16 de outubro de 2020

Opinião – “Bill & Ted Salvam o Universo” de Dean Parisot

Sinopse

Em todas as suas atribuladas viagens no tempo, nunca a dupla formada por Theodore "Ted" Logan (Keanu Reeves) e William "Bill" S. Preston (Alex Winter) teve tanto em jogo. Ainda com o seu destino como estrelas de Rock and Roll por cumprir, os dois amigos embarcam numa nova aventura quando uma visitante do futuro os avisa que só a música deles poderá salvar o universo tal como o conhecemos. Durante o caminho, vão ter a ajuda das filhas, de um novo conjunto de personagens históricas e de algumas lendas da música, na busca de uma canção que vai endireitar o mundo e trazer harmonia ao universo.

Opinião por Artur Neves

O presente filme continua a série, 30 anos depois, de; “A Fantástica Aventura de Bill e Ted” de 1989, em que sumariamente pode dizer-se que conta a história absurda de dois adolescentes (os mesmo de agora mas mais novos) aparentemente estúpidos, que partem em busca de elementos existentes no universo, com a ajuda de uma máquina do tempo instalada numa cabine telefónica, que lhes permita preparar a apresentação da história definitiva do universo.

Não satisfeitos com isso, voltaram à carga em 1991 com; “Bill e Ted no outro Mundo” contando outra história absurda de como um tirano com quem se cruzaram no futuro, no anterior filme, criou dois androides duplos de Bill e Ted e os enviou para o passado para eliminarem os Bill e Ted originais, que tinham entrado em conflito com ele.

Deve custar ao leitor que estas histórias possam ter continuação, mas tiveram, e em 2020 aparece este filme, cuja história está descrita na sinopse, em que Bill e Ted estão de volta como dois canastrões em crise de meia idade, como estrelas de rock falhadas que pudessem escrever uma música para unir o mundo numa paz duradoura. É-lhes concedido um tempo pré determinado para a composição, sob pena de colisão entre o passado e o futuro que fará colapsar o mundo.

Curiosamente estas barbaridades novelistas tiveram os seus fans no passado e provavelmente ainda hoje os têm, embora mais velhos, mas ainda com capacidade de se embevecerem com a loucura das suas aventuras em contraste com a lentidão com que os seus heróis se entregam a elas, mas em consciência, esta fórmula não funciona bem por ser demasiado esdrúxula.

Bill e Ted não mudaram nada desde a última vez que os enterrámos no século passado e é estranho ver Keanu Reeves, (Ted) mais conhecido pelas novas gerações como Neo, em “Matrix” ou mais recentemente como John Wick, do que regressar a mais um remake sem justificação para ter acontecido. Outro tanto não digo de Alex Winter, (Bill) que se tem dedicado a realizar documentários e series para a televisão, desconhecendo o que o levou a protagonizar este tão completo desconchavo cinematográfico. Nostalgia?... talvez!...

O argumento tenta atualizar a história introduzindo um robot inenarrável, mas a sua aparição só acentua ainda mais a falta de senso, com um enredo irrelevante que durante 90 minutos anda entre o presente, o passado e o futuro através da cabine telefónica de 1989 sem mudarem a sua essência nem o seu comportamento, desde que os deixámos cristalizados em 1991. A história é confusa levando-nos repetidamente para trás e para a frente no tempo ao encontro de Jimi hendrix em Londres em 1967, Louis Armstrong em 1922 em Nova Orleãs e Mozart em 1782 em Viena, para ajudarem a compor a tal música que há de unir o universo, interpretada por dois fracassados forçados a tocar com a sua banda em bares anónimos a dois dólares por noite.

Mesmo no aspeto formal detetam-se defeitos. Bill e Ted têm filhas; Billie (Brigette Lundy-Paine) e Thea (Samara Weaving) respetivamente, que parecem ter a idade das suas mães, pois estas não envelheceram desde 1991, denotando uma falha de caracterização a juntar a outras fragilidades estilísticas, tais como, referencias a eventos e personagens dos primeiros filmes, tornando difícil compreendê-lo na sua totalidade se essas referencias não forem claras na mente do espectador.

Compreende-se que poderá ser uma jornada nostálgica para os fans dos anos 80, mas nós não temos de levar com eles, nem são mostradas razões para conquistar novos aderentes.

Classificação: 3 numa escala de 10

 

Sem comentários: