Sinopse
Eugene Evans (Finn Cole da
série TV “Peaky Blinders”) e a sua família têm de lutar para manter a quinta em
plena praga de tempestades de areia e de execuções hipotecárias no Texas. Numa
cidade vizinha, cinco civis inocentes são mortos num assalto a um banco, e as
autoridades locais perseguem a assaltante em fuga, Allison Wells (Margot
Robbie). Com a recompensa de 10 mil dólares pela captura de Wells, Eugene
espera impedir a execução hipotecária da quinta. E a tarefa torna-se mais fácil
do que esperado quando Eugene a encontra escondida no celeiro da família.
No entanto, Eugene descobre
que a história dos crimes de Allison é um pouco diferente do que pensava, e que
entregá-la pode não ser a melhor forma de salvar a sua família. Até porque
Allison é bonita e bem-falante, mas, mais do que isso, Eugene começa a apaixonar-se,
pois partilham outra coisa: o sonho de fugirem das suas histórias.
Opinião
por Artur Neves
Cheira a “Bonnie e Clyde” o
casal de bandidos preferido da América, mas este “Dreamland” tem um caminho
próprio a percorrer no âmbito da perda da inocência de Eugene Evans (Finn
Cole), 17 anos, órfão de pai na década de 1930, em plena grande depressão que
ele não compreende para lá dos limites da sua fazenda falida que é parte da maior
catástrofe económica que assola o país. Vive com a sua mãe, Olivia Evans (Kerry
Condon), com a sua meia-irmã mais nova Phoebe (Darby Camp) uma garotinha doce e
corajosa que defende bem o seu personagem e já mais velha narra esta história (dobrada
por Lola Kirke) que lhe pertence por completo. O padrasto, George Evans (Travis
Fimmel) novo marido de sua mãe, de temperamento forte e modos rudes, é ajudante
do xerife na pequena localidade do estado do Texas frequentemente assolada por
tempestades de terra e poeira, muita poeira repleta de produtos tóxicos que
cobrem toda a paisagem e contaminam os campos.
Eugene desperdiça os seus dias
em pequenos furtos com o seu amigo Jo (Stephen Dinh), ou escondido no celeiro,
lendo revistas de quadradinhos com os heróis rebeldes que povoam o seu
imaginário e lhe permitem sonhar acordado com um destino que deseja mas que não
pode prever. A realidade “cai-lhe no colo” na pessoa de Allison Wells (Margot
Robbie com estofo de estrela e co-produtora deste filme, algo distante da exuberância
histriónica de Harley Quinn em “Esquadrão Suicida” que lhe trouxe notoriedade) uma
foragida à justiça na sequência de um assalto a um banco que correu mal e
provocou a morte do seu companheiro, mas que encontra refúgio temporário no
celeiro de Eugene.
Pouco depois Eugene encontra
Allison ferida no celeiro e de imediato a chispa da atração incendeia o seu
coração virgem de sentimentos fortes. Ele trata-a, das feridas, ouve a sua
confissão de inocência relativamente à morte acidental de uma menina durante a
fuga do assalto, bebe as suas palavras com os olhos os ouvidos e o coração que
quer acreditar na sua versão, estando aqui a essência da história centrada na
sedução de Allison por Eugene, que se deixa envolver no seu feitiço.
A história do filme é até bastante
simples não contendo alterações significativas de sequencia nem qualquer moral
especial a reter, pois tudo o que pretende é desenvolver a essência deste
relacionamento acidental que nos apresenta um jovem a lutar entre o certo e o
errado, entre a paixão que Allison lhe sugere só por existir e a honra e os
princípios ensinados em casa. A dicotomia entre a juventude de onde vai emergindo
e a idade adulta que quer iniciar sem a necessária preparação para o fazer.
Esta é a segunda longa
metragem de Miles Joris-Peyrafitte, que com 20 anos nos apresenta uma maneira
notável de filmar ao representar o tempo presente de Eugene no ecrã total e os
seus sonhos, ou os seus desejos de realização em formato caseiro de filme de 8
mm, separando objetivamente o presente do passado ou de um futuro que só
existe nos seus sonhos, podendo até nunca acontecer. Outra nota que sublinho é
a forma de filmar a resposta de Eugene ao chamamento de Allison no chuveiro de
um quarto de motel onde pararam para passar a noite. A câmara só foca Eugene
que se sente confrontado com uma situação nova e só aos poucos vai reagindo,
denunciando toda a sua insegurança pela novidade.
Com estreia prevista para 26
de Novembro é um filme linear que se vê com agrado.
Classificação: 6 numa escala
de 10
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