizadores nos momentos mais agudos. O enredo prende-nos se tivermos
disponibilidade para o aceitar e isso só se verifica através de um esforço de
vontade durante 109 minutos. A data de estreia está prevista para 26 de
novembro.
Classificação: 5,5 numa
escala de 10
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