Sinopse
A partir da obra-prima de
Dickens, A Vida Extraordinária de Copperfield traz-nos uma visão renovada e
diferente da obra semiautobiográfica do seu autor. Passado na década de 1840, o
filme narra a vida do seu icónico protagonista (interpretado por Dev Patel),
enquanto este se movimenta num mundo caótico, na tentativa de encontrar um
lugar que parece escapar-lhe. Da sua infeliz infância à descoberta do seu dom
como contador de histórias e escritor, o percurso de David – ora hilariante,
ora trágico – é sempre cheio de vida, cor e humanidade.
Opinião
por Artur Neves
Nada de confusões, este
Copperfield nada tem a ver com o “mágico” americano seu homónimo mas antes com
uma obra de ficção escrita por Charles Dickens, lançada em Londres pela editora
Bradbury & Evans em 1850 que narra à maneira de Dickens, com descrições
rápidas e concisas sobre as características dos seus personagens, o seu próprio
percurso de vida desde o nascimento até á idade adulta da publicação do livro,
que viria a torná-lo reconhecido pelos leitores que começavam a aparecer numa
classe de comerciantes e outros agentes sociais que deram origem ao início de
uma classe média burguesa no século XIX em Inglaterra.
O livro terá sido publicado
inicialmente em fascículos, entre Maio de 1849 e Dezembro de 1850, aos quais se
seguiu a publicação da obra completa, escrita na primeira pessoa e relatando os
seus múltiplos contactos com as pessoas que constituíram o seu círculo familiar
e de amigos.
Assim encontramos, entre
outros personagens, a sua mãe Clara Copperfield (Morfydd Clark) descrita como
inocente mas dura, o seu padrasto cruel e violento Edward Murdstone (Darren
Boyd) que após a morte da esposa e do seu filho recém-nascido, o coloca a
trabalhar numa fábrica de que era o principal acionista. A fiel caseira da
família Copperfield Clara Peggotty (Daisy May Cooper) que tratou dele com
carinho na infância, o acompanhou pela juventude e o incentivou a tornar-se
independente. A sua tia excêntrica e temperamental Betsey Trotwood (Tilda
Swinton) que passou a ser sua guardiã, quando ele fugiu da fábrica de Edward
Murdstone. Wilkins Micawber (Peter Capaldi) um homem sensível que estabelece
uma amizade com David e o ajuda, apesar das suas imensas dificuldades financeiras,
sempre perseguido pelos seus credores que reclamavam os empréstimos concedidos.
Mr Wickfield (Benedict Wong) corretor e advogado da sua tia Betsey Trotwood,
que acaba por lhe estropiar toda a fortuna em maus negócios decorrentes do seu
vício em álcool e do seu perverso sócio Uriah Heep, (Ben Whishaw) que por
intervenção de Agnes (Rosalind Eleazar) é descoberto, incriminado por fraude e
preso.
David cai de paixão por Dora
Spenlow (Morfydd Clark, que também interpreta o personagem de Clara
Copperfield) uma menina bela e ingénua mas um pouco lerda, de pele branca e
cabelos louros aos caracóis e embora sinta não ser a pessoa certa casa-se com
ela, que morre após o aborto do que seria o primeiro filho. É a oportunidade da
sensível Agnes, que secretamente o amava há muitos anos e finalmente ambos
descobrem a felicidade que habitava com eles. Casam-se e têm muitos filhos.
O filme é assim esta
multiplicidade de contactos, vivencias, alegrias e tristezas ao sabor da linha
de vida de David Copperfield num registo de comédia, farsa e drama, com
personagens muito vincados, unidimensionais, que se cruzam no tempo de vida e
entretecem esta teia de relações fantasiando o que terá sido a vida de Charles
Dickens vista por ele próprio, através do seu avatar David Copperfield. Não é
um filme com mensagem particular, apenas uma história de ficção sobre um mundo
real já desaparecido que nos distrai durante 120 minutos.
Classificação: 6 numa escala
de 10
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