Sinopse
Farta das infidelidades do
seu marido, Louise (Alexandra Lamy), de 45 anos, parte para um fim de semana na
Córsega. Mas após uma noite selvagem de paixão desenfreada com um homem que
acaba morto, Louise vê-se confundida com uma namorada secreta de longa data
pela temível – mas dedicadíssima – mãe dele (Miou Miou).
Pressionada pelo outro
filho, que inventara uma mítica namorada para o irmão dissoluto com o intuito
de tranquilizar a mãe, Louise acaba por alinhar no jogo para evitar suspeitas.
Mas perante o crescente apego que a “sogra” revela por ela, Louise descobre
mais sobre si mesma do que alguma vez imaginou ser possível... acabando por
ganhar com isso uma família improvável.
Opinião
por Artur Neves
Os franceses sabem contar
histórias de amor de largo espetro, isto é, reportando-nos ao conteúdo da
sinopse que resume todo o enredo da história, a infidelidade do marido Marc (Patrick
Mille) ou a noite de paixão desenfreada de Louise são meros apontamentos
justificativos para tudo o que se vai seguir no aspeto da amizade, respeito
pelas tradições, empatia para quem nos quer bem sem nos conhecer, generosidade
e autoquestionamento sobre as motivações das nossas atitudes que levam a um
conhecimento mais profundo dos sentimentos enquistados por vinte anos de
apagamento emocional.
Quanto a mim, é nesta
vertente que esta história se afirma, embora comece com as trapalhadas
habituais das comédias francesas, nos casais franceses com infidelidades mútuas
e trocadilhos vários, mas que neste filme desembocam no encontro de Louise com Andréa
(Miou Miou, uma atriz nascida em 1950 e com presença no cinema francês desde
1971) no personagem de uma sogra generosa para com a mulher que aturou o seu
filho até esta morte anunciada mas guardada em segredo no seu coração de mãe.
O local da ação é na Córsega,
montanhosa e bucólica, nos arredores de uma aldeia perdida na serra, isolada do
futuro, onde as tradições pontuam e mostram o caminho para todas as relações. A
igreja mostra o sentido da religião, (re ligação) ao altíssimo, embora o padre
esteja preso por atitudes desviantes das práticas que apregoa, mas ainda assim constitui
a referência espiritual de toda a comunidade, mesmo que presida à missa
acompanhado à vista por dois guardas prisionais que nunca o largam.
O café é a sala de reuniões
da aldeia, onde tudo se sabe e se comenta mesmo sem se saber, é o lugar de
opinião, de crítica, de justiça, de decisão para que todo o mal acabe e todo o
bem comece, com fina ironia, com comédia nas cenas mais radicais, realizado e escrito
por Méliane Marcaggi uma atriz e realizadora francesa que tem andado muito pela
televisão e tem neste filme a sua primeira oportunidade de longa metragem que
lhe saiu bem, com sentido, graça, emoção e a subtil provocação duma cultura
ancestral que com ajudas destas têm de evoluir sem contudo perderem a dignidade
que as caracteriza. Muito interessante, recomendo
Classificação: 6 numa escala
de 10
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