26 de novembro de 2020

Opinião – “Missão: Vingança” de Eshom Nelms e Ian Nelms

Sinopse

Billy Wenan, um menino rico e mimado de 12 anos, mora com a avó doente e anseia pela atenção do seu pai ausente. Governando a casa com mão de ferro, não revela qualquer remorso quando é cruel para com os empregados. Na manhã de Natal, depois de encontrar um pedaço de carvão na sua meia, Billy decide contratar um assassino, conhecido por Magricela (Walton Goggins), para matar o Pai Natal.

O Pai Natal, também conhecido por Chris Cringle (Mel Gibson), está em plena crise financeira. O número crescente de crianças mal comportadas levou a uma redução do seu subsídio governamental, deixando-o abaixo do seu orçamento atual. Juntamente com a sua esposa, Ruth (Marianne Jean-Baptiste), lutam para manter a oficina aberta e os elfos empregados, mas perante a iminência de rutura, veem-se forçados a assinar um contrato de dois meses com o Exército americano.

À medida que o Magricela se aproxima de Chris, nasce naquele um distorcido sentimento pessoal de vingança pelos presentes que não recebeu na infância, e quando os mundos dos dois colidem, Chris tem de se mostrar à altura da situação para manter vivo o espírito natalício e lutar pela sua própria vida.

Opinião por Artur Neves

Este, é um filme do Natal real. Esqueçam tudo o que se lembram do Natal tradicional, com um Pai Natal gorducho e bonacheirão a viajar de trenó pelos ares (como nos anúncios da Coca-Cola) sobre as casas dos meninos que se portaram bem todo o ano, que merecem os presentes pedidos que ele enfia pela chaminé como o justo prémio do sucesso e do bom comportamento alcançados.

Como podem apreciar pela sinopse que resume a história e da qual não vou falar, não é deste Natal que trata este filme mas antes de um Pai Natal, cansado, frustrado com a evolução do mundo onde já não se encontram meninos dignos de prémio e que justifiquem o seu trabalho e da organização de elfos (???...) que o suporta na fábrica que produz os brinquedos que ele distribuirá depois.

O mundo mudou definitivamente. Durante muito tempo todo o comercio tradicional viveu à custa da imagem do Pai Natal e progrediu com a sua bonomia e boas ações, conduzindo-o ao estado atual de amargura e azedume, ao ponto de mal conseguir pagar as suas despesas e de estar em risco de faltar com o pagamento devido aos elfos (???...) que para ele trabalham e pior do que tudo, vivendo à custa de uma subvenção paga pelo governo americano que pretende reduzi-la devido á crise e à progressiva insignificância do seu trabalho, conduzindo-o à aceitação contratual de transformar a oficina de brinquedos numa fábrica de acessórios para aviões de combate do exército.

Para justificar tudo isto arranja-se um pirralho mimado, com comportamento de tiranete que por ter recebido um torrão de carvão como prenda de Natal, contrata um assassino profissional, de personalidade mal resolvida com a frustração pelo recebimento de prendas em Natais anteriores, que se presta a viajar até ao pólo norte para matar o Pai Natal Chris Cringle (Mel Gibson) que ainda assim, apesar da indigência da história, cumpre escrupulosamente o personagem que lhe incumbiram, pois em tempos de crise real não há oportunidade para recusar trabalho. Outro tanto poderei dizer da mulher do Pai Natal Ruth (Marianne Jean-Baptiste), especialista em tricô e doçaria, esforça-se por animar o espírito natalício do marido e de lhe incentivar a sua anterior vocação de generosidade e calor humano, construindo um personagem generoso e afável sempre pronta a amenizar as suas alterações de humor.

Posso até compreender o objetivo desta história absurda, sem mensagem explícita ou efeito prático objetivo, num mundo em mudança e generalizadamente perigoso… mas por favor, precisamos de férias, pelo menos que uma vez por ano que nos seja permitido sentir uma ilusão de paz, de descontração, que permita baixar as nossas defesas para usufruirmos de um sonho de inocência.

Ainda sem data anunciada para estrear.

Classificação: 3 numa escala de 10

 

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